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FUTEBOL
Antes de jogos, são-paulinos são assassinados a tiros em Diadema; depois, torcedores brigam perto de estádios
Briga de torcidas mata dois em SP
da Reportagem Local
Dois torcedores do São Paulo foram assassinados ontem, em Diadema, na Grande São Paulo, por
um grupo de corintianos que estava dentro de uma Kombi.
A briga entre são-paulinos e corintianos aconteceu por volta das
15h na altura do número 1.600 da
estrada do Alvarenga, cerca de
uma hora antes do início dos jogos
entre São Paulo e Lusa, no Morumbi, e entre Corinthians e Jorge
Wilstermann, no Pacaembu.
Segundo informações do 98º
Distrito Policial, há duas versões
para o episódio.
Pela primeira, um grupo de cinco
corintianos, quando avistou quatro são-paulinos, teria descido da
Kombi e exigido que eles tirassem
as camisas do time.
Como os quatro teriam se recusado, iniciando uma discussão, logo transformada em empurra-empurra, os corintianos atiraram
contra eles, matando o desempregado Róbson Sodré de Freitas, 18, e
o estudante Wellington Luís do
Nascimento, 20.
De acordo com a segunda versão,
havia três corintianos na Kombi,
dois dos quais desceram para tirar
satisfação com os são-paulinos,
que estavam num ponto de ônibus.
Os corintianos teriam perguntado qual deles havia atirado pedras
no carro por volta do meio-dia,
quando os dois grupos teriam se
encontrado pela primeira vez.
Após rápida discussão, teriam sacado duas armas e atirado.
Os outros dois são-paulinos que
estavam com Freitas e Nascimento
-Renato Aparecido Lopes Mendes, 17, e Ednaldo Santos Figueiredo, 26- foram feridos e levados
ao Hospital Municipal Diadema.
A reportagem da Folha entrou
em contato com o hospital, que
não quis passar informações sobre
o estado de saúde dos feridos.
Segundo o 98º DP, as chapas da
Kombi não foram anotadas.
Além dos assassinatos em Diadema, depois dos dois jogos de ontem na capital paulista, o do Morumbi, válido pelo Paulista-99, o
do Pacaembu, pela Libertadores,
houve muitos conflitos entre são-paulinos e corintianos nas avenidas Nove de Julho, Brigadeiro Faria Lima e Francisco Morato.
Em todas elas, quando ônibus de
corintianos, que saíam do Pacaembu, se encontravam com ônibus de
são-paulinos, saídos do Morumbi,
os torcedores abandonavam os
veículos e, armados de pedras,
paus e bombas caseiras, atacavam
seus adversários.
As brigas nessas avenidas, que já
se tornam tradicionais, têm feito
alguns bares da região fechar suas
portas logo após os jogos.
²
Extinção
As brigas de torcedores trazem
de volta a questão da violência fora
de campo nos estádios de futebol.
Apesar de banidas dos estádios
paulistas e seus membros proibidos, de torcer com bandeiras, faixas e instrumentos musicais, as
torcidas organizadas têm conseguido driblar o policiamento jogo
após jogo.
Um exemplo foi ontem, no Pacaembu, quando a Gaviões da Fiel,
maior organizada do Corinthians,
fez-se presente, exibindo uma bandeira na qual, curiosamente, estava escrito "Gaviões Paz".
Outro problema que volta a ser
discutido é o fato de terem sido
marcados dois jogos na capital
paulista, envolvendo times grandes, no mesmo horário, como
aconteceu ontem.
Em situações assim, é comum o
encontro de torcidas rivais em diferentes pontos da cidade, facilitando a ocorrência de brigas.
No domingo, por exemplo, a Federação Paulista de Futebol tem
um problema para resolver. O jogo
Corinthians e Santos está marcado
para a Vila Belmiro, onde costumam ocorrer conflitos quando os
santistas recebem os paulistanos.
Se passar para São Paulo, que já
terá Palmeiras e Matonense, no
Parque Antarctica, os confrontos
podem envolver uma terceira torcida -a palmeirense-, só que fora dos estádios.
(JOÃO CARLOS ²
ASSUMPÇÃO E RODRIGO BUENO)
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