São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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TÊNIS
Na reta final

THALES DE MENEZES

A semana passada caiu bem na preparação de Gustavo Kuerten para a disputa do torneio de Roland Garros, a partir da próxima segunda-feira.
Muita gente torceu o nariz para o primeiro set do brasileiro diante de Marcelo Ríos, na semifinal do Torneio de Roma. Compreensível, já que ninguém gosta de tomar 6/0. Mas foi o único mau momento de uma bela temporada italiana.
Kuerten fez na semana passada exatamente aquilo que os fãs de tênis podem desejar dele: jogar bem, despachando os adversários em pior colocação no ranking, e bater bola de igual para igual com os maiorais.
Ora, se perder faz parte do jogo, perder de Marcelo Ríos na atual fase do chileno é a coisa mais normal ainda. Kuerten tomou um susto no primeiro set, mas equilibrou as coisas no segundo e exigiu um desempenho impecável de Ríos.
Quando Kuerten cruza com outro "top ten", nenhuma derrota merece críticas. O que é difícil de aceitar é o tipo de derrota apática, frouxa, que cruzou o caminho de Kuerten em alguns torneios. Como, por exemplo, aquela diante de Carlos Costa, em Barcelona.
É bom o brasileiro entender que a mesma imprensa que reconhece seu status de jogador de primeira linha tem o direito de condenar seu fraco desempenho em confrontos com tenistas de nível inferior.
Repetindo: Roland Garros não vai ser fácil. A pressão é desumana. Os franceses demoram a gostar de alguém, mas quando gostam, não é mole.
Sem um bom tenista francês para receber seu apoio, a atenção total da torcida irá para Kuerten. Resta saber se o brasileiro vai conseguir tirar proveito disso. Caso contrário, pode ser vítima desse assédio.
Com toda essa pressão, uma derrota não será surpreendente. O importante é Kuerten ter estrutura para seguir a carreira.
Mas um novo título seria um calaboca geral na crítica, não?

NOTAS

Coadjuvante de luxo
Fernando Meligeni chega a Roland Garros numa ótima fase. Duas finais seguidas em torneios Challenger colocaram o segundo tenista brasileiro perto dos "top 50" e deram mais ânimo para o Aberto da França. Meligeni não esconde que o torneio francês é sua competição favorita no circuito. E ele está numa posição bem diferente da de Kuerten. Jogando solto, sem pressão, Meligeni pode surpreender.

Pátria de raquetes
Computadas todas as chaves de Roland Garros, incluindo qualifying e juvenil, um em cada dez tenistas no torneio francês é espanhol. Considerando apenas as chaves masculinas, a fatia da Espanha sobe para 3 tenistas a cada 20. Caramba!

Puro palpite
Como todo mundo adora futurologia, esta coluna aposta em Alberto Berasategui. Vice em Roland Garros-94, o espanhol está numa fase ótima.



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