São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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QUARTAS/ HOJE

Duelo define o 1º país muçulmano em semifinais

No limite, Senegal quer alcançar nova façanha

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A SHIZUOKA

Na véspera da partida que pode entrar para a história do futebol africano, Bruno Metsu, técnico do Senegal, brincou e afirmou que pensou em jogar a toalha.
Não por qualquer desavença interna no time, que enfrenta hoje, às 8h30, em Osaka, a seleção turca, mas por insistir em que seus jogadores já chegaram ao limite.
"Não é jogo de cena. Disse isso a semana inteira e repito agora mais uma vez. Estou preocupado, sim, porque meu time está extenuado. Tivemos uma batalha atrás da outra, quatro jogos dificílimos, e todo mundo está debilitado, principalmente do ponto de vista emocional", comentou.
Se conseguir superar o cansaço, o Senegal vai protagonizar o maior feito da história do futebol africano. Pela primeira vez uma seleção do continente chegaria às semifinais de uma Copa. Em 90, Camarões poderia ter ficado entre os quatro primeiros na Itália, mas caiu diante da Inglaterra.
Mesmo se os africanos perderem, no entanto, um feito inédito irá ocorrer. Pela primeira vez um país muçulmano estará nas semifinais de um Mundial. Se não for o Senegal, será a Turquia.
Para alcançar o feito inédito -já protagonizou um ao vencer, como estreante, a França, atual campeã, na abertura da Copa-2002-, Metsu, mais uma vez, deve se preocupar antes em neutralizar as jogadas adversárias.
Nos primeiros jogos da Copa, contrariando o que é tido como uma característica das seleções africanas, rotuladas como ofensivas e ineficientes na defesa, o time senegalês priorizou destruir os ataques rivais e terminou as oitavas-de-final como o que mais desarmou na Copa -foram 165,5 desarmes por partida, em média, segundo o Datafolha.
O Senegal chegou também às quartas-de-final como a sexta seleção mais violenta do Mundial, com 20,8 faltas cometidas em média por jogo. Entre as oito equipes que iniciaram essa fase da competição, é a terceira mais violenta.
Se no número de desarmes o Senegal é o principal destaque, o mesmo não acontece no ataque, quando se trata de finalizações. Os africanos terminaram as oitavas-de-final em 21º lugar, com 11,5 chutes a gol por jogo.
A equipe também foi a segunda que mais usou os contra-ataques -média de 12 por partida, ficando atrás do Brasil- e apenas a 20ª em posse de bola (25min56), o que mostra a sua tendência de esperar o rival na defesa para roubar a bola e contra-atacar.
Uma das explicações para a preocupação tática, antes rara em times africanos, é o fato de quase toda a equipe atuar na Europa e de o técnico ser francês.
De seus 23 jogadores, 21 chegaram à Ásia como atletas de times franceses. Aliou Cisse, capitão do Senegal, acredita que jogar na França ajudou a equipe. "Lapidamos o talento dos atletas com o profissionalismo europeu. Hoje nos preocupamos em jogar para a frente e em obter resultados."
Mas o zagueiro Papa Malick Diop acha que ainda faltam muitos detalhes a ser corrigidos. "Nosso posicionamento ainda não é correto. Em alguns momentos, ficamos desguarnecidos."
De fato, apesar de toda a preocupação defensiva, o time já sofreu cinco gols no torneio. Os turcos, por sua vez, sofreram três.


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 8h30



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