UOL


São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Tudo num jogo só

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A Vila Belmiro presenciou ontem um punhado de belos momentos.
O primeiro deles foi a recepção carinhosa, por parte de atletas e torcedores, ao jogador Narciso, que está de volta ao seu ofício depois de fazer um transplante de medula e vencer a leucemia. Confesso que até torci para que um dos zagueiros santistas se contundisse (de leve, claro) para ver Narciso entrar no jogo.
À parte isso, houve três lindos gols (os de pênalti não contam). No primeiro do Atlético-PR, o atacante Dagoberto ajeitou na meia-lua para Fernandinho acertar uma bomba de primeira, antes de a bola tocar o chão.
No gol de empate santista, o zagueiro Alex subiu mais do que todo mundo e cabeceou de modo certeiro, no cantinho.
O segundo gol atleticano fez lembrar certos lances de vôlei em que o levantador alça a bola, um atacante ameaça cortar no meio da rede e quem acaba cortando, na diagonal, é um terceiro atleta, que estava na ponta da quadra.
Michel levantou, Ilan saltou em branco na marca do pênalti e a bola sobrou para Luciano Santos cabecear cruzado, fuzilando o goleiro Fábio Costa.
Mas, além de Narciso e dos gols, o que me encantou foi o jogo franco de parte a parte, sobretudo no segundo tempo. Cada um no seu estilo: o Santos baseado no talento individual de seus jogadores, o Atlético-PR nos passes rápidos.
Como costuma acontecer nos times dirigidos pelo técnico Mário Sérgio, os jogadores tocam a bola de primeira com muita rapidez e consciência, formando triângulos e quadrados que desconcertam a defesa do adversário.
Apesar de tudo isso, e para mostrar que o futebol é o mais complexo e inapreensível dos esportes, o time parananese perdeu, e a grande figura do jogo foi Diego, mas não o do Santos, e sim o goleiro do Atlético-PR.
Pois, além de Narciso, dos belos gols e do toque de bola atleticano, o estádio da Vila Belmiro viu uma das maiores atuações de um goleiro na temporada.
Se não fossem os dois pênaltis (um deles cometido por ele mesmo), Diego teria conseguido evitar de modo quase milagroso a vitória santista. O rapaz pegou chutes à queima-roupa, espalmou cabeçadas desferidas na pequena área, saiu com precisão nos pés dos atacantes. Foi um gigante.
Dito isso, há que se reconhecer que o Santos dá hoje a impressão de uma equipe um tanto instável, sem a coesão e o entusiasmo de meses atrás. E Leão, com seus caprichos e teimosias (como a de deixar William no banco e escalar Fabiano fora de posição), já parece perder um pouco o controle sobre seus pupilos. Reflexo disso foi a cara feia de Diego ao ser substituído no segundo tempo.

 

Os zagueiros do São Paulo disseram que parariam Dimba, do Goiás, para ajudar o companheiro Luis Fabiano na luta pela artilharia do campeonato.
Pelo que se viu no Serra Dourada, com amigos assim o são-paulino não precisa de inimigos.

Davi e Golias
O Cruzeiro atacou mais, chutou duas bolas na trave, mas nada disso tira o mérito do Juventude, que era a equipe menos provável para acabar com a invencibilidade de quase um ano do todo-poderoso clube azul no Mineirão. O feito do clube gaúcho vem nos lembrar que não existe equipe imbatível no país, e que o Campeonato Brasileiro ainda não terminou.

De primeira
Foi uma rodada de bonitos gols, a maioria de primeira: o segundo de Dimba contra o São Paulo, o de Fernandinho contra o Santos, o de Paulinho, do Atlético-MG, por cobertura contra o Grêmio, o de Marquinhos, do Paraná, na goleada contra o Inter, o de Léo Inácio, do Juventude, na surpreendente vitória contra o Cruzeiro.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Basquete: Ribeirão faz estréia em torneio do improviso
Próximo Texto: Pela quarta vez, a mesma história
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.