FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

Michael Schumacher superou ontem muito mais do que a pressão dos "tifosi", da imprensa italiana, dos rivais, das estatísticas. Com o irmão, Ralf, passou por cima de um drama familiar.
A mãe dos dois, Elizabeth, 55, está em coma induzido em um hospital de Colônia, na Alemanha. Sofrendo uma hemorragia interna -a causa não foi revelada-, ela foi submetida a uma cirurgia na sexta-feira. Até a manhã de ontem, seu estado era descrito pelos médicos como "estável".
Dependendo do que ocorresse entre ontem e hoje, a primeira fila do grid de Imola pode até ficar desocupada -Michael conquistou a pole, seguido pelo caçula. Após a sessão, os dois viajaram para acompanhar o atendimento à mãe. Se tudo corresse bem, voltariam para a Itália nesta manhã.
Antes do treino oficial para o GP de San Marino, circularam rumores de que os dois desistiriam da sessão. Não aconteceu.
E, na pista, os irmãos Schumacher dominaram o treino classificatório para a quarta etapa da F-1.
Michael, da Ferrari, cravou 1min22s327 e fez sua 52ª pole. Ralf, da Williams, ficou a 0s014.
O brasileiro Rubens Barrichello ficou com a terceira colocação.
Assim que a sessão acabou, os três concederam uma rápida entrevista coletiva. Na sequência, às 10h40 (de Brasília), Michael, Ralf e suas mulheres deixaram o paddock para embarcarem no jatinho do ferrarista rumo a Colônia.
No pouco que falaram, os irmãos limitaram-se a comentar o treino. "Sabíamos que o carro do ano passado ainda podia ser veloz", afirmou o pole position, sobre o modelo F2002, que deve ser aposentado após o GP de hoje.
Quando um jornalista italiano pediu uma palavra sobre o estado da mãe, Michael abaixou a cabeça e respondeu: "Por favor, não espere nenhuma resposta agora".
O drama de Elizabeth Schumacher é o pior golpe no já complicado início de ano dos irmãos.
Após dominar os últimos dois campeonatos, Michael, 34, pentacampeão da F-1, é apenas o oitavo colocado no Mundial. Em três corridas, cometeu erros e não subiu ao pódio nenhuma vez.
Ralf, 27, também não conseguiu chegar entre os três primeiros colocados em nenhuma corrida e é o nono do campeonato. Para piorar, está envolvido em processos contra uma revista alemã que o chamou de homossexual e que publicou fotos de sua mulher, Cora, com um suposto amante.
Caso os dois não participem da corrida, seus lugares não poderão ser ocupados pelos pilotos reservas Luca Badoer (Ferrari) e Marc Gené (Williams). Pelo regulamento esportivo da categoria, o prazo para substituições se encerra no treino classificatório.
Foi a sétima dobradinha dos irmãos Schumacher na primeira fila de um grid, a primeira desde o GP da Alemanha do ano passado.