São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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PINGUE-PONGUE

Sucesso senegalês não reflete situação do futebol africano

DO ENVIADO A SHIZUOKA

O sucesso do Senegal na Copa e a possibilidade de o time chegar às semifinais não refletem a realidade do futebol africano.
A opinião é de Evaristo Kasunga, presidente da Associação de Futebol de Zâmbia, para quem o continente ainda vive "a era do pré-amadorismo".
Ele diz que as dificuldades para o desenvolvimento do futebol africano ainda são muito grandes e que ""os senegaleses só estão fazendo essa campanha fantástica porque têm muitos jogadores na Europa". (JCA)

Folha - Como a África tem visto a campanha do Senegal?
Evaristo Kasunga -
Com muita alegria. Diria que todo o continente está empolgado com a atuação deles na Copa e torcendo muito para irem ainda mais longe. Todos os países [africanos" têm visto os jogos do Senegal, já que os direitos de TV foram cedidos gratuitamente [só a África do Sul teve de pagar".

Folha - A que se deve a campanha do Senegal? É a ordem do futebol que está mudando?
Kasunga -
Não, seria uma análise muito simplista acreditar que seja isso. América do Sul e Europa continuam dominando. Quase todos os senegaleses jogam na França, que ganhou o último título mundial. Se estivessem jogando no Senegal, talvez não tivessem ido tão longe.

Folha - O senhor acha que a África terá algum retorno significativo se o Senegal for campeão?
Kasunga -
Seria importante pela repercussão, mas as pessoas iriam encarar como algo mais folclórico do que qualquer outra coisa. Na África, os problemas são muito sérios, são de estrutura, que não se resolvem com um título, nem o do Mundial.
Há muitos clubes que nem campos têm, jovens que vão treinar e reclamam de falta de bola, campeonatos que não encontram patrocinadores... A África é muito diferente da Europa e da América do Sul. Lá ainda nem se fala em direitos de TV, alguns jogos são exibidos, mas os clubes e as federações ganham pouco. Dependemos, na verdade, dos recursos da Fifa.


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