São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Entidade, que agora reúne 20 times brasileiros, prega protecionismo a "históricos" e amplia poder
Clube dos 13 cria sua segunda divisão

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Reportagem Local

A última reunião deste ano do Clube dos 13, anteontem, em São Paulo, consolidou a criação de uma segunda divisão dentro da entidade, que reúne os principais clubes de futebol do país.
Com a inclusão de Atlético-PR, Guarani, Lusa e Vitória, confirmada anteontem, o Clube dos 13 passa ter agora 20 associados, mas nem todos deverão ter o mesmo tratamento a partir de 2000.
Os clubes "históricos", os 13 fundadores -Atlético-MG, Bahia, Botafogo-RJ, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco- ampliarão seu poder frente aos demais associados.
Na "segunda divisão" ficam os quatro caçulas mais Coritiba, Goiás e Sport. O Clube dos 13 foi fundado em 1987.
A "estratificação" é mais uma estratégia da entidade para ampliar seu poder, superando a própria CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Além disso, caso seja formada uma liga a partir do Clube dos 13, como defendem seus dirigentes, o que daria início a um novo campeonato nacional, ela deverá reproduzir essa "estratificação".
Na "elite" da liga, livres inclusive das regras de rebaixamento, estariam os "históricos".
Mesmo sem a criação da liga, essa estrutura deveria ser reproduzida, segundo o Clube dos 13, no Campeonato Brasileiro, garantindo o domínio da entidade também nas divisões inferiores -Série B e Série C.
"O Clube dos 13 deve ter 25, 30 times. Os clubes que tiverem condições podem participar. Os clubes de massa podem jogar em outras divisões e estar na entidade. Já os fundadores devem ser absolutamente preservados. Os demais....", diz o vice-presidente da entidade, o deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ).
O presidente do São Paulo, José Augusto Bastos Neto, também defende um novo "inchaço" da entidade, mas com os "históricos" em posição diferenciada devido à sua superioridade econômica. "É uma fase de transição, de ampliação. Outros clubes deverão se juntar ao Clube dos 13", diz ele.
Bastos Neto e seu clube devem ser os novos beneficiados pelo corporativismo dos "históricos" e sua cumplicidade com a CBF.
Apesar de ter recorrido à Justiça comum, por meio de um sindicato de clubes, contra uma decisão do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), o São Paulo não deve ser punido pela CBF, como manda o regulamento da entidade máxima do futebol, a Fifa. Essa é a posição unânime do Clube dos 13.
Já o Gama, segundo a entidade, que também recorreu à Justiça comum contra o TJD, por meio do PFL-DF, deve ser suspenso do futebol por dois anos.
Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, afirma que a entidade já está entre as mais importantes "ligas" do mundo e que deve ter liberdade para atuar.

Dificuldades
Atualmente, dos 20 integrantes do Clube dos 13, apenas dois estão fora da Série A, a primeira divisão do Campeonato Nacional: o Bahia, na Série B, e o Fluminense, na Série C, dois clubes que estão entre os fundadores da entidade.
Se forem mantidas as regras do campeonato para 2000, o Bahia vai permanecer na Série B, pois não conseguiu voltar para a "elite" no quadrangular final da segunda divisão deste ano.
O Fluminense, após o empate em 2 a 2 anteontem à noite contra o Serra, teve suas chances reduzidas de sair da Série C.
Nos bastidores, já se cogita a possibilidade de pressionar a CBF para uma nova "virada de mesa".


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