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Herdeiro de Scheidt "se vende" por Olimpíada
Bruno Fontes, favorito a substituir o bicampeão olímpico e representar o Brasil na classe laser, atua como empresário de si mesmo
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo na seletiva olímpica, reserva de um dos melhores
velejadores do mundo.
Para Bruno Fontes, o resultado de 2004, às vésperas dos Jogos de Atenas, foi amargo. Depois daquela derrota, o velejador traçou uma meta que tenta
alcançar a partir de amanhã:
tornar-se o número um e viajar
a Pequim como titular da vela.
Para isso, teria de se destacar
na água e ganhar apoio fora dela. Nos dois casos, tinha um
grande rival: Robert Scheidt.
"Minha preparação mental
[para a Olimpíada] começou
quando perdi a seletiva para o
Robert. Desde então, decidi que
iria na próxima", diz Fontes.
"Ele [Scheidt] ajudou a tornar a laser conhecida. Os patrocinadores conhecem o esporte.
Por outro lado, quando ele velejava, era difícil conseguir apoio.
O auge é a Olimpíada e era meio
lógico que ele conseguiria a vaga. Então, era difícil achar
quem quisesse apoiar o competidor que não iria aos Jogos."
Para encontrar quem bancasse sua empreitada, Fontes
tornou-se "empresário". O
principal cliente, ele mesmo.
Criou um site para vender
"seu produto", no qual conta
como funcionam suas quatro
cotas de patrocínio -uma delas
está vaga- e quanto rende em
exposição de mídia.
Segundo ele, em 2006 sua
imagem na TV e em jornais somou mais de R$ 500 mil, sem
contar alguns dos principais
veículos de Rio e São Paulo.
"Sou muito empreendedor e
nunca tive empresário. Decidi
velejar, então tinha de ser o melhor dentro da água e ter um diferencial fora dela. Decidi fazer
o site, e esses dados são para me
enriquecer, como um produto
para uma empresa", explica ele,
que estudou engenharia sanitária e ambiental na Universidade Federal de Santa Catarina.
Para se preparar para a seletiva olímpica, que começa amanhã no Iate Clube no Rio, o velejador investiu na contratação
de um treinador e em uma rotina pesada de treinos.
O Brasil já tem vaga em cinco
das nove classes em Pequim. As
participações na laser radial e
na tornado serão definidas nos
Mundiais. A yngling não deve
ter representante nacional.
"A minha preparação nesse
período era de cerca de seis horas por dia, cinco vezes na semana. Tinha corrida, ciclismo e
musculação pela manhã e treino na água à tarde", relembra.
Nos últimos anos, Fontes ostentou em seu currículo o feito
de ter sido o velejador que mais
deu trabalho a Scheidt no Brasil -foi três vezes vice brasileiro, duas vezes reserva em Pans
e uma em Olimpíadas.
Quando Scheidt deixou a laser e migrou para a star -na
qual se classificou para Pequim-, Fontes conquistou
duas vezes o título nacional.
Resultados reconhecidos pelo ídolo e antigo adversário.
"Ele está velejando muito
bem em todas as condições de
vento, amadureceu muito, hoje
é bem mais experiente. Torço
para que os brasileiros consigam manter a tradição da classe", diz Scheidt, que aponta
Eduardo Couto e Mateus Tavares como também candidatos à
vaga na Olimpíada.0
(ML)
Colaborou LUÍS FERRARI, da Reportagem Local
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