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TÊNIS
Era uma vez..
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Em uma terra não muito distante, vivia um garoto chamado Maxime. Com 16 anos, Maxime morava com seus pais e sua
irmã em Dax, cidade no sul de seu
país. Além de estudar, gostava de
brincar com seus amigos e de jogar tênis. Era feliz e saudável.
No clube, onde toda a turma se
dava bem e jogava tênis quase todos os dias, Maxime era considerado um dos melhores. Era tão
bom que disputava torneios fora
de sua cidade. Viajava e jogava
contra outros bons tenistas de seu
país. Chegava a várias finais, mas
não era sempre que conseguia
sair com o troféu de campeão.
Isso deixava muito irritado o
pai de Maxime, o senhor Christophe. Aparentemente inofensivo, o
senhor Christophe queria muito
que Maxime fosse o melhor jogador de tênis do clube, da cidade,
da região, de todo o país, do mundo! Queria que Maxime fosse como sua irmã Valentine, que, aos
13 anos, já era a melhor de sua
idade naquele país.
Ao ver o pequeno Maxime sofrer mais uma derrota em uma final, o senhor Christophe ficou furioso e decretou: ele seria um dos
melhores, por bem ou por mal.
A partir de então, como em um
passe de mágica, Maxime começou a passar com facilidade pelos
adversários. Mesmo contra tenistas mais fortes, Maxime, depois
de um início de jogo equilibrado,
sempre conseguia dominar seus
rivais e ganhar. Em alguns casos,
o adversário nem conseguia correr atrás das bolas e acabava desistindo da partida, exausto.
O senhor Christophe ficou exultante com os resultados que o filho obtinha. E, assim, continuava
a ajudar o futuro campeão.
Tudo ia bem até que um dia um
rival de Maxime flagrou o senhor
Christophe mexendo em suas coisas, segurando uma garrafa de
água. Desconfiado, o adversário
levou à polícia aquela garrafa de
água com um gosto estranho.
Um exame feito perto de Dax
confirmou a presença de um forte
antidepressivo e outros remédios
naquela água. A suspeita caiu sobre o senhor Christophe. Logo depois, um outro adversário de Maxime teve de desistir no meio do
jogo, alegando mal-estar. A caminho de casa, dormiu ao volante e
bateu seu carro contra uma árvore. Morreu na hora.
Exames no corpo mostraram
traços de antidepressivos, calmantes e outros remédios. O senhor Christophe acabou confessando que, para ajudar o filho a
ser um campeão no tênis, envenenava quem estivesse pela frente.
Com um jovem tenista morto,
outro internado em estado grave
e quase uma dezena se dizendo
vítima do envenenamento, chegou ao fim a história do senhor
Christophe. Em vez de ver o pequeno Maxime campeão em Roland Garros, muito provavelmente ele verá da cadeia as próximas
20 edições do torneio.
Por mais irreal que pareça, a
história aconteceu na França e foi
revelada neste mês. A figura do
pai ainda, infelizmente, têm mais
espaço do que o recomendável.
Basta ver o senhor Dokic, o senhor Williams... Pais com a mentalidade de Christophe existem
em todo lugar. Inclusive aqui.
Novo homem em ação
Andy Roddick: dois títulos de Masters Series em duas semanas, 29 vitórias em 31 partidas sob o comando de Brad Gilbert, cinco títulos
em oito torneios, número um da Corrida.
Garota em ação
Maria Fernanda Alves disputa o qualifying do Aberto dos EUA. Precisa ganhar três jogos para ter uma das 128 vagas na chave principal.
Meninos em ação
A Pousada do Rio Quente, em Caldas Novas (GO), recebe nesta semana um torneio future com bons jogadores e partidas disputadas. E
no Costa Verde Tênis Clube, em Salvador, vai até domingo a quinta
etapa do Grand Slam Infanto-Juvenil, promovido pela CBT.
E-mail reandaku@uol.com.br
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