FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram lances seguidos, separados por um oceano. Em Londres, a FIA bloqueou ontem à tarde a transferência de Jenson Button para a Williams. Minutos depois, executivos da Petrobras em São Paulo, onde amanhã começam os treinos do GP Brasil, receberam uma ligação da cúpula da equipe.
E, assim, a confirmação de Antonio Pizzonia, 24, como titular da Williams virou questão de tempo. De pouquíssimo tempo, se não acontecerem imprevistos.
Após quase três meses de polêmica, o Comitê de Reconhecimento de Contratos da entidade máxima do automobilismo deu razão à BAR e impediu que Button vá para a Williams em 2005.
A decisão era tudo o que Pizzonia poderia querer. Piloto de testes da Williams, ele é o favorito a ocupar a vaga aberta na equipe.
Caso o negócio seja fechado, o Brasil começará o próximo Mundial com dois pilotos em times de ponta -o outro é Rubens Barrichello, da Ferrari-, o que não acontece desde 1991, quando Ayrton Senna corria pela McLaren e Nelson Piquet, pela Benetton.
Em comunicado à imprensa, a Williams disse que vai acatar o resultado e prometeu divulgar "em breve" a nova dupla de pilotos -o australiano Mark Webber, hoje na Jaguar, está confirmado.
"Sei que tenho boas chances, mas por enquanto não conversamos", foi tudo o que disse o brasileiro, seguindo a praxe da categoria de negar qualquer negociação até o momento do anúncio.
Além dele, Nick Heidfeld, da Jordan, e Anthony Davidson, piloto de testes da BAR, são candidatos. Aposentado desde 2001, o bicampeão Mika Hakkinen foi sondado, mas estaria descartado.
Cada um tem seu trunfo. Heidfeld é alemão como a BMW, que faz os motores para o time. Já Davidson é inglês como a Williams.
Mas a vantagem está com Pizzonia, que tem o apoio da Petrobras, fornecedora de gasolina da escuderia há sete temporadas.
A Folha apurou que, tão logo a FIA anunciou sua decisão, dirigentes da Williams entraram em contato com executivos da empresa brasileira. Estes, por sua vez, pediram pressa nas negociações, para que o eventual anúncio aconteça com a F-1 ainda no país, aproveitando o público de Interlagos -não há mais ingressos para o GP, apenas para os treinos.
Piloto-sensação da temporada, terceiro colocado no Mundial, Button havia sido anunciado pela Williams em agosto. A BAR, sua equipe, contestou a transferência, alegando ter contrato para 2005. O caso foi analisado pela FIA no sábado. O resultado veio ontem.
E Interlagos, a partir de agora, passa a esperar algo mais do que o início do treinos, amanhã. Passa a esperar por um novo herói.