São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2000


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+ESPORTE - SAÚDE
Cirurgia é a única solução para ligamentos rompidos

CLÁUDIA CROITOR
da Reportagem Local

No último dia 11, o judoca Aurélio Miguel, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul-88 e uma das esperanças brasileiras em Sydney-2000, teve os ligamentos do joelho direito rompidos durante um treino.
A lesão de deve afastar o atleta por pelo menos seis meses dos tatames, o que põe em risco até sua participação na Olimpíada.
Para a contusão de Miguel -a mesma enfrentada pelo meia Raí, que em 1998 rompeu os ligamentos do joelho esquerdo durante uma partida e ficou oito meses sem jogar-, a cirurgia é a única solução.
Os ligamentos são tecidos fibrosos que prendem os ossos uns aos outros. No caso do joelho, eles ligam o fêmur (osso da coxa) à tíbia (principal osso da perna). O que se rompe mais frequentemente é o ligamento cruzado anterior, conhecido como ligamento do atleta. O rompimento geralmente é consequência de um giro indevido do corpo sobre o joelho.
Apesar de ser possível ficar em pé e andar em linha reta, a pessoa não consegue, com os ligamentos rompidos, realizar movimentos de rotação ou andar em terrenos acidentados, por exemplo, pois ocorre um falseamento do joelho.
"Se quiser continuar a praticar esportes normalmente, a pessoa que tiver os ligamentos rompidos, seja ela um atleta ou não, deve se submeter a uma operação", explica Moisés Cohen, chefe do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp e médico responsável pela cirurgia no joelho de Raí.
"É possível andar e realizar alguns movimentos sem uma cirurgia, mas isso só agride ainda mais o joelho", diz o médico.
Para "consertar" os ligamentos rompidos, é preciso fazer um enxerto, ou seja, usar parte de outros ligamentos ou tendões no lugar.
"O mais comum é usar uma parte do tendão da patela (osso que protege a articulação do joelho), mas é possível utilizar outros tendões da perna", afirma Cohen.
Depois da cirurgia, que dura em média duas horas e é feita com anestesia local, o próximo passo é a fisioterapia, que começa ainda no hospital, para possibilitar a retomada de movimento do joelho.
A fisioterapia ajuda também a fortalecer os músculos da perna, que deixam de ser movimentados após a operação.
"Mas, mesmo com tratamentos intensos, o organismo precisa de um período -em torno de seis meses- para que o enxerto possa se adaptar ao joelho. E é preciso respeitar esse período", afirma Cohen.

RISCO
Muitas pessoas que passam pela cirurgia conseguem voltar a praticar esportes mesmo antes do período previsto para a recuperação, que é de cerca de seis meses. Mas é preciso estar alerta: antes desse tempo, os ligamentos estão frágeis e podem se romper outra vez.

DIAGNÓSTICO
Instabilidade no joelho e dificuldade de firmar a perna são os principais sintomas de rompimento dos ligamentos. O diagnóstico pode ser feito com um exame clínico e reforçado pela ressonância magnética. A radiografia não indica esse tipo de lesão.

VÍTIMAS
O rompimento dos ligamentos do joelho já fez muitas "vítimas" no futebol. Além de Raí, Giovanni, Amoroso, Aristizábal, Tiba, Jorginho, Batata, Karembeau, Elber, Gilmar e Frank de Boer são alguns dos que já ficaram afastados dos gramados por causa da lesão.

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