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REMO
País-sede termina com medalha de prata e retrocesso
Na última prova, brasileiros conquistam pódio, mas não
salvam campanha, inferior à de Santo Domingo-2003
Sem nenhum ouro na lagoa,
remadores chegam a ir às
lágrimas reclamam até da
preparação feita para
atuar nos Jogos cariocas
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A última medalha foi heróica,
mas o resultado final foi um retrocesso para o esporte que dominava a paixão do carioca antes do futebol, numa lagoa cercada por clubes de regatas.
O oito com timoneiro do Brasil ganhou a prata na última
prova, atrás dos EUA. Mas, somada aos bronzes do skiff simples e do dois sem timoneiro, a
participação nacional caiu em
relação a Santo Domingo-03.
O atual número de medalhas
é bem inferior ao obtido no último Pan, quando o remo trouxe quatro pratas e dois bronzes.
Decepção visível no pranto
de Fabiana Beltrame, após o último lugar na final do quádruplo skiff. "Não quero culpar
ninguém. Sou atleta, faço tudo
o que mandam, mas a gente trabalhou pra caramba e o resultado foi um lixo. Temos que repensar a preparação."
Menos mal que o último ato,
a prova do oito com timoneiro,
lavou a alma. O barco comandado por Nilton Alonço, 58, o
Gauchinho, fechou a raia sem
dar chances à embarcação dos
rivais argentinos, que cruzou
em terceiro, 6s27 depois.
Quebrando o protocolo do
cerimonial, a grande platéia do
Estádio de Remo fez questão de
cantar o Hino Nacional,
honraria reservada apenas aos
campeões pan-americanos.
Alguns remadores, como Gibran Cunha, desabafaram. Ele
estava no quatro sem timoneiro que ficou em último anteontem. "Fiquei mal, bem tenso,
mas, de tarde, relaxei. Era página virada. Quando a gente viu a
lagoa mexida pelos ventos, marolada, sabia que dava para ir
bem", afirmou o remador, lembrando que os EUA são os
atuais campeões olímpicos.
O oito com timoneiro foi
também o fecho de ouro do plano de Beto Nascimento, 36, e
Alexandre Ribas, 35. Os dois
haviam se aposentado do remo
em 1995, mas o Pan fez com que
ambos voltassem.
"Falamos com a confederação, e eles disseram que estavam precisando de gente. Então, voltamos", disse Beto. "O
Brasil tem talento, dá para crescer, mas estamos vivendo uma
entressafra no remo", completou ele, que voltou ao se dedicar
ao remo apenas em 2005.
O barco contou com os medalhistas de bronze da última
terça, Anderson Nocetti e Allan
Bittencourt (dois sem timoneiro) e Marcelus Marcili (skiff
simples), além de Leandro Tozzo e Renan Castro.
Para Gauchinho, que estava
no Pan de 87, quando o Brasil
conquistou seu último ouro na
disciplina, é preciso renovar a
equipe. "Seria ótimo poder formar um oito fixo, sem ter que
misturar. A palavra é renovação, e em quantidade", disse.
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