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FUTEBOL
Tudo num jogo só
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A Vila Belmiro presenciou
ontem um punhado de belos
momentos.
O primeiro deles foi a recepção
carinhosa, por parte de atletas e
torcedores, ao jogador Narciso,
que está de volta ao seu ofício depois de fazer um transplante de
medula e vencer a leucemia. Confesso que até torci para que um
dos zagueiros santistas se contundisse (de leve, claro) para ver Narciso entrar no jogo.
À parte isso, houve três lindos
gols (os de pênalti não contam).
No primeiro do Atlético-PR, o
atacante Dagoberto ajeitou na
meia-lua para Fernandinho acertar uma bomba de primeira, antes de a bola tocar o chão.
No gol de empate santista, o zagueiro Alex subiu mais do que todo mundo e cabeceou de modo
certeiro, no cantinho.
O segundo gol atleticano fez
lembrar certos lances de vôlei em
que o levantador alça a bola, um
atacante ameaça cortar no meio
da rede e quem acaba cortando,
na diagonal, é um terceiro atleta,
que estava na ponta da quadra.
Michel levantou, Ilan saltou em
branco na marca do pênalti e a
bola sobrou para Luciano Santos
cabecear cruzado, fuzilando o goleiro Fábio Costa.
Mas, além de Narciso e dos gols,
o que me encantou foi o jogo franco de parte a parte, sobretudo no
segundo tempo. Cada um no seu
estilo: o Santos baseado no talento individual de seus jogadores, o
Atlético-PR nos passes rápidos.
Como costuma acontecer nos times dirigidos pelo técnico Mário
Sérgio, os jogadores tocam a bola
de primeira com muita rapidez e
consciência, formando triângulos
e quadrados que desconcertam a
defesa do adversário.
Apesar de tudo isso, e para mostrar que o futebol é o mais complexo e inapreensível dos esportes,
o time parananese perdeu, e a
grande figura do jogo foi Diego,
mas não o do Santos, e sim o goleiro do Atlético-PR.
Pois, além de Narciso, dos belos
gols e do toque de bola atleticano,
o estádio da Vila Belmiro viu
uma das maiores atuações de um
goleiro na temporada.
Se não fossem os dois pênaltis
(um deles cometido por ele mesmo), Diego teria conseguido evitar de modo quase milagroso a vitória santista. O rapaz pegou chutes à queima-roupa, espalmou cabeçadas desferidas na pequena
área, saiu com precisão nos pés
dos atacantes. Foi um gigante.
Dito isso, há que se reconhecer
que o Santos dá hoje a impressão
de uma equipe um tanto instável,
sem a coesão e o entusiasmo de
meses atrás. E Leão, com seus caprichos e teimosias (como a de
deixar William no banco e escalar Fabiano fora de posição), já
parece perder um pouco o controle sobre seus pupilos. Reflexo disso
foi a cara feia de Diego ao ser
substituído no segundo tempo.
Os zagueiros do São Paulo disseram que parariam Dimba, do
Goiás, para ajudar o companheiro Luis Fabiano na luta pela artilharia do campeonato.
Pelo que se viu no Serra Dourada, com amigos assim o são-paulino não precisa de inimigos.
Davi e Golias
O Cruzeiro atacou mais, chutou
duas bolas na trave, mas nada
disso tira o mérito do Juventude, que era a equipe menos provável para acabar com a invencibilidade de quase um ano do
todo-poderoso clube azul no
Mineirão. O feito do clube gaúcho vem nos lembrar que não
existe equipe imbatível no país,
e que o Campeonato Brasileiro
ainda não terminou.
De primeira
Foi uma rodada de bonitos
gols, a maioria de primeira: o
segundo de Dimba contra o São
Paulo, o de Fernandinho contra
o Santos, o de Paulinho, do
Atlético-MG, por cobertura
contra o Grêmio, o de Marquinhos, do Paraná, na goleada
contra o Inter, o de Léo Inácio,
do Juventude, na surpreendente vitória contra o Cruzeiro.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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