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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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FUTEBOL

O que nos restou de bom

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Chegou finalmente o dia do tira-teima entre os dois melhores times do Brasil, Cruzeiro e Santos. No primeiro turno, o time mineiro ganhou do Peixe em plena Vila Belmiro. Os santistas entram em campo hoje com sede de revanche.
Claro que essa história toda de "tira-teima" e "final antecipada" tem apenas um sentido figurado. Quem perder pode, mesmo assim, terminar o campeonato em primeiro e provar que é o melhor.
Mas o equilíbrio entre os dois líderes, cujo futebol está bem acima dos outros times, acrescenta interesse à partida.
O essencial, contudo, é a qualidade dos jogadores. Na atual diáspora de craques brasileiros pelo mundo afora, quase todos os que sobraram no país estarão em campo nesta tarde no Mineirão.
Claro que, num jogo entre duas equipes tão parelhas, será muito importante a sagacidade de cada um dos treinadores.
Parece que Leão vai ousar, escalando o time com três zagueiros e liberando Elano pela direita e Léo pela esquerda. Nesse esquema, o Santos fica ainda mais ofensivo do que já é, mas também mais vulnerável, principalmente nas laterais. Luxemburgo, que não é bobo e conta com dois ótimos alas, poderá explorar esse calcanhar-de-aquiles.
Mas o fator mais decisivo, a meu ver, será o estado de espírito -em outras palavras, a inspiração- dos principais jogadores das duas equipes.
Em especial, Alex (do Cruzeiro) e Diego, os cérebros de seus respectivos times. Por eles passam as principais jogadas.
Com uma diferença básica: Alex é mais imprevisível e muda com mais rapidez o desenho do jogo. Diego, a despeito de seu imenso talento, ainda conduz um pouco demais a bola, permitindo ao adversário se preparar para a sequência da jogada.
Só que aí entra em cena outra virtude santista: a mobilidade e a versatilidade de jogadores como Renato, Robinho, Elano e Léo. São eles que, nos bons dias, facilitam o trabalho de Diego e tornam o Santos um time infernal, surgindo de todos os lados para tabelar, driblar e chutar em gol.
Não que o Cruzeiro não disponha também de seus jogadores inteligentes e versáteis. Além de Alex, Maurinho e Aristizábal são os mais evidentes. Mas o jogador que mais trocava de posições de modo a confundir o adversário, Deivid, já foi embora.
Outro trunfo santista: Robinho, que está rapidamente ganhando objetividade sem perder a alegria e a audácia.
O Cruzeiro, em compensação, tem Alex, o jogador mais criativo Brasil. Como os volantes santistas não têm perfil de marcadores implacáveis, Alex deve ter espaço para criar. Nem precisa muito. Em dois palmos de campo, ele pode escrever o destino de uma partida. Só precisa estar inspirado.
Vou parar de falar desse jogo. Um confronto desse tipo provoca tanta expectativa que no fim corre o risco de decepcionar. Pode ser que os craques estejam opacos e que tudo dê errado hoje no Mineirão. Mas não apostaria nisso.

Cadê o dinheiro?
Não vou entrar no mérito trabalhista ou jurídico da desavença entre Vampeta e o Corinthians. Só não entendo uma coisa. Supõe-se que foi para ganhar dinheiro que o clube promoveu um desmanche, desfazendo-se de seus principais atletas. Por que, então, está devendo direitos de imagem e salários aos que ficaram?

Sob pressão
Meio obscurecido pelo clássico de hoje no Mineirão, outro grande confronto entre paulistas e mineiros acontece amanhã, no Morumbi. O São Paulo pega o Atlético-MG com um olho apontado para a frente e outro para trás. Ao mesmo tempo que procura não se distanciar dos líderes, vê o Coritiba fungando no seu cangote na disputa pelo terceiro lugar.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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