São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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Peça única

Associated Press
No estilo 'ordem unida', jogadores de Camarões entram em campo com camisas da Puma, que ganharam mangas por imposição da Fifa


Além da disputa esportiva, a Copa pode ser vista como uma guerra entre as fornecedoras de uniforme. As duas gigantes do Mundial, a Nike e a Adidas, impuseram um padrão nos modelos. A Nike, fornecedora de oito times, fez o mesmo desenho nas camisas de Brasil e Coréia -só as cores foram mudadas. A Adidas buscou solução semelhante para seus dez clientes.

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dominando mais da metade das seleções na Copa, a alemã Adidas e a norte-americana Nike impuseram uma uniformização no desenho das camisas.
Já as ""nanicas" nesse mercado decidiram aparecer pela ousadia, e não pelo tempo de exposição.
É o caso da italiana Kappa, que veste exclusivamente sua seleção conterrânea. Escolheu um modelo colado ao corpo, revivendo os uniformes dos anos 70 e 80.
Já a alemã Puma arrancou as mangas do vestuário de Camarões. A Fifa chegou a proibir, mas a empresa acabou adaptando, com mangas de lycra saindo da parte interna do uniforme.
Essas empresas até dão razões práticas para as inovações de impacto estético. A roupa italiana, por exemplo, evitaria os agarrões rivais por ser mais elástica. A regata camaronesa seria mais arejada que as convencionais.
Na verdade, há uma escolha estratégica dessas seleções. A Itália, considerada a equipe mais bonita, foi escolhida para o modelito mais sexy. Já os ""Leões Indomáveis" foram eleitos pelo biótipo parecido com os grandalhões da NBA, pois a indumentária foi inspirada no basquete.
A Puma é responsável por outro atrevimento: veste de laranja o Paraguai, tradicionalmente listrado em vermelho e branco.
Por seu lado, a britânica Umbro, que adornou o Brasil na Copa de 1994, agora dá vestuário só à Inglaterra e à Irlanda e optou como inovação a camisa reversível, com a face interior igual à exterior.
Mas o cenário é contrário nas grandes fornecedoras. A Nike reservou o mesmo desenho para Brasil e Coréia, trocando só o verde-e-amarelo pelo azul-e-vermelho.
A Adidas faz coisa parecida com seus clientes, que neste Mundial somam dez times -em 1998 a empresa tinha oito. A Nike aumentou sua freguesia, pulando de seis para oito equipes. Mas teve um problema: seu modelo, com foro interno, não agradou.
Os brasileiros chegaram a cortar o forro porque aquecia demais (ironicamente o nome da tecnologia é ""cool motion", em português, movimento refrescante).
Já o croata Olic se arrependeu de tirar a camisa na comemoração do gol contra a Itália: não conseguiu vesti-la de novo e precisou da ajuda do roupeiro.
Entre as pequenas fornecedoras, houve várias mudanças de 1998 para 2002: as italianas Lotto e Diadora e a americana Reebok sumiram, enquanto surgiram as alemãs Hummel e Uhlsport e a francesa Le Coq Sportif, que deu sorte ao vestir o Senegal.
Por outro lado, há uma ascensão da Puma, de duas seleções para quatro. O problema é que só uma equipe, o Paraguai, avançou para as oitavas. O mesmo problema teve a Adidas, que perdeu com as eliminações de França e Argentina. Agora conta com Alemanha e Espanha para chegar à final.
Os latino-americanos, por seu lado, preferiram soluções caseiras. A Costa Rica vestiu a marca Joma. O Uruguai, a desconhecida L-Sporto. O México envergou uniforme Atlético. E o Equador vestiu roupa da Marathon.



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