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AUTOMOBILISMO
Sem data para se aposentar, Schumacher frustra concorrentes
Motivado, campeão afirma que já projeta novos títulos
DO ENVIADO A MAGNY-COURS
Michael Schumacher ainda estava ensopado de champanhe
quando um jornalista, ontem, em
Magny-Cours, o questionou sobre o desafio de tentar o sexto título de sua carreira em 2003.
Em vez de dar uma resposta
evasiva e de dizer que naquele
momento só pensava em curtir o
título -padrão da maioria dos
esportistas depois de um grande
feito-, o alemão foi direto.
"Eu piloto por prazer. Tenho
prazer em fazer boas corridas e,
assim, espero conquistar um outro título. Tanto eu como a equipe
estamos em excelente forma e
acho que podemos manter isso
por mais algum tempo", afirmou
o alemão. "É para isso que vivemos, é por isso que amamos o esporte", acrescentou ele.
As declarações do piloto devem
ter caído como uma ducha de
água fria na concorrência, que anseia por sua aposentadoria.
Com contrato com a Ferrari até
o fim de 2004, Schumacher parece
hoje mais propenso à renovação
do que a uma saída de cena.
Aos 33 anos, ele pode perfeitamente disputar mais quatro ou
cinco temporadas na F-1. Atualmente, o piloto mais velho da categoria é o irlandês Eddie Irvine,
que vai completar 37 anos dentro
de quatro meses.
"Enquanto eu me mantiver motivado, enquanto eu acordar todos os dias com vontade de pilotar, continuarei na F-1", disse.
Companheiro de Schumacher
pela terceira temporada, Rubens
Barrichello ilustrou bem a determinação do pentacampeão.
"Quando ele vai se aposentar?
Acho que nunca. Na semana passada, ele não estava escalado para
os testes da Ferrari, mas, de surpresa, apareceu em Fiorano em
pleno sábado e pediu um carro",
revelou o brasileiro.
Uma coisa, porém, é certa.
Quando parar, Schumacher vai
ocupar algum cargo na direção
esportiva da Ferrari.
É esse o combinado com Luca
di Montezemolo, presidente da
escuderia italiana.
Informalmente, nos bastidores,
o alemão já tem certo poder de direção na Ferrari desde que foi
contratado, no final de 1995.
Foi ele que exigiu as contratações do engenheiro Ross Brawn e
do projetista Rory Byrne, seus ex-colegas de Benetton e peças fundamentais na transformação da
Ferrari em um time vencedor.
Pouco a pouco, à medida que
batia recordes, Schumacher foi
ganhando mais prestígio -e poder- na estrutura ferrarista.
Hoje, é o piloto que mais corridas fez pelo time mais tradicional
da F-1. E, obviamente, é o que
mais vitórias e títulos conseguiu.
Montezemolo, que assistiu ao
GP em Bolonha, na Itália, e chegou no final da tarde de ontem a
Magny-Cours, resumiu bem o
sentimento da Ferrari em relação
ao mais novo pentacampeão.
"Em 1975, quando o [Niki" Lauda nos tirou de um jejum de 11
anos sem títulos, achei que aquele
era o dia mais feliz da minha vida.
Em 2000, quando o Michael
[Schumacher" acabou com um jejum de 21 anos, tive o mesmo sentimento. Nada, porém, se compara com isso que estou sentindo
agora", declarou o homem-forte
da escuderia de Maranello.
"Ele está fazendo história. E
com um carro que saiu das nossas
oficinas. Por mim, ele fica na Ferrari pra sempre."
(FÁBIO SEIXAS)
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