|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Ex-executivo da Parmalat já considerava modelo ultrapassado
Sinais de fim da parceria
surgiram no final de 99
da Reportagem Local
Há meses já existiam sinais de
que a parceria Palmeiras-Parmalat estava chegando ao fim.
O desmonte do time que venceu
a Taça Libertadores, em 1999, foi
o fato mais alarmante, mas não o
único, e já estava definido antes
mesmo da decisão da Copa Mercosul, no final de dezembro.
No final do ano passado, a Parmalat não renovou contrato com
a empresa que fazia para ela as
pesquisas de retorno de mídia ligado ao futebol para a multinacional, tanto na parceria Corinthians-Batavo, que iria acabar em
14 de janeiro deste ano, como na
Palmeiras-Parmalat.
A pessoas mais próximas, o então presidente da empresa, Gianni Grisendi, vinha dizendo que a
Parmalat já não tinha mais espaço
no futebol atual, controlado pelos
fundos de investimentos.
Mesmo que quisesse, não poderia competir em capital.
Na visão dele, a Parmalat havia
investido no esporte para dar
mais visibilidade à marca e não
para auferir lucros, o que de fato
não houve em todos esses anos.
Mas o modelo estava superado.
Por isso, a solução seria sair. As
notícias de que o Palmeiras negocia uma parceria do estilo HMTF,
com a ISL ou um banco estrangeiro, só dão mais força a essa versão.
A saída de Grisendi apenas precipitou uma situação que vinha se
desenhando aos poucos.
Mesmo sendo palmeirense fanático, o então presidente da Parmalat mostrava, desde o início do
ano, mais carinho pelo Etti-Jundiaí, clube que esperava transformar na versão brasileira do Parma, minúscula agremiação italiana que, após cair nas mãos da
multinacional, transformou-se
num dos maiores clubes da Itália.
Segundo um antigo diretor do
Palmeiras, que trabalhou nos primeiros anos da parceria, a decisão
da Parmalat de contratar jogadores experientes e caros no biênio
98/99 evidenciava que a multinacional queria ganhar a Libertadores, o Mundial interclubes e sair
do Palmeiras por cima.
Essa avaliação coincide com o
discurso da Parmalat nos primeiros anos de co-gestão.
Quando a parceria terminasse, a
empresa pretendia deixar o Palmeiras na melhor situação possível. Só não contava com o tropeço
na partida de Tóquio e a vitória do
Manchester United.
A saída de Grisendi poderá ter
reflexos imediatos no Palmeiras.
Ele tinha muito trânsito no clube e é amigo de várias pessoas que
lá trabalham, especialmente o técnico Luiz Felipe Scolari.
Sem o seu principal apoio político e sofrendo oposição da Mancha Alviverde e do presidente
Mustafá Contursi, Scolari poderá
até antecipar sua saída.
O apoio de Grisendi foi um dos
motivos que levaram Scolari a ficar no clube mesmo após a demissão do seu amigo e auxiliar, o
preparador físico Paulo Paixão.
No final do ano passado, houve
um episódio que desgastou ainda
mais as relações de lado a lado.
Antes ainda da decisão do Mundial interclubes, representantes
da empresa e do clube se reuniram para acertar a contabilidade
comum e a propriedade dos passes dos jogadores -por não poder registrar os jogadores que
possui, a Parmalat os coloca no
Palmeiras, que em troca escritura
uma dívida em favor da empresa.
A Folha apurou que a reunião
foi tumultuada, com vários conselheiros do Palmeiras fazendo
exigências à empresa.
A reunião não chegou a um
consenso em todos os pontos, e os
dirigentes da multinacional ficaram contrariados.
(MARCELO DAMATO)
Colaboraram João Carlos Assumpção e
Fernando Mello, da Reportagem Local
Texto Anterior: O fim da era Parmalat Próximo Texto: Dirigentes dizem ignorar o assunto Índice
|