São Paulo, Quarta-feira, 21 de Julho de 1999
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TÊNIS
Coisas estranhas

THALES DE MENEZES

Bem, todos que acompanham o esporte das raquetes viram que Cédric Pioline fez para a França diante do Brasil o que Gustavo Kuerten fez para o Brasil diante da Espanha: sobrou na disputa. Não teve para ninguém. Sujeito que passa por um confronto de quartas-de-final da Davis sem ter o saque quebrado não precisa provar mais nada.
Além de Pioline, ajudou muito o fato de a equipe francesa ter uma dupla de verdade, dois caras que passam o ano jogando juntos. O Brasil insistiu em manter Kuerten ao lado de Jaime Oncins, decisão baseada numa invencibilidade meio capenga da dupla na Davis, já que venceram duplas um tanto obscuras e em muitos jogos, como no confronto com a Espanha, Kuerten jogou para cobrir as deficiências do parceiro.
O Brasil era favorito, mas Pioline apareceu. E junto dele o estranho problema físico de Kuerten no primeiro jogo, na vitória sobre Sebástien Grosjean.
O que foi aquilo? Cãibras no braço, depois no outro? Nas pernas? Nos dedos? Em 29 anos acompanhando tênis, este colunista nunca viu nada igual.
Apesar da vitória, foi ali que o Brasil começou a perder. Porque, depois, Kuerten foi só uma pálida sombra do tenista que é.
Parece que os grandes astros brasileiros têm problemas em decisões jogadas em solo francês no mês de julho. Um ano depois de Ronaldo na Copa, as cãibras de Kuerten. Assim fica difícil.
Falando em coisas estranhas na Davis, foi absurda a escalação de Pete Sampras apenas na dupla americana diante da Austrália. Jogando bem, deu aos EUA seu único ponto no confronto. Nos outros dias, Todd Martin e Jim Courier perderam todas. Se Sampras jogou inteiraço na dupla, porque escalar Martin? Não faz sentido. Mais um vexame dos EUA, e num ano em que o título era barbada.
Aliás, como era barbada a presença do Brasil na final se passasse pela França. Porque pegaria, em casa, a mediana Bélgica.

NOTAS

Cinco vezes um
A partir da próxima segunda-feira, Patrick Rafter vai ser o quinto jogador a ocupar o topo do ranking da ATP em 1999. E mais dois tenistas têm chances de ocupar a posição até o final da temporada: Gustavo Kuerten (apesar de os pisos das quadras do segundo semestre não ajudarem muito) e o britânico Tim Henman (pode ser número um com um título no US Open, o que não é impossível). Definitivamente, Sampras teve o último longo reinado.

Curiosidade
Cultura de almanaque. O circuito terá agora o maior número de jogadores em atividade que já ocuparam o primeiro lugar no ranking mundial: nove. São eles Boris Becker (que decidiu jogar mais dois torneios antes de parar), Jim Courier, Pete Sampras, Andre Agassi, Thomas Muster, Marcelo Ríos, Carlos Moyá, Yevgeny Kafelnikov e Patrick Rafter.

E-mail thales@folhasp.com.br


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