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FUTEBOL
Primeira vitória em 4 meses é comparada a bênção por jogadores; técnico é apontado como redentor
Botafogo celebra "nascimento de filho"
Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
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Em seu primeiro jogo no comando do time, o técnico Antônio Clemente vibra instantes após a vitória sobre o Santos |
FÁBIO VICTOR
enviado especial a Santos
Utilizando imagens, símbolos
ou metáforas, cada jogador do
Botafogo-RJ encontrou uma maneira particular de definir o que
sentiu após a vitória de anteontem sobre o Santos -a primeira
do time em 120 dias.
Depois de oito derrotas e dois
empates no Brasileiro-99, o raquítico 1 a 0 na Vila Belmiro, pela primeira fase do torneio, foi celebrado como uma bênção pela equipe.
"É como se fosse o nascimento
de um filho. É uma alegria tão
grande que espero que permaneça entre nós, que essa seja a primeira vitória de uma série", desabafou o zagueiro Jorge Luís, um
dos líderes da equipe.
O Botafogo não vencia um jogo
desde o dia 19 de maio, quando
fez 3 a 1 no Olaria, pelo Estadual
do Rio de Janeiro.
Usada como hipérbole para
ilustrar a alegria dos jogadores
anteontem, a comparação da vitória sobre o Santos com a conquista de um campeonato ganhou um tom documental no depoimento do meia Sérgio Manoel.
"Só senti uma sensação assim
quando fui campeão brasileiro
em 95 (pelo próprio Botafogo, sobre o mesmo Santos). Ainda mais
porque quem estava do outro lado era o Santos. Tiramos um peso
enorme de nossas costas", declarou o meia Sérgio Manoel, um dos
mais emocionados.
Após o gol da vitória -que começou num cruzamento seu e foi
concluído por Sandro, de cabeça-, Sérgio Manoel, revelado pelo Santos, que defendeu por quatro anos, dirigiu-se ao setor das
sociais da Vila Belmiro e beijou o
escudo do Botafogo, provocando
a torcida da casa.
"Queria mostrar para eles que o
único escudo que beijei além do
do Santos foi o do Botafogo. Ainda tenho mágoas do jeito que saí
daqui", disse o jogador, nascido
em Santos, que deixou o clube
paulista desprezado pelos dirigentes e criticado pela torcida.
Mas mesmo os que não tinham
"contas a acertar" com o adversário demonstravam um imenso
alívio. "Vamos dormir melhor
agora, porque a gente não estava
conseguindo dormir até hoje (anteontem)", completou o atacante
Zé Carlos, se referindo às inúmeras pressões que os integrantes da
equipe vinham sofrendo.
Inconformada com a campanha que a equipe vinha fazendo, a
torcida contribuiu para aumentar
ainda mais a tensão no clube.
Em jogo contra o Inter, no último dia 4, torcedores invadiram o
gramado do estádio Caio Martins
para agredir os jogadores. O atacante Valdir foi atingido.
Até fora do campo, o clima não
era bom para os jogadores. Há
cerca de duas semanas, Zé Carlos
também foi vítima dos torcedores. Ao parar o carro em um engarrafamento, teve o vidro do seu
veículo quebrado e quase levou
um soco de um torcedor.
Preocupados, alguns jogadores,
como Sérgio Manoel, contrataram seguranças.
Anteontem, porém, o clima nos
vestiários insinuava uma "nova
era", cujo principal expoente é o
técnico Antônio Clemente.
"É extraordinário. Acabou
aquela inhaca, de só perder, perder. Eles (os jogadores) estavam
acabrunhados. A vitória mostrou
que eles podem mudar a situação", vibrou o novo técnico.
Carioca, 63 anos, procurador federal aposentado, com passagem
pelo Atlético-PR, Clemente, que
ocupava o cargo de diretor técnico no Botafogo, foi apontado pelos atletas como fundamental para a vitória. Na verdade, a antipatia do time pelo último técnico,
Carlos Alberto Torres, potencializa a boa imagem do atual.
"Ele ganhou a nossa confiança
em uma semana. Precisamos de
tranquilidade, e ele deu. Além disso, passou a considerar as características de cada jogador, o que não
ocorria", disse o meia Rodrigo.
Sob o comando de Torres, o time perdeu cinco jogos seguidos,
quatro em casa. Explosivo e até
destemperado, ele logo se incompatibilizou com a equipe.
Após derrota para o Vitória, fez
acusações aos jogadores. Depois,
recuou, mas o mal já estava feito.
Colaborou Sérgio Rangel,
da Sucursal do Rio
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