São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Sem data para se aposentar, Schumacher frustra concorrentes

Motivado, campeão afirma que já projeta novos títulos

DO ENVIADO A MAGNY-COURS

Michael Schumacher ainda estava ensopado de champanhe quando um jornalista, ontem, em Magny-Cours, o questionou sobre o desafio de tentar o sexto título de sua carreira em 2003.
Em vez de dar uma resposta evasiva e de dizer que naquele momento só pensava em curtir o título -padrão da maioria dos esportistas depois de um grande feito-, o alemão foi direto.
"Eu piloto por prazer. Tenho prazer em fazer boas corridas e, assim, espero conquistar um outro título. Tanto eu como a equipe estamos em excelente forma e acho que podemos manter isso por mais algum tempo", afirmou o alemão. "É para isso que vivemos, é por isso que amamos o esporte", acrescentou ele.
As declarações do piloto devem ter caído como uma ducha de água fria na concorrência, que anseia por sua aposentadoria.
Com contrato com a Ferrari até o fim de 2004, Schumacher parece hoje mais propenso à renovação do que a uma saída de cena.
Aos 33 anos, ele pode perfeitamente disputar mais quatro ou cinco temporadas na F-1. Atualmente, o piloto mais velho da categoria é o irlandês Eddie Irvine, que vai completar 37 anos dentro de quatro meses.
"Enquanto eu me mantiver motivado, enquanto eu acordar todos os dias com vontade de pilotar, continuarei na F-1", disse.
Companheiro de Schumacher pela terceira temporada, Rubens Barrichello ilustrou bem a determinação do pentacampeão.
"Quando ele vai se aposentar? Acho que nunca. Na semana passada, ele não estava escalado para os testes da Ferrari, mas, de surpresa, apareceu em Fiorano em pleno sábado e pediu um carro", revelou o brasileiro.
Uma coisa, porém, é certa. Quando parar, Schumacher vai ocupar algum cargo na direção esportiva da Ferrari.
É esse o combinado com Luca di Montezemolo, presidente da escuderia italiana.
Informalmente, nos bastidores, o alemão já tem certo poder de direção na Ferrari desde que foi contratado, no final de 1995.
Foi ele que exigiu as contratações do engenheiro Ross Brawn e do projetista Rory Byrne, seus ex-colegas de Benetton e peças fundamentais na transformação da Ferrari em um time vencedor.
Pouco a pouco, à medida que batia recordes, Schumacher foi ganhando mais prestígio -e poder- na estrutura ferrarista.
Hoje, é o piloto que mais corridas fez pelo time mais tradicional da F-1. E, obviamente, é o que mais vitórias e títulos conseguiu.
Montezemolo, que assistiu ao GP em Bolonha, na Itália, e chegou no final da tarde de ontem a Magny-Cours, resumiu bem o sentimento da Ferrari em relação ao mais novo pentacampeão.
"Em 1975, quando o [Niki" Lauda nos tirou de um jejum de 11 anos sem títulos, achei que aquele era o dia mais feliz da minha vida. Em 2000, quando o Michael [Schumacher" acabou com um jejum de 21 anos, tive o mesmo sentimento. Nada, porém, se compara com isso que estou sentindo agora", declarou o homem-forte da escuderia de Maranello.
"Ele está fazendo história. E com um carro que saiu das nossas oficinas. Por mim, ele fica na Ferrari pra sempre." (FÁBIO SEIXAS)

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