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MOTOR
Conspirações
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
A Ferrari passeou em Imola, pista em que a Williams
deveria andar mais. A escuderia
correu o suficiente para ganhar
em Interlagos, onde a rival era favorita. Nessas duas corridas, o
F2002 largou três vezes e por três
vezes completou. E, nessas três vezes, alcançou duas vitórias e um
segundo lugar, leia-se, a pontuação máxima. O campeonato acabou? Schumacher vai igualar
Fangio, ser pentacampeão no traçado encolhido de Hockenheim?
Seria fácil dizer que sim, principalmente depois do chatíssimo
GP de domingo. Mas o alemão
pode quebrar outra perna ou, hipótese mais sensata, a Williams
reagir. Aparentemente, há espaço
para isso. O que assusta é o salto
de qualidade dado pela Ferrari
com o decantado novo carro.
Em Imola, uma das duas únicas
corridas que assiste por ano (a
outra é Monza), Rory Byrne, responsável pelo desenho do F2002 e
de todos os outros carros que empurraram Schumacher para quatro títulos, afirmou que a decisão
de adiar o lançamento do modelo
foi simplesmente sensata.
O desenvolvimento do carro, segundo ele, demorou mais do que
o esperado. E a escuderia, então,
se valeu de um expediente normalmente usado por times pequenos: homologar e usar o carro do
ano passado. Isso só foi possível
por causa da trégua de regulamento que as equipes ganharam
da FIA (não haverá mudanças
em chassis e motores até 2004).
Byrne usou a falta de condições
climáticas do inverno europeu como argumento para a estréia tardia. Disse que o carro nasceu
bom, só precisava cumprir um
certo número de distâncias de
corrida para emplacar. Só que a
Williams assustou em Sepang, e o
programa foi acelerado para ter
pelo menos um carro em Interlagos -coluna anterior já explicou
essa dramática maratona.
Tudo deu certo, a Ferrari está
de parabéns. Mas a verdade é que
a estratégia deu dois meses a mais
de testes para o carro novo, algo
que não pode ser desprezado. Isso
já aconteceu? Sim, na temporada
anterior, quando manobra política deu à escuderia italiana uma
carência para a introdução da
eletrônica ativa por quatro corridas ou mais de três meses.
Claro, no ano passado, tal carência foi para todos, mas é consenso que a principal beneficiária
foi a Ferrari, e a principal prejudicada, a McLaren, então tida como a grande rival do alemão.
A natureza da vantagem nesta
temporada é totalmente diferente, mérito do time italiano, que fechou o último campeonato com
um carro que sobrava na pista.
Mas quanto dessa sobra se deveu
ao refresco concedido pela FIA no
começo da temporada?
O leitor ferrarista pode detectar
um certo tom conspiratório nessa
história, mas o fato é que os ingleses estão nervosos com o atual estado de coisas. Desde o GP Brasil,
Patrick Head está com um recurso no forno contra supostas asas e
defletores flexíveis do F2002.
Em Imola, a Williams já teria
detectado até mesmo uma espécie
de assoalho móvel nos carros italianos. A entrada do recurso chegou a vazar para alguns jornalistas, mas, na prática, nada foi
apresentado. Algo emperra a Wil-liams, talvez o recurso também
pronto que a Bridgestone promete desde janeiro contra a concorrente Michelin. E por que desde
janeiro? E por que o pneu francês
não brilhou em Interlagos?
O Mundial não terminou em
Imola. Apenas começou.
Queda livre
Raikkonen, sempre mais rápido que o companheiro, foi obrigado
a parar por "questões de segurança". Coulthard, por sua vez, tomou uma volta de Schumacher. Em outras palavras, exatos US$
287,8 milhões de orçamento tomaram uma volta do alemão. A
McLaren desta temporada é um verdadeiro fiasco. A Renault já é o
terceiro time do Mundial.
F-Renault
A Renault, aliás, estréia a versão brasileira de sua fórmula neste final de semana, em Curitiba. O campeão ganha orçamento para
correr na Europa. Enfim algo novo no automobilismo nacional.
GP Brasil
Max Mosley esteve na Itália e foi claro. Sem publicidade de cigarro,
o próximo GP Brasil corre risco. Aqui, a discussão só deve começar
após as eleições. Para não causar constrangimentos.
E-mail mariante@uol.com.br
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