São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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TÊNIS

Farol baixo

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Depois da vitória do Pittsburgh Steelers (que consagrou seu técnico, Bill Cowher) no Super Bowl e antes que a temporada de beisebol comece (no dia 2, e o Chicago White Sox, que papou o título após 88 anos, é o time a ser visto), o tênis ganha nesta semana um bom espaço na agenda esportiva da América.
Um pouco porque, do Masters Series de Indian Wells, no Oeste, o circuito profissional passa agora para o "quinto Grand Slam", o Masters Series de Miami, na costa leste -e assim acaba mobilizando uma pedaço do público norte-americano que viaja e consome eventos esportivos (ou que simplesmente acompanha quando o negócio é no quintal de casa).
Outro pouco porque James Blake surpreendeu Rafael Nadal na semifinal e só parou diante de Roger Federer na decisão de Indian Wells -e assim tornou-se o primeiro tenista norte-americano afro-descendente a chegar ao top ten desde o mítico Arthur Ashe.
E em outra parte porque, após anos de "armada espanhola" ou "armada argentina", chegou a vez de ver três tenistas da casa na elite da elite -algo que rolou nas boas eras com Jimmy Connors/ Artur Ashe/Roscoe Tanner, John McEnroe/ Jimmy Connors/Vitas Gerulaitis e Pete Sampras/Andre Agassi/Jim Courier, mas que não se via há alguns anos.
Mas muito do barulho que o tênis faz nos EUA nestas semanas se deve a outro motivo -e bem mais triste: a aposentadoria de Andre Agassi, ainda não anunciada mas aguardada desde já.
Agassi, toda vez que questionado sobre aposentadoria -e isso já tem ao menos cinco temporadas-, sempre diz que continuará jogando enquanto estiver atuando "em alto nível e em condições de competir com os melhores".
Não é mais o caso. Com apenas oito partidas -e quatro delas derrotas- desde o Aberto dos EUA, em setembro, fica cada vez mais difícil para o careca se manter firme em quadra -que dirá em condições de vencer um torneio. O fim está próximo -e a cada dia mais visível.
Ele próprio, Agassi, é o primeiro a admitir que os tempos atuais são duros... "Já passei por fases ruins antes, mas cada vez fica mais difícil [superá-las]", disse, voz baixa, olhando para o vazio, 20 anos de carreira nas costas.
Não bastassem um tornozelo sensível e as dores nas costas, estes últimos jogos apresentaram um Agassi irreconhecível: desconcentrado, desperdiçando set points, perdendo para tenistas de ranking só razoável -e por vezes até descontrolado mentalmente, berrando com exagero em quadra.
"É realmente frustrante. Já faz um bom tempo que não me sinto bem em quadra. E isso vai cansando, cada vez mais", desabafou um abatido Agassi há alguns dias, 20 anos de carreira, oito Grand Slams, 60 títulos e mais de mil jogos no currículo.
Agora? Um público acima da média vai até Miami ver Agassi jogar (pode ser a última vez em solo americano). John McEnroe acerta com Blake e fecha a equipe da Copa Davis sem Agassi. E o leitor já começa a se acostumar com a idéia de não ver mais o careca no noticiário.

Calendário
O homem forte da ATP, Etienne de Villiers, planeja fazer o circuito terminar em outubro. Mas isso só a partir de 2008 ou 2009.

No meio
Na semana passada, Tim Henman saiu do grupo dos 50 melhores. Pela primeira vez em mais de dez anos.

No topo do juvenil
O espanhol Albert Ramos conquistou o título da categoria 18 anos do Banana Bowl, em São José dos Campos (e não Rio Preto, como publicado aqui há uma semana). No feminino, deu Alize Cornet (FRA). Os outros campeões: Fabrício Neis (BRA) e Tatiana Bua (ARG), na 16 anos, João Vitor Fernandes (BRA) e Nataly Coronel (ARG), na 14.


E-mail - reandaku@uol.com.br

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