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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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São Paulo x Corinthians encerra o torneio que embananou as TVs, manipulou a meteorologia e apelou à Justiça para decifrar seu estapafúrdio regulamento

Talvez sem campeão, acaba hoje o Paulista da bagunça

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O sofrimento do torcedor está garantido até depois do último minuto. O Campeonato Paulista mais tumultuado da história acaba hoje, pelo menos no campo. Fora dele, o torneio termina como começou: uma grande bagunça.
Corinthians e São Paulo se enfrentam hoje na última partida da competição em busca de um título que poderá ser decidido apenas na outra semana ou, quem sabe, no outro mês ou ano, no tapetão.
A regra está clara após intervenção do STJD. Se o Corinthians não perder, é campeão. Se o São Paulo vencer por dois ou mais gols de diferença, é campeão. Se os são-paulinos vencerem por um gol de diferença, ninguém é campeão até que a Justiça resolva decidir.
A confusão, inédita na história de regulamentos estapafúrdios do Paulista, é apenas uma das que aconteceram desde 25 de janeiro, quando teve início mais uma edição do que tem sido chamado pela Federação Paulista de Futebol de "torneio de Primeiro Mundo".
Segundos antes de Santo André e Santos abrirem o Paulista-2003, ninguém sabia quem iria transmitir o torneio. Globo, antiga parceira da FPF, e SBT, novo aliado da entidade, travaram duelo de liminares pela disputa dos direitos da competição -a disputa na Justiça continua e só deverá ser resolvida após o fim do Paulista.
A FPF chegou a dificultar a ação de repórteres da Globo, que exibiu o torneio conjuntamente com o SBT mesmo enfrentando horários prejudiciais, propositalmente, à sua grade de programação.
A partida entre Ponte Preta e Palmeiras chegou a ser adiada duas vezes. A alegação foi a chuva, mas havia condição de jogo (outras partidas com chuva ocorreram). A razão para o adiamento seria outra: a disputa das TVs.
Os 21 participantes (número ímpar, pois o Guarani, rebaixado em 2001, por exemplo, jogou sem problemas) foram divididos em três grupos. Os times grandes, ausentes no ano passado, ajudariam a resgatar o prestígio do evento.
Os clubes disputavam quem iria ao mata-mata e quem jogaria o rebolo contra o rebaixamento, menos o nono colocado. Esse não faria nada. O Santos, campeão brasileiro, acabou nessa posição. Ficou mais de 20 dias sem jogar.
Como o Santos foi eliminado? São Paulo e Santo André ficaram no empate em 2 a 2 no Morumbi, resultado que classificou ambos os times e deixou o Santos fora.
O time são-paulino chegou a fazer 2 a 0 no placar, mas amoleceu no segundo tempo e cedeu a igualdade que eliminou o seu algoz do Brasileiro -nos minutos finais, a torcida chegou a vaiar o desinteresse dos dois times.
O outro finalista, o Corinthians, se aproveitou de outra brecha no regulamento para avançar. Segundo colocado de sua chave, entrou com vantagem nas quartas-de-final contra o União Barbarense, campeão do grupo que tinha Palmeiras, Ponte Preta e Guarani.
O clube do Parque São Jorge fez um jogo único, no Pacaembu, com a vantagem do empate, e despachou o adversário -as quartas-de-final não previam neste ano jogos de volta.
Disciplinarmente, o torneio deixou a desejar. O são-paulino Maldonado, por exemplo, foi expulso duas vezes e não recebeu severa punição -essas expulsões podem acabar decidindo o torneio.
Erro de redação no regulamento, porém, despertou a maior discussão do Paulista. Pelo que está escrito, o Corinthians tem a vantagem do empate nas finais porque recebeu menos cartões vermelhos (2, contra 3 do rival). Mas a FPF, defendendo critérios técnicos, deu vantagem ao São Paulo por esse ter maior saldo de gols.
O imbróglio gerou grande polêmica. Eduardo José Farah, presidente da FPF, está licenciado, mas veio a público defender o São Paulo. O Corinthians levou o caso ao TJD (levou uma goleada de 6 a 1) e ao STJD ("congelou" os critérios de desempate na decisão).
Agora o público (que mal frequentou os estádios no Paulista) que for ao Morumbi pode sair sem saber quem será o campeão. E ver dois times comemorando.


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