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São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

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FUTEBOL

Revelação do campeonato

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Após várias semanas sem atuar bem fora do Mineirão, mesmo com Alex, o Cruzeiro voltou a brilhar, contra a Ponte Preta. Ainda é cedo para se afirmar, mas o novo centroavante contratado, Márcio, poderá minimizar a falta do Deivid.
Enquanto o Cruzeiro contrata três atacantes para substituí-lo (um deve dar certo), o Santos insiste numa grosseira improvisação ao escalar o volante Fabiano no lugar do Ricardo Oliveira.
Com a saída do Nenê, Robinho volta ao time. Ele não é e dificilmente será o grande craque que muitos achavam, porém é um excelente jogador, com chances de evoluir. Para isso, Robinho precisa encontrar o seu lugar e jeito e jogar. Após ser endeusado e criticado, o jogador perdeu a identidade. Não sabe se dribla, passa ou finaliza e se fica na ponta ou vai para o meio. Está confuso.
Para ser um forte candidato ao título do Brasileiro, o São Paulo precisaria de Ricardinho, Kaká e Luis Fabiano. A diretoria e a comissão técnica do São Paulo e parte da imprensa não deveriam tratar o Luis Fabiano como um bom menino, irrequieto. Ele parece gostar disso. Fala do assunto sorrindo, como se fosse charmoso, diferente.
Há muito tempo que Luis Fabiano joga bem, faz gols e também prejudica a equipe com suas expulsões e suspensões. Se continuar assim, nunca será um atleta confiável e nem vai se destacar na seleção brasileira. Pena!
Internacional e Coritiba são também candidatos ao título. Não são duas equipes apenas disciplinadas taticamente e bem treinadas; têm também excelentes jogadores, como Tcheco, Adriano, Claiton, Diego, Nilmar, Daniel Carvalho (está contundido) e outros.
Se Alex é o craque do campeonato, Nilmar é a revelação (18 anos). É um centroavante fino, habilidoso, técnico, criativo e de toques bonitos e eficientes. Finaliza bem com os pés e com a cabeça. Se Nilmar jogasse no Rio ou em São Paulo, seria hoje endeusado e chamado de craque, o que ainda não é. Tem tudo para ser.

Há quarenta anos
Antes do Fla-Flu de domingo, foram homenageados os jogadores que atuaram na final de 63, partida que teve mais de 170 mil pessoas. Na época, também estava presente no Maracanã. Não no gramado, mas na arquibancada.
Eu tinha 16 anos e iniciava a carreira profissional. Fui ao Rio, pela primeira vez, de ônibus, com três amigos para assistir à partida e conhecer a cidade.
Voltei babando, não com o jogo e sim com a cidade maravilhosa e a festa no maior e mais charmoso estádio do mundo.
Domingo, o Flamengo foi menos ruim do que o Fluminense. O problema principal do Flu não é a má fase, falta de confiança ou desorganização tática. O time é ruim. Até o Joel, que quase sempre deu um bom padrão tático às modestas equipes que dirigiu, está assustado.
Alguém ligado ao Flu disse que o time não é tão fraco e é melhor individualmente do que o Inter e o Coritiba. Por causa dessa arrogância, falta de planejamento e desconhecimento, o Flu e outros times do Rio não decolam.
O talentoso Carlos Alberto está perdido no time do Fluminense. Pior, muitos trataram a sua insônia, tensão e outros sintomas recentes como probleminha nervoso ou frescura. A diretoria e a comissão técnica precisam esclarecer o fato e pedir ajuda de quem entende do assunto.
Os atletas não possuem somente músculos, ossos, tendões, etc; eles também têm alma.

Craque do mundo
Kaká foi para o Milan. Diego também pode sair. Desse jeito, só ficarão aqui os jogadores medianos. Sem craque, não dá. Vou aprender a técnica e as regras e me tornar um comentarista de judô, tiro ou handebol. Como já disse o ex-craque Sócrates, o Brasil, em vez de exportar a arte, exporta o artista.
Se o principal motivo do Rivaldo ficar na reserva do Milan é o fato de o time e de a maioria dos clubes italianos não terem um meia ofensivo, que faz a ligação com os dois atacantes, Kaká corre risco de ser o reserva do reserva. Ele atua na mesma posição do Rivaldo. Provavelmente, Kaká vai disputar a posição com um dos dois atacantes, na função que não queria ter no São Paulo.
Apesar das dificuldades, Kaká tem talento para brilhar em qualquer equipe e se tornar um dos grandes jogadores do futebol mundial.

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