DA REDAÇÃO

Foi anunciado ontem em comunicado oficial que Barcelona e Rivaldo concordaram em rescindir o contrato entre ambos que iria até meados de 2003.
Na verdade, o acordo, que deu fim a passagem vitoriosa do brasileiro pelo clube catalão, foi uma espécie de dispensa, afinal, não havia mais espaço para ele na equipe comandada por seu desafeto Louis van Gaal.
Além disso, o clube não queria mais arcar com os US$ 6 milhões anuais pagos ao atleta. E mais ainda: já tinha contratado para seu posto o argentino Riquelme e o espanhol Mendieta, que estava na Lazio, equipe da Itália.
Por outro lado, livrando-se de Rivaldo, o time atinge a cota permitida de apenas quatro jogadores extracomunitários.
""Ambas as partes acreditam que a decisão foi interessante. Elas desejam expressar que a relação até agora foi boa e que há boa vontade nas conversas que estão tendo", afirma o comunicado presente na página oficial do Barcelona na Internet.
Não foram divulgados detalhes do acerto. O clube, por exemplo, queria incluir uma cláusula em que o jogador não poderia se transferir para o arqui-rival Real Madrid. Rivaldo não aceitava a restrição ("Vou para o lugar que quiser", afirmou ele).
Já o Real Madrid não quis entrar na polêmica e, em comunicado especial, disse que não quer interferir nos eventos da Catalunha.
Deve haver uma compensação monetária, mas o clube só deve divulgar o montante em pronunciamento durante a semana.
Rivaldo, 30, chegou ao time em 1997, vindo do La Coruña. Nas duas primeiras temporadas ganhou dois campeonatos nacionais, além de uma Copa do Rei. Foi o artilheiro do time nos últimos torneios e, no total, marcou 130 gols pelas cores azul e grená. Em 1999, ganhou o prêmio de melhor jogador do mundo.
A temporada passada, porém, foi recheada de contusões e infiltrações. O jogador só se recuperou antes da Copa do Mundo, quando marcou cinco gols na campanha do pentacampeonato.
Seus atritos com Van Gaal prenunciavam a saída de Rivaldo. Na passagem anterior do técnico holandês, os dois não se entenderam sobre sua posição tática (o treinador queria ele pela esquerda, o jogador queria ter mais liberdade).
O acerto foi feito por emissários do clube no Brasil (enviou o diretor Xavier Farguell e o advogado Leopoldo Hinjós), mas o jogador deve viajar dentro de uma semana para a Espanha para providenciar sua mudança e dar declarações à imprensa. Em uma pesquisa com leitores, o jornal ""El Mundo Deportivo" apontou que a torcida estava dividida: metade queria que ficasse, e a outra, que fosse embora. Uma das manchetes de ontem da agência Efe traduz isso: ""Rivaldo, um incompreendido que faz gols".