São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricardo Teixeira negocia contratação de profissional para estafe da seleção

CBF vai mudar tropa de choque de Scolari

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, passou a tarde de ontem negociando a contratação de mais um integrante para trabalhar com o técnico Luiz Felipe Scolari na Copa do Mundo, que começa em 31 de maio.
O dirigente já decidiu que vai intervir na comissão técnica da seleção. O nome foi mantido em sigilo pela cúpula da CBF.
Apesar do suspense em relação ao novo contratado, o perfil já foi definido pelo dirigente. Teixeira quer um profissional com experiência em Copa do Mundo. A mudança se deve à análise feita pelo dirigente durante a sua viagem com a seleção para Riad, no início do mês. No último dia 6, a seleção venceu a Arábia Saudita por 1 a 0, gol de Djalminha.
Teixeira não gostou do que viu nos dois dias em que esteve ao lado da seleção nacional. Ele considerou a atual comissão técnica inexperiente para a disputa de uma Copa do Mundo e se impressionou com a inércia de alguns integrantes do estafe da equipe.
Com a nova contratação, Flávio Teixeira, o Murtosa, auxiliar direto de Scolari, e Antônio Lopes, coordenador técnico da seleção, deverão perder poder.
Teixeira quer contratar um profissional para ajudar dentro de campo o trabalho de Scolari.
Com isso, até Murtosa, que já foi nomeado pela CBF para ser o diretor-geral das seleções de base, corre o risco de ser "fritado" pela CBF antes da Copa, seja com a ausência do Mundial ou com o esvaziamento de suas funções.
Murtosa é fiel escudeiro e amigo íntimo de Scolari, o que dificulta uma eventual demissão. O auxiliar técnico foi contratado a pedido do treinador. Os dois, que trabalham juntos há mais de 20 anos, conquistaram diversos títulos por Grêmio e Palmeiras.
Já Lopes, que parece sem função desde que foi contratado pela CBF, em outubro de 2000, certamente será afetado -com perda do cargo ou de poder.
A idéia do presidente da CBF é apresentar o novo contratado antes da disputa do amistoso do dia 7 de março, em Cuiabá. Com a decisão, Teixeira segue o mesmo caminho adotado na Copa de 98.
Cerca de três meses antes da disputa do torneio na França, o presidente da CBF contratou o ex-jogador Zico para ser o coordenador técnico da seleção brasileira.
Ele foi imposto pelo dirigente ao técnico Zagallo. Na ocasião, Teixeira também considerou que o treinador estava muito isolado e contratou Zico para discutir a formação tática da equipe -o Brasil foi vice-campeão da Copa.
Teixeira começou a negociar ontem a mudança na comissão técnica depois de comunicar o fato a Scolari, que estava na Europa desde o período de Carnaval e só retornou ao país anteontem.
Scolari é o único da comissão técnica que sabe da decisão de Teixeira. O treinador vai embarcar no sábado para a Coréia do Sul. Dos dias 23 a 26, ele vai participar de uma reunião do Conselho Técnico da Fifa, para discutir assuntos referentes à Copa do Mundo. Scolari foi o escolhido para representar a CBF no evento.
Desde o final do Mundial da França, a seleção já teve três treinadores. Logo após a competição, Wanderley Luxemburgo foi contratado pela CBF para comandar a equipe nacional.
Inicialmente ele havia sido contratado para comandar a seleção até o final da Copa do Mundo de 2002, mas não resistiu à série de fracassos da equipe nas eliminatórias e na Olimpíada de Sydney.
Ele também perdeu o cargo por causa da série de denúncias levantadas pela sua ex-secretária Renata Alves e investigadas por CPIs no Congresso Nacional.
Depois de Luxemburgo, Emerson Leão comandou a seleção, mas também não resistiu aos vexames da equipe nas eliminatórias. Scolari substituiu Leão em junho de 2001 e permanecerá no cargo até a Copa Coréia/Japão.



Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Islândia será adversário de jogo em Cuiabá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.