|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
Farol baixo
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Depois da vitória do Pittsburgh Steelers (que consagrou seu técnico, Bill Cowher) no
Super Bowl e antes que a temporada de beisebol comece (no dia 2,
e o Chicago White Sox, que papou
o título após 88 anos, é o time a
ser visto), o tênis ganha nesta semana um bom espaço na agenda
esportiva da América.
Um pouco porque, do Masters
Series de Indian Wells, no Oeste, o
circuito profissional passa agora
para o "quinto Grand Slam", o
Masters Series de Miami, na costa
leste -e assim acaba mobilizando uma pedaço do público norte-americano que viaja e consome
eventos esportivos (ou que simplesmente acompanha quando o
negócio é no quintal de casa).
Outro pouco porque James Blake surpreendeu Rafael Nadal na
semifinal e só parou diante de Roger Federer na decisão de Indian
Wells -e assim tornou-se o primeiro tenista norte-americano
afro-descendente a chegar ao top
ten desde o mítico Arthur Ashe.
E em outra parte porque, após
anos de "armada espanhola" ou
"armada argentina", chegou a
vez de ver três tenistas da casa na
elite da elite -algo que rolou nas
boas eras com Jimmy Connors/
Artur Ashe/Roscoe Tanner, John
McEnroe/ Jimmy Connors/Vitas
Gerulaitis e Pete Sampras/Andre
Agassi/Jim Courier, mas que não
se via há alguns anos.
Mas muito do barulho que o tênis faz nos EUA nestas semanas
se deve a outro motivo -e bem
mais triste: a aposentadoria de
Andre Agassi, ainda não anunciada mas aguardada desde já.
Agassi, toda vez que questionado sobre aposentadoria -e isso
já tem ao menos cinco temporadas-, sempre diz que continuará
jogando enquanto estiver atuando "em alto nível e em condições
de competir com os melhores".
Não é mais o caso. Com apenas
oito partidas -e quatro delas
derrotas- desde o Aberto dos
EUA, em setembro, fica cada vez
mais difícil para o careca se manter firme em quadra -que dirá
em condições de vencer um torneio. O fim está próximo -e a cada dia mais visível.
Ele próprio, Agassi, é o primeiro
a admitir que os tempos atuais
são duros... "Já passei por fases
ruins antes, mas cada vez fica
mais difícil [superá-las]", disse,
voz baixa, olhando para o vazio,
20 anos de carreira nas costas.
Não bastassem um tornozelo
sensível e as dores nas costas, estes
últimos jogos apresentaram um
Agassi irreconhecível: desconcentrado, desperdiçando set points,
perdendo para tenistas de ranking só razoável -e por vezes até
descontrolado mentalmente, berrando com exagero em quadra.
"É realmente frustrante. Já faz
um bom tempo que não me sinto
bem em quadra. E isso vai cansando, cada vez mais", desabafou
um abatido Agassi há alguns
dias, 20 anos de carreira, oito
Grand Slams, 60 títulos e mais de
mil jogos no currículo.
Agora? Um público acima da
média vai até Miami ver Agassi
jogar (pode ser a última vez em
solo americano). John McEnroe
acerta com Blake e fecha a equipe
da Copa Davis sem Agassi. E o leitor já começa a se acostumar com
a idéia de não ver mais o careca
no noticiário.
Calendário
O homem forte da ATP, Etienne de Villiers, planeja fazer o circuito
terminar em outubro. Mas isso só a partir de 2008 ou 2009.
No meio
Na semana passada, Tim Henman saiu do grupo dos 50 melhores.
Pela primeira vez em mais de dez anos.
No topo do juvenil
O espanhol Albert Ramos conquistou o título da categoria 18 anos do
Banana Bowl, em São José dos Campos (e não Rio Preto, como publicado aqui há uma semana). No feminino, deu Alize Cornet (FRA).
Os outros campeões: Fabrício Neis (BRA) e Tatiana Bua (ARG), na 16
anos, João Vitor Fernandes (BRA) e Nataly Coronel (ARG), na 14.
E-mail - reandaku@uol.com.br
Texto Anterior: Segurança aciona até o Exército Próximo Texto: Futebol - Tostão: Esplendor e ocaso Índice
|