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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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VÔLEI

As turbulências

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

A seleção brasileira masculina de vôlei nunca treinou tão pouco para uma competição tão importante como a Copa do Mundo, que vale três vagas para os Jogos de Atenas. O time completo só será reunido 14 dias antes do início do torneio. O consolo é que os adversários mais temidos estão no mesmo barco.
Você sabe: os principais jogadores do mundo atuam no Campeonato Italiano. O Brasil tem seis atletas lá; a Sérvia e Montenegro, quatro; e a França, dois. A Itália tem a seleção inteira. Os clubes italianos recorreram às normas da Federação Internacional e só vão ceder os jogadores no início de novembro.
Os clubes nacionais também ganharam um benefício da Confederação Brasileira de Vôlei e podem solicitar os atletas para os torneios. Exemplo: quarta-feira, cinco jogadores do Minas (Ricardinho, Giovane, André Nascimento, Henrique e Samuel) foram dispensados da seleção para a disputa da Copa Telemig.
Outro exemplo: o líbero Escadinha, do Banespa, também será liberado para jogar a semifinal do Campeonato Paulista, que começa na quarta-feira. Com o time tão desfalcado, o técnico Bernardinho estressou na última semana. Chegou até a falar em "pegar o boné" se o planejamento continuar não sendo respeitado.
A luta entre clubes e seleção pelos jogadores é antiga. Fica difícil apontar quem tem razão. Os clubes pagam os salários e reclamam de ceder os atletas por longos períodos à seleção. Mas a seleção precisa treinar, competir e, quando ela ganha, o vôlei brasileiro inteiro também lucra em prestígio e popularidade.
A novidade é que, na queda-de-braço, quem saiu perdendo desta vez foi a seleção. O presidente da CBV, Ary Graça, resolveu privilegiar os clubes. Sinal que deve haver algumas turbulências entre Ary Graça e Bernardinho.
O Brasil tem tradição de treinar bastante, muito mais do que as outras seleções. Existe outro fator: o time tem ponteiros baixos para os padrões atuais. Precisa jogar com muita velocidade para vencer os bloqueios adversários. E para isso, é necessário estar bem fisicamente e com as jogadas muito bem treinadas.
Por outro lado, a equipe também esteve reunida até setembro, e os atletas estão acostumados a atuar juntos. Ou seja, eles têm condições de se acertar em pouco tempo. O certo é que a seleção tem um novo desafio: treinar bem menos do que o habitual e obter a classificação para Atenas.
O principal responsável nessa história é o calendário. Uma competição tão importante como a Copa do Mundo deveria ter sido em setembro, logo depois dos torneios continentais. Ou seja, as seleções já estariam com os jogadores. A temporada de clubes começaria um pouco depois, mas com todos os atletas.
Já a seleção brasileira feminina viaja nesta semana para a disputa da Copa do Mundo, no Japão. A comissão técnica já dispensou a líbero Fabi e a central Carol. Amanhã, deve definir os dois últimos cortes. Leila, que ainda está se recuperando de uma fratura no dedo, pode ficar fora.

Surpresa
O técnico da seleção italiana, Gian Paolo Montali, surpreende na convocação para a Copa do Mundo e chama mais um veterano: o levantador Paolo Tofoli, de 37 anos. Ele estava fora da seleção desde os Jogos de Atlanta, em 96. No Campeonato Europeu, Montali já havia convocado outro jogador experiente: o atacante Andrea Sartoretti, 32, que também está na lista para a Copa do Mundo.

Italiano
O Modena, do atacante Dante, e o Montichiari, do levantador Maurício, tropeçaram no fim de semana no Italiano. O Modena perdeu para o Treviso, do russo Dineikine, por 3 sets a 1 -foi a quinta derrota em seis jogos. Já o Montichiari caiu diante do Perugia, por 3 sets a 1 -o time, do brasileiro Joel, tem três derrotas e três vitórias.


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