São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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REMO

País-sede termina com medalha de prata e retrocesso

Na última prova, brasileiros conquistam pódio, mas não salvam campanha, inferior à de Santo Domingo-2003

Sem nenhum ouro na lagoa, remadores chegam a ir às lágrimas reclamam até da preparação feita para atuar nos Jogos cariocas

MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A última medalha foi heróica, mas o resultado final foi um retrocesso para o esporte que dominava a paixão do carioca antes do futebol, numa lagoa cercada por clubes de regatas.
O oito com timoneiro do Brasil ganhou a prata na última prova, atrás dos EUA. Mas, somada aos bronzes do skiff simples e do dois sem timoneiro, a participação nacional caiu em relação a Santo Domingo-03.
O atual número de medalhas é bem inferior ao obtido no último Pan, quando o remo trouxe quatro pratas e dois bronzes.
Decepção visível no pranto de Fabiana Beltrame, após o último lugar na final do quádruplo skiff. "Não quero culpar ninguém. Sou atleta, faço tudo o que mandam, mas a gente trabalhou pra caramba e o resultado foi um lixo. Temos que repensar a preparação."
Menos mal que o último ato, a prova do oito com timoneiro, lavou a alma. O barco comandado por Nilton Alonço, 58, o Gauchinho, fechou a raia sem dar chances à embarcação dos rivais argentinos, que cruzou em terceiro, 6s27 depois.
Quebrando o protocolo do cerimonial, a grande platéia do Estádio de Remo fez questão de cantar o Hino Nacional, honraria reservada apenas aos campeões pan-americanos.
Alguns remadores, como Gibran Cunha, desabafaram. Ele estava no quatro sem timoneiro que ficou em último anteontem. "Fiquei mal, bem tenso, mas, de tarde, relaxei. Era página virada. Quando a gente viu a lagoa mexida pelos ventos, marolada, sabia que dava para ir bem", afirmou o remador, lembrando que os EUA são os atuais campeões olímpicos.
O oito com timoneiro foi também o fecho de ouro do plano de Beto Nascimento, 36, e Alexandre Ribas, 35. Os dois haviam se aposentado do remo em 1995, mas o Pan fez com que ambos voltassem.
"Falamos com a confederação, e eles disseram que estavam precisando de gente. Então, voltamos", disse Beto. "O Brasil tem talento, dá para crescer, mas estamos vivendo uma entressafra no remo", completou ele, que voltou ao se dedicar ao remo apenas em 2005.
O barco contou com os medalhistas de bronze da última terça, Anderson Nocetti e Allan Bittencourt (dois sem timoneiro) e Marcelus Marcili (skiff simples), além de Leandro Tozzo e Renan Castro.
Para Gauchinho, que estava no Pan de 87, quando o Brasil conquistou seu último ouro na disciplina, é preciso renovar a equipe. "Seria ótimo poder formar um oito fixo, sem ter que misturar. A palavra é renovação, e em quantidade", disse.


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