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COPA 2006
Time de Zico marca muito, ataca pouco e dá espaço nas laterais, dizem brasileiros que conhecem o futebol japonês
"Espiões" do Brasil destrincham o Japão
LUÍS FERRARI
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando entrar em campo para
seu terceiro jogo na Copa, contra
o Japão de Zico, o Brasil vai encontrar um rival de forte marcação, que, postado no 3-5-2, deverá
privilegiar os contra-ataques.
Como os dois alas gostam muito de apoiar, é provável que surjam espaços às suas costas.
Outras boas oportunidades podem aparecer com lançamentos
rápidos dos meias para os atacantes, já que os zagueiros, às vezes,
preferem fazer a linha de impedimento a buscar a marcação.
A análise é de profissionais brasileiros que tiveram contato recente com o futebol japonês. A
pedido da Folha, eles destacaram
os pontos fracos do último rival
da seleção na primeira fase do
Mundial e apontaram aspectos
em que os japoneses podem surpreender o time de Parreira.
Ao esmiuçar cada um dos jogadores que o Brasil enfrentará no
dia 22 de junho, em Dortmund,
que mais foram convocados por
Zico, eles também ajudaram o
torcedor a individualizar os adversários, uma vez que, como a
maioria dos atletas atua no Campeonato Japonês, há pouca informação sobre eles no Brasil.
"A maior ameaça ao Brasil é
achar que pode ganhar na hora
em que quiser. O Japão é perigoso, corre muito com e sem a posse
de bola. Deve marcar e contra-atacar", afirma o técnico do São
Caetano, Nelsinho Baptista, que
passou dois anos e meio à frente
do Nagoya Grampus.
Sucessor de Zico no Kashima
Antlers, Toninho Cerezo concorda que o Brasil não pode menosprezar o rival, que, segundo ele,
evoluiu bastante desde a Copa
que sediou, em 2002.
"A saída de muitos jogadores
para a Europa e o trabalho do Zico fizeram o futebol do Japão
crescer. Esse intercâmbio mudou
um pouco a forma como os atletas encaram grandes competições", aponta Cerezo, que ficou
cinco temporadas no Kashima.
Tal mudança de mentalidade
também foi identificada por Leonardo, embaixador do Milan, que
também defendeu o Kashima Antlers e hoje acompanha os japoneses em ação na Europa. "A maneira como eles encaram os grandes
jogos mudou desde 2002, pois vários atletas jogam torneios europeus interclubes."
Se largou uma postura quase
subserviente aos rivais de mais
tradição, o Japão ainda luta para
superar a dificuldade ofensiva.
"No futebol japonês, ainda falta
a figura do meia-atacante. Isso
deixa os homens de frente meio
isolados, em comparação com o
padrão brasileiro", observa o atacante Gil, recém-chegado ao Cruzeiro vindo do Verdy Tokyo, para
quem a tendência de os zagueiros
fazerem linhas de impedimento
pode ser um trunfo para o Brasil.
Artilheiro do Brasileiro de 2004,
o atacante Washington, que vai
para sua segunda temporada no
Japão, destaca a ação dos alas como alternativa na armação.
O brasileiro naturalizado Alessandro Santos -que deveria ser o
reserva de Miura, segundo Emerson Leão, que comandou o último
no ano passado pelo Vissel Kobe- atua pela esquerda e Akira
Kaji pela direita.
Os titulares tendem a procurar a
linha de fundo para uma das principais armas ofensivas japonesas:
os cruzamentos na área.
Como nenhum dos atacantes se
destaca por uma técnica mais
apurada -um deles, Oguro, é
apontado como "o rei do rebote",
outro, Yanagisawa, está há dois
anos sem marcar gols- os cabeceios podem surpreender.
Nesse fundamento, Nelsinho
destaca o atacante Maki e o zagueiro cabeludo Nakazawa, que
costuma subir nos escanteios.
O último, aliás, é um dos dois jogadores do Japão que reclamam
com juízes, segundo Washington.
Salvo o outro (o meia Hidetoshi
Nakata), os japoneses não têm o
hábito de se dirigir à arbitragem
nem aos adversários nos jogos.
Outra arma japonesa são os
chutes de longa distância -como
aconteceu na última Copa das
Confederações, quando Nakamura e Oguro marcaram gols de fora
da área no empate em 2 a 2.
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