São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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VÔLEI

O retorno

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

E sta temporada é especial para o mundo do vôlei: Júlio Velasco, o técnico que construiu o império italiano, está de volta.
Este mês, ele está estreando oficialmente no comando da República Tcheca. O time vai disputar o Torneio da Primavera, em Brno, e depois fará cinco amistosos contra os Estados Unidos.
É uma seleção para se observar com atenção. Os tchecos não vão participar da Liga Mundial, competição que a partir de 28 de junho vai reunir a elite do vôlei.
Eles vão fazer uma preparação paralela para o Campeonato Mundial, que será disputado a partir de setembro, na Argentina.
O certo é que Velasco, dono de dois títulos mundiais e cinco da Liga pela Itália, não iria pegar qualquer seleção para dirigir. E a República Tcheca definitivamente não é qualquer seleção. Foi a surpresa no último Campeonato Europeu. Ficou atrás apenas de Iugoslávia, Itália e Rússia.
A equipe deu trabalho na decisão da medalha de bronze com a Rússia: só foi se render no quinto set, com uma derrota por 15 a 12. Imagine agora com o comando de Velasco. Também não dá para esquecer que é um país com tradição no vôlei: como Tchecoslováquia, foi duas vezes campeão mundial, em 56 e 66.

O tricampeonato brasileiro, conquistado pelo Telemig/Minas, deixou uma questão no ar: até que ponto a falha da arbitragem, ao assinalar bola fora o que seria um "ace" do levantador Joel, influenciou no resultado? O Banespa poderia ter empatado o jogo em 8 a 8 no quinto set.
O certo é que depois desse lance, o time paulista se desestabilizou de tal maneira que só conseguiu marcar mais um ponto no set. Apesar disso, não dá para deixar de reconhecer: o título ficou em boas mãos. O Minas fez a melhor campanha do torneio, é a base da seleção e tem um grande técnico.
O clube carrega uma tradição no vôlei rara de se encontrar no Brasil. Gerações de uma mesma família se sucedem no time. Um exemplo é o central Henrique. Ele é sobrinho do ex-levantador Hélder, titular da equipe do Minas que nos anos 80 também conquistou três títulos brasileiros.
Outro exemplo é Cebola, o atual técnico. Na década de 80, era um dos atacantes do time, comandando na época pelo sul-coreano Young Wan Sohn. Há três anos, é o comandante da equipe. Na última quinta-feira, como aconteceu há 16 anos, novamente pôde gritar: "é tricampeão".
O Minas foi o vencedor, mas o grande personagem foi Giovane, do Banespa. Galã do vôlei, esqueceu a vaidade e raspou a cabeça com a máquina zero. Disse que as finais seriam uma guerra e fez o corte de um guerreiro.
No último jogo, a imagem mais marcante foi a dele. Quando a equipe perdia por 11 a 8 no tie-break, arriscou um "jornada nas estrelas", criação do ex-jogador Bernard. Falhou feio. A intenção dele, que havia treinado esse saque e contava em acertar, era dar novo ânimo ao time e desestabilizar o adversário.
Acabou conseguindo o contrário. O seu time não foi campeão, mas Giovane foi o maior pontuador do torneio: 386 pontos em 27 jogos, quase 15 por partida. Esta semana deve decidir seu futuro: Banespa ou Suzano. De toda maneira, foi um personagem que deu um pouco de graça em uma Superliga tão comportada.

Italiano
O Bergamo é o novo campeão italiano. O time conquistou o título ao vencer o Novara por 3 sets a 0 na quarta partida decisiva da série de cinco. A equipe do Bergamo tem como principais destaques a levantadora Maurizia Cacciatori e a norte-americana Keba Phipps. As duas vivem momentos opostos atualmente. Musa da seleção italiana, Cacciatori não foi convocada. Já Phipps, há tempos afastada da seleção, está relacionada entre as jogadoras inscritas pelos EUA na Volley Masters.

Argentino
Aos 39 anos, o argentino Hugo Conte continua com a bola toda. O seu time, o Rojas, conquistou o título nacional de clubes da Argentina. Conte fez parte da seleção medalha de bronze no Mundial de 1982 e nos Jogos de Seul em 1988. Agora o jogador se prepara para mais um grande desafio: disputar o Mundial, em setembro, na Argentina.

E-mail cidasan@uol.com.br



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