RODRIGO BUENO
Demorou 500 anos para o Brasil descobrir a América?
O sucesso dos clubes brasileiros nos torneios continentais após 1992 foi, merecidamente, decantado na semana que passou. Mas, mais uma vez, ficou só a versão do vencedor (a América é uma prova viva de que a história é escrita pelos vencedores).
Continuamos lendo que o Brasil não se importava com a Libertadores e a Copa América, competições agora em voga.
Histórica e geograficamente, é vero que nosso país sempre deu as costas para os vizinhos, o que pode ter contribuído para um temporal descaso com os torneios acima citados.
Mas é verdade também que a ""Academia" de Ademir da Guia e Dudu fracassou ao tentar, em 1968, o título que o rústico Palmeiras de Luiz Felipe obteve.
O que ninguém discutiu ainda é a condição dos atuais derrotados. O Brasil ascendeu mais do que o Uruguai descendeu?
O Peñarol, por exemplo, foi capaz nos anos 60 de impedir o mítico Santos, com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, de ser tricampeão da Libertadores.
E, nos 90, conseguiu perder de 6 a 1 na final da Copa Conmebol do ""Expressinho" do São Paulo.
Os argentinos abraçaram de vez a Europa nos últimos anos, cedendo seus talentosos jogadores, ainda jovens, e adaptando até seu campeonato nacional com o calendário europeu.
E lendas da década de 60, como o Racing, são hoje só lendas.
A Libertadores viu nos últimos anos, além da hegemonia brasileira, campanhas destacadas de times outrora modestos, como Sporting Cristal (Peru), Barcelona de Guayaquil (Equador) e Deportivo Cali (Colômbia).
E a Copa América, pela segunda vez consecutiva, é encarada com seriedade apenas pelo Brasil e pelo país anfitrião.
A América continua a mesma, muito receptiva para aqueles que a priorizam. E seus colonizadores continuam os mesmos, ignorando e diminuindo os que antes dominavam as terras.

Notas
Libertadores?
Está garantida financeiramente só até o ano 2000. O contrato com a Toyota termina, e a empresa estuda ainda uma renovação (apenas por um ano).

Copa Conmebol?
Foi adiada (e pode não rolar).

Copa Merconorte?
Ficou mais uma vez sem os clubes de México e EUA.

Copa Mercosul?
Ficou com os mesmos 20 times, inclusive o falido Racing.

Supercopa?
Foi abortada (não voltará).

Recopa?
Por depender da Supercopa, foi abortada por tabela.

Outras copas?
Devem acabar: Copa Master, Copa Master da Conmebol, Copa Ouro, Copa Ibero-Americana e Copa Interamericana.


E-mail rbueno@folhasp.com.br


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