São Paulo, quinta, 22 de abril de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Antes de jogos, são-paulinos são assassinados a tiros em Diadema; depois, torcedores brigam perto de estádios
Briga de torcidas mata dois em SP

da Reportagem Local

Dois torcedores do São Paulo foram assassinados ontem, em Diadema, na Grande São Paulo, por um grupo de corintianos que estava dentro de uma Kombi.
A briga entre são-paulinos e corintianos aconteceu por volta das 15h na altura do número 1.600 da estrada do Alvarenga, cerca de uma hora antes do início dos jogos entre São Paulo e Lusa, no Morumbi, e entre Corinthians e Jorge Wilstermann, no Pacaembu.
Segundo informações do 98º Distrito Policial, há duas versões para o episódio.
Pela primeira, um grupo de cinco corintianos, quando avistou quatro são-paulinos, teria descido da Kombi e exigido que eles tirassem as camisas do time.
Como os quatro teriam se recusado, iniciando uma discussão, logo transformada em empurra-empurra, os corintianos atiraram contra eles, matando o desempregado Róbson Sodré de Freitas, 18, e o estudante Wellington Luís do Nascimento, 20.
De acordo com a segunda versão, havia três corintianos na Kombi, dois dos quais desceram para tirar satisfação com os são-paulinos, que estavam num ponto de ônibus.
Os corintianos teriam perguntado qual deles havia atirado pedras no carro por volta do meio-dia, quando os dois grupos teriam se encontrado pela primeira vez. Após rápida discussão, teriam sacado duas armas e atirado.
Os outros dois são-paulinos que estavam com Freitas e Nascimento -Renato Aparecido Lopes Mendes, 17, e Ednaldo Santos Figueiredo, 26- foram feridos e levados ao Hospital Municipal Diadema.
A reportagem da Folha entrou em contato com o hospital, que não quis passar informações sobre o estado de saúde dos feridos.
Segundo o 98º DP, as chapas da Kombi não foram anotadas.
Além dos assassinatos em Diadema, depois dos dois jogos de ontem na capital paulista, o do Morumbi, válido pelo Paulista-99, o do Pacaembu, pela Libertadores, houve muitos conflitos entre são-paulinos e corintianos nas avenidas Nove de Julho, Brigadeiro Faria Lima e Francisco Morato.
Em todas elas, quando ônibus de corintianos, que saíam do Pacaembu, se encontravam com ônibus de são-paulinos, saídos do Morumbi, os torcedores abandonavam os veículos e, armados de pedras, paus e bombas caseiras, atacavam seus adversários.
As brigas nessas avenidas, que já se tornam tradicionais, têm feito alguns bares da região fechar suas portas logo após os jogos.
² Extinção
As brigas de torcedores trazem de volta a questão da violência fora de campo nos estádios de futebol.
Apesar de banidas dos estádios paulistas e seus membros proibidos, de torcer com bandeiras, faixas e instrumentos musicais, as torcidas organizadas têm conseguido driblar o policiamento jogo após jogo.
Um exemplo foi ontem, no Pacaembu, quando a Gaviões da Fiel, maior organizada do Corinthians, fez-se presente, exibindo uma bandeira na qual, curiosamente, estava escrito "Gaviões Paz".
Outro problema que volta a ser discutido é o fato de terem sido marcados dois jogos na capital paulista, envolvendo times grandes, no mesmo horário, como aconteceu ontem.
Em situações assim, é comum o encontro de torcidas rivais em diferentes pontos da cidade, facilitando a ocorrência de brigas.
No domingo, por exemplo, a Federação Paulista de Futebol tem um problema para resolver. O jogo Corinthians e Santos está marcado para a Vila Belmiro, onde costumam ocorrer conflitos quando os santistas recebem os paulistanos.
Se passar para São Paulo, que já terá Palmeiras e Matonense, no Parque Antarctica, os confrontos podem envolver uma terceira torcida -a palmeirense-, só que fora dos estádios. (JOÃO CARLOS ² ASSUMPÇÃO E RODRIGO BUENO)




Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.