São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Herdeiro de Scheidt "se vende" por Olimpíada

Bruno Fontes, favorito a substituir o bicampeão olímpico e representar o Brasil na classe laser, atua como empresário de si mesmo

DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo na seletiva olímpica, reserva de um dos melhores velejadores do mundo. Para Bruno Fontes, o resultado de 2004, às vésperas dos Jogos de Atenas, foi amargo. Depois daquela derrota, o velejador traçou uma meta que tenta alcançar a partir de amanhã: tornar-se o número um e viajar a Pequim como titular da vela. Para isso, teria de se destacar na água e ganhar apoio fora dela. Nos dois casos, tinha um grande rival: Robert Scheidt.
"Minha preparação mental [para a Olimpíada] começou quando perdi a seletiva para o Robert. Desde então, decidi que iria na próxima", diz Fontes. "Ele [Scheidt] ajudou a tornar a laser conhecida. Os patrocinadores conhecem o esporte. Por outro lado, quando ele velejava, era difícil conseguir apoio. O auge é a Olimpíada e era meio lógico que ele conseguiria a vaga. Então, era difícil achar quem quisesse apoiar o competidor que não iria aos Jogos."
Para encontrar quem bancasse sua empreitada, Fontes tornou-se "empresário". O principal cliente, ele mesmo. Criou um site para vender "seu produto", no qual conta como funcionam suas quatro cotas de patrocínio -uma delas está vaga- e quanto rende em exposição de mídia.
Segundo ele, em 2006 sua imagem na TV e em jornais somou mais de R$ 500 mil, sem contar alguns dos principais veículos de Rio e São Paulo. "Sou muito empreendedor e nunca tive empresário. Decidi velejar, então tinha de ser o melhor dentro da água e ter um diferencial fora dela. Decidi fazer o site, e esses dados são para me enriquecer, como um produto para uma empresa", explica ele, que estudou engenharia sanitária e ambiental na Universidade Federal de Santa Catarina.
Para se preparar para a seletiva olímpica, que começa amanhã no Iate Clube no Rio, o velejador investiu na contratação de um treinador e em uma rotina pesada de treinos. O Brasil já tem vaga em cinco das nove classes em Pequim. As participações na laser radial e na tornado serão definidas nos Mundiais. A yngling não deve ter representante nacional.
"A minha preparação nesse período era de cerca de seis horas por dia, cinco vezes na semana. Tinha corrida, ciclismo e musculação pela manhã e treino na água à tarde", relembra. Nos últimos anos, Fontes ostentou em seu currículo o feito de ter sido o velejador que mais deu trabalho a Scheidt no Brasil -foi três vezes vice brasileiro, duas vezes reserva em Pans e uma em Olimpíadas. Quando Scheidt deixou a laser e migrou para a star -na qual se classificou para Pequim-, Fontes conquistou duas vezes o título nacional.
Resultados reconhecidos pelo ídolo e antigo adversário. "Ele está velejando muito bem em todas as condições de vento, amadureceu muito, hoje é bem mais experiente. Torço para que os brasileiros consigam manter a tradição da classe", diz Scheidt, que aponta Eduardo Couto e Mateus Tavares como também candidatos à vaga na Olimpíada.0 (ML)


Colaborou LUÍS FERRARI, da Reportagem Local


Texto Anterior: Valor, e não dívida, pode ser discutido
Próximo Texto: Adversário já tem vaga com outro barco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.