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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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Regulamento similar foi respeitado em 2002

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Com o envolvimento dos mesmos clubes e dirigentes e com praticamente o mesmo regulamento, Eduardo José Farah, presidente da Liga Rio-SP e da Federação Paulista de Futebol, tomou posições distintas e bagunçou o campeonato que organizava.
No Rio-SP-2002, preferiu ser "legalista". Seguiu à risca o que previa o regulamento. No Paulista-2003, disse que o mais justo seria que o critério técnico prevalecesse sobre o disciplinar. Criticou o que estava escrito. Em ambas as vezes, o São Paulo, seu maior aliado político, foi privilegiado.
Na semifinal do Rio-SP de 2002 contra o Palmeiras, mesmo com pior campanha que o rival, o time do Morumbi se classificou para a decisão por ter levado menos cartões amarelos. Na finalíssima, o Corinthians teria a vantagem se o critério fosse só técnico.
Mas mais uma vez o artigo 5º do regulamento do Rio-SP acabou seguido à risca, computando apenas os resultados da final: "Ocorrendo igualdade de pontos ganhos [...] para os eventuais desempates, observar-se-ão, sucessivamente e pela ordem, os seguintes critérios: a) maior número de vitórias; b) melhor saldo de gols; c) maior número de gols pró; d) menor número de cartões vermelhos; e) menor número de cartões amarelos; f) vantagem no confronto direto".
O Comitê Executivo decidiu que valeria exatamente o que estava escrito -apesar de o próprio Farah ter dito que as regras haviam sido mal redigidas, ela seria cumprida em sua íntegra.
Onze meses depois, a história se repetiu. Só que a FPF optou pelo "espírito do regulamento". Curiosamente, desta vez, o São Paulo perderia a vantagem se valesse o parágrafo único de seu artigo 5º: "Em caso de igualdade de pontos ganhos [...] aplicar-se-ão, sucessivamente, os critérios constantes do artigo 6º em seus itens B [melhor saldo de gols" e C [maior número de gols pró] deste regulamento. Persistindo a igualdade, prevalecerá a melhor campanha por pontos ganhos obtidos na somatória das fases anteriores. Se ainda assim persistir a igualdade, aplicar-se-á [sic] os itens D [menor número de cartões vermelhos] e E [menor número de cartões amarelos] do artigo 6º, obtidos na somatória deste regulamento para definição".
Os próprios responsáveis pelo torneio rechaçaram a tese de que as regras eram dúbias, de que permitiam dupla interpretação.
Farah reconheceu que o regulamento havia sido mal redigido. Em uma recente entrevista à TV Gazeta, chegou a ditar como ele deveria ter sido escrito.
A decisão de Farah foi referendada pelo Comitê Executivo. "O comitê, por 6 a 1, decidiu que a parte técnica é mais importante do que os cartões. Se você observar friamente o que diz o regulamento, achará uma falha. Nós corrigimos porque o espírito do regulamento é dar mais valor à técnica", disse o porta-voz do órgão, o jornalista Orlando Duarte.


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