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FUTEBOL
O que nos restou de bom
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Chegou finalmente o dia do
tira-teima entre os dois melhores times do Brasil, Cruzeiro e
Santos. No primeiro turno, o time
mineiro ganhou do Peixe em plena Vila Belmiro. Os santistas entram em campo hoje com sede de
revanche.
Claro que essa história toda de
"tira-teima" e "final antecipada"
tem apenas um sentido figurado.
Quem perder pode, mesmo assim,
terminar o campeonato em primeiro e provar que é o melhor.
Mas o equilíbrio entre os dois líderes, cujo futebol está bem acima dos outros times, acrescenta
interesse à partida.
O essencial, contudo, é a qualidade dos jogadores. Na atual
diáspora de craques brasileiros
pelo mundo afora, quase todos os
que sobraram no país estarão em
campo nesta tarde no Mineirão.
Claro que, num jogo entre duas
equipes tão parelhas, será muito
importante a sagacidade de cada
um dos treinadores.
Parece que Leão vai ousar, escalando o time com três zagueiros e
liberando Elano pela direita e Léo
pela esquerda. Nesse esquema, o
Santos fica ainda mais ofensivo
do que já é, mas também mais
vulnerável, principalmente nas
laterais. Luxemburgo, que não é
bobo e conta com dois ótimos
alas, poderá explorar esse calcanhar-de-aquiles.
Mas o fator mais decisivo, a
meu ver, será o estado de espírito
-em outras palavras, a inspiração- dos principais jogadores
das duas equipes.
Em especial, Alex (do Cruzeiro)
e Diego, os cérebros de seus respectivos times. Por eles passam as
principais jogadas.
Com uma diferença básica:
Alex é mais imprevisível e muda
com mais rapidez o desenho do
jogo. Diego, a despeito de seu
imenso talento, ainda conduz um
pouco demais a bola, permitindo
ao adversário se preparar para a
sequência da jogada.
Só que aí entra em cena outra
virtude santista: a mobilidade e a
versatilidade de jogadores como
Renato, Robinho, Elano e Léo.
São eles que, nos bons dias, facilitam o trabalho de Diego e tornam
o Santos um time infernal, surgindo de todos os lados para tabelar, driblar e chutar em gol.
Não que o Cruzeiro não disponha também de seus jogadores inteligentes e versáteis. Além de
Alex, Maurinho e Aristizábal são
os mais evidentes. Mas o jogador
que mais trocava de posições de
modo a confundir o adversário,
Deivid, já foi embora.
Outro trunfo santista: Robinho,
que está rapidamente ganhando
objetividade sem perder a alegria
e a audácia.
O Cruzeiro, em compensação,
tem Alex, o jogador mais criativo
Brasil. Como os volantes santistas
não têm perfil de marcadores implacáveis, Alex deve ter espaço
para criar. Nem precisa muito.
Em dois palmos de campo, ele pode escrever o destino de uma partida. Só precisa estar inspirado.
Vou parar de falar desse jogo.
Um confronto desse tipo provoca
tanta expectativa que no fim corre o risco de decepcionar. Pode ser
que os craques estejam opacos e
que tudo dê errado hoje no Mineirão. Mas não apostaria nisso.
Cadê o dinheiro?
Não vou entrar no mérito trabalhista ou jurídico da desavença entre Vampeta e o Corinthians. Só não entendo uma
coisa. Supõe-se que foi para ganhar dinheiro que o clube promoveu um desmanche, desfazendo-se de seus principais
atletas. Por que, então, está devendo direitos de imagem e salários aos que ficaram?
Sob pressão
Meio obscurecido pelo clássico
de hoje no Mineirão, outro
grande confronto entre paulistas e mineiros acontece amanhã, no Morumbi. O São Paulo
pega o Atlético-MG com um
olho apontado para a frente e
outro para trás. Ao mesmo
tempo que procura não se distanciar dos líderes, vê o Coritiba fungando no seu cangote na
disputa pelo terceiro lugar.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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