São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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SONINHA

Com medo da morte súbita

Dizem que os brasileiros "esquecem seus problemas" em tempos de Copa. Seria bom tentar confirmar a tese com quem realmente tem problemas...
Um amigo meu estava andando pelo bairro de Pinheiros, quando foi atacado por dois homens. Eles perseguiam o culpado pela tentativa de estupro de uma garota de 18 anos (que não viu quem a atacou). Depois de apanhar bastante, meu amigo foi levado a uma delegacia. Lá, foi "reconhecido" por outra vítima de estupro, em uma sucessão bizarra de erros absurdos. Agora, cabe a ele provar inocência, já que teoricamente houve o "flagrante" de um crime hediondo. Pena que não haja microcâmeras e tira-teimas para demonstrar que uma pessoa inocente está presa (há 20 dias) enquanto o verdadeiro culpado está à espreita por aí, pronto para atacar de novo.
No dia da estréia do Brasil, os detentos do distrito se reuniram diante da TV, ansiosos para derrotar a Turquia. Meu amigo, exausto e desinteressado, quis aproveitar a solidão temporária para dormir. Seus "colegas" acharam que ele estava louco (Vai saber quem é louco).
O Brasil seguiu com vitórias. Enquanto isso, a polícia do Rio encontrava ossadas na favela da Grota; uma pode ser de Tim Lopes. Difícil falar em vitória...
Os brasileiros temem, sim, que a seleção volte para casa com um erro besta na prorrogação. Mas têm muito mais medo de outros erros bestas e outras "mortes súbitas", pode apostar.

soninha.folha@uol.com.br



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