São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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MELCHIADES FILHO

Não leia se não quiser conhecer o campeão


Cálculo que "adivinhou", a uma semana da final, os vencedores de 1994 e 1998 surpreende ao apontar o campeão da Copa da Ásia


Qual a importância de um passe, de um desarme, de um escanteio conquistado? Como influem no desempenho de uma seleção?
Eu lancei essas perguntas neste caderno em julho de 1998, uma semana antes da decisão do Mundial da França.
Na tentativa de respondê-las, de aferir o peso da matemática em Copas, submeti então os dados de todos os times a uma fórmula bobinha e arbitrária (digo isso antes que me acusem de leviandade estatística).
Foram consideradas 15 categorias, além da classificação: pontos, gols pró, gols sofridos, total de passes, % de acerto nos passes, dribles, desarmes, minutos de posse de bola, faltas recebidas, faltas cometidas, bolas perdidas, chutes a gol, escanteios cedidos, escanteios conquistados e lançamentos.
As seleções foram, então, ranqueadas de 1 a 32 em cada um desses itens. A melhor equipe em chutes a gol, por exemplo, recebeu 1 ponto; a segunda, 2; a pior, 32. O campeão matemático seria aquele com menos pontos na soma total dos itens.
O ranking pegou na "veia" em 1998. Entre os quatro primeiros na relação, apareceram três dos quatro semifinalistas da Copa: França, Brasil e Holanda.
Mais: o título matemático, que ficou com os franceses, acabaria prevalecendo dias depois no campo do Stade de France.
Mais: o mesmo cálculo, aplicado com os números da Copa-94, também elegeu a seleção que levantou a taça, o Brasil.
Por que então fazer tanto mistério? Para que perder as madrugadas? Não bastaria juntar os dados das quatro primeiras rodadas do Mundial da Ásia e descobrir, com paciência e calculadora, quem vai sair do Japão com a faixa de campeão?
Pois bem. Pelos números pitônicos do Datafolha, o Brasil (152 pontos) de Ronaldo não teria problemas para superar a Inglaterra (214) de Beckham (será que teve?).
Nas semifinais, à espera estariam a Espanha (152) e a Coréia do Sul (142) -infelizmente para a fórmula, uma impossibilidade, dado que essas seleções se matam em uma oitava-de-final amanhã de madrugada.
O último time?
Não é a maçante Alemanha de Klose (220). Nem o enigmático Senegal de Diouf (214).
A matemática não só dá a vaga como entrega de bandeja a taça à... Argentina. A mesma que venceu apenas um de três jogos, que marcou só dois gols, que naufragou na primeira fase e que, contudo, cravou 134 pontos na fórmula de araque, acabando com minha brincadeira.

melk@uol.com.br



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