UOL


São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS

Era uma vez..

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Em uma terra não muito distante, vivia um garoto chamado Maxime. Com 16 anos, Maxime morava com seus pais e sua irmã em Dax, cidade no sul de seu país. Além de estudar, gostava de brincar com seus amigos e de jogar tênis. Era feliz e saudável.
No clube, onde toda a turma se dava bem e jogava tênis quase todos os dias, Maxime era considerado um dos melhores. Era tão bom que disputava torneios fora de sua cidade. Viajava e jogava contra outros bons tenistas de seu país. Chegava a várias finais, mas não era sempre que conseguia sair com o troféu de campeão.
Isso deixava muito irritado o pai de Maxime, o senhor Christophe. Aparentemente inofensivo, o senhor Christophe queria muito que Maxime fosse o melhor jogador de tênis do clube, da cidade, da região, de todo o país, do mundo! Queria que Maxime fosse como sua irmã Valentine, que, aos 13 anos, já era a melhor de sua idade naquele país.
Ao ver o pequeno Maxime sofrer mais uma derrota em uma final, o senhor Christophe ficou furioso e decretou: ele seria um dos melhores, por bem ou por mal.
A partir de então, como em um passe de mágica, Maxime começou a passar com facilidade pelos adversários. Mesmo contra tenistas mais fortes, Maxime, depois de um início de jogo equilibrado, sempre conseguia dominar seus rivais e ganhar. Em alguns casos, o adversário nem conseguia correr atrás das bolas e acabava desistindo da partida, exausto.
O senhor Christophe ficou exultante com os resultados que o filho obtinha. E, assim, continuava a ajudar o futuro campeão.
Tudo ia bem até que um dia um rival de Maxime flagrou o senhor Christophe mexendo em suas coisas, segurando uma garrafa de água. Desconfiado, o adversário levou à polícia aquela garrafa de água com um gosto estranho.
Um exame feito perto de Dax confirmou a presença de um forte antidepressivo e outros remédios naquela água. A suspeita caiu sobre o senhor Christophe. Logo depois, um outro adversário de Maxime teve de desistir no meio do jogo, alegando mal-estar. A caminho de casa, dormiu ao volante e bateu seu carro contra uma árvore. Morreu na hora.
Exames no corpo mostraram traços de antidepressivos, calmantes e outros remédios. O senhor Christophe acabou confessando que, para ajudar o filho a ser um campeão no tênis, envenenava quem estivesse pela frente.
Com um jovem tenista morto, outro internado em estado grave e quase uma dezena se dizendo vítima do envenenamento, chegou ao fim a história do senhor Christophe. Em vez de ver o pequeno Maxime campeão em Roland Garros, muito provavelmente ele verá da cadeia as próximas 20 edições do torneio.
 
Por mais irreal que pareça, a história aconteceu na França e foi revelada neste mês. A figura do pai ainda, infelizmente, têm mais espaço do que o recomendável. Basta ver o senhor Dokic, o senhor Williams... Pais com a mentalidade de Christophe existem em todo lugar. Inclusive aqui.

Novo homem em ação
Andy Roddick: dois títulos de Masters Series em duas semanas, 29 vitórias em 31 partidas sob o comando de Brad Gilbert, cinco títulos em oito torneios, número um da Corrida.

Garota em ação
Maria Fernanda Alves disputa o qualifying do Aberto dos EUA. Precisa ganhar três jogos para ter uma das 128 vagas na chave principal.

Meninos em ação
A Pousada do Rio Quente, em Caldas Novas (GO), recebe nesta semana um torneio future com bons jogadores e partidas disputadas. E no Costa Verde Tênis Clube, em Salvador, vai até domingo a quinta etapa do Grand Slam Infanto-Juvenil, promovido pela CBT.

E-mail reandaku@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis: Guga vence eslovaco e encerra série negativa
Próximo Texto: Futebol - Tostão: Revelação do campeonato
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.