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FUTEBOL
Mesmo batido, técnico atinge auge da carreira e pode mudar de clube
Scolari berra, bufa, pula, perde, mas se consagra
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico do Palmeiras, Luiz
Felipe Scolari, berrou, gesticulou,
tentou, trocou jogadores, mas não
foi campeão desta vez.
Mesmo assim, pela campanha
do Palmeiras na Libertadores,
Scolari, 51, arrumou um lugar definitivo entre os maiores técnicos
da história do futebol brasileiro.
Seu prestígio atual provocou
um assédio poucas vezes visto sobre um técnico -e inédito para
esse gaúcho de Passo Fundo, que
iniciou no futebol como um zagueiro de estilo raçudo e limitado,
atuando principalmente no interior do seu Estado natal.
Vasco e Cruzeiro já estão na disputa por seu contrato há vários
meses. Após ser batido pelo Palmeiras na Libertadores, o Corinthians entrou nessa lista.
E são vários os motivos para
Scolari ser considerado o técnico
do momento. Ele é o maior vencedor de títulos nacionais, quatro
-as Copas do Brasil de 91, 94 e 98
e o Brasileiro de 96.
Também é o técnico que mais
tem perdurado no Palmeiras nos
últimos 25 anos. Está há três anos,
um a menos do que Oswaldo
Brandão, bicampeão brasileiro
(72-73) e paulista (72-74).
Não bastasse ter dado ao Palmeiras seu primeiro título da Libertadores, no ano passado, Scolari quase se superou neste.
Com um elenco considerado,
no início do semestre, limitado
para as tradições alviverdes, Scolari ganhou o Rio-SP e, nesta Libertadores, se não foi campeão,
pelo menos alegrou sua torcida ao
eliminar o rival Corinthians.
A eficiência em transformar jogadores limitados, baratos ou
desmotivados em peças polivalentes para sua equipe foi fundamental para chegar à decisão.
O reconhecimento vem para
um dos treinadores mais contestados da história do Brasil. Parte
da resistência a ele veio da sua defesa de um estilo de maior correria, marcação e violência e menor
técnica e espetáculo.
Além disso, a ascensão de Scolari também foi atrapalhada por sua
trajetória, afastada, até 1997, dos
principais holofotes do país, situados em São Paulo e no Rio.
A maioria dos clubes que dirigiu, em 17 anos de carreira, foram:
CSA, Juventude, Brasil-RS, Pelotas, Goiás, Coritiba, Al-Shabab e
Al Ahli (Arábia Saudita), Al-Kadsia (Kwait) e Jubilo Iwata (Japão).
Quando venceu seu primeiro título importante, a Copa do Brasil,
pelo Criciúma, em 1991, quase
ninguém prestou atenção.
Quando transformou o Grêmio
na melhor equipe da América do
Sul, com títulos da Copa do Brasil,
da Libertadores e do Brasileiro,
seu sucesso foi creditado ao "espírito copeiro" dos times do Sul.
No Palmeiras, recebeu contestação desde os primeiros meses. Seu
estilo provinciano e autoritário e
sua ênfase para a aplicação tática
revoltaram os defensores da tradição de futebol técnico do clube.
Mas, ironicamente, mais do que
ninguém Scolari fez o Palmeiras
jogar segundo versos do hino palmeirense -"defesa que ninguém
passa, linha atacante de raça".
Mas, aos poucos, com vitórias,
frases polêmicas e gestos teatrais,
Scolari conquistou os torcedores
palmeirenses.
Com a derrota de ontem, Scolari
não igualou o recorde de Osvaldo
Zubeldía como o técnico mais
vencedor da Libertadores.
Zubeldía ganhou os tris de forma seguida, com o Estudiantes
(Argentina), em 68, 69 e 70. Scolari foi campeão por dois times
-Grêmio, em 95 e Palmeiras, no
ano passado. Derrotado, não conseguiu superar Telê Santana (São
Paulo-92/93) e Lula (Santos-92/
93), que venceram duas Libertadores com a mesma equipe.
Mas disputas que transcendam
a América do Sul ainda são desafios para ele. Nas duas oportunidades anteriores que disputou a
final do Mundial interclubes de
Tóquio -com o Grêmio, em 95, e
com o Palmeiras, em 99-, Scolari fracassou. E a ausência de uma
terceira chance de levantar a Copa
Intercontinental pode ser decisiva
para Scolari definir seu futuro.
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