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FUTEBOL
Saldo positivo
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
"Se o Alex e o Luis Fabiano
jogarem um pouquinho, a
marcação vai ter de se preocupar
com eles também e alguém vai sobrar sozinho." Não é possível que
o Galvão Bueno tenha visto o
Alex -ou qualquer outro- desmarcado aos 30min do primeiro
tempo de ontem. Ou "sem vontade". Galvão dá ordens a Alex o
tempo todo (como fazia com Zinho em 94); o desmente quando
ele diz que o gol uruguaio saiu em
um erro do Brasil (sendo que o
próprio repórter da Globo disse
que Parreira e Júlio César pediam
para a defesa sair da área, e não
foram atendidos. E o goleiro brasileiro, excelente na competição,
falhou). É muita implicância!
Galvão julga cada lance, narra
adjetivando, culpa um ("passe
horrível") e isenta outro ("a bola
correu demais"), decreta sua opinião como fato irrefutável. Ele se
desespera na metade da etapa
inicial e diz que "o time está nervoso". Só tem o maior cuidado,
mede muito bem as palavras, na
hora de criticar o presidente da
CBF. O pior é milhões de pessoas
não terem a opção de ver o jogo
com outra visão.
Não acho que o Brasil tenha jogado tão mal no primeiro tempo.
Havia movimentação e bons lances individuais, mas uma marcação muito forte e muito bem-feita
do Uruguai. Mesmo assim, ganhamos divididas e criamos
chances de gol. Não perdemos a
calma nem tomamos sufoco -a
não ser nos minutos iniciais do jogo, que deixaram uma impressão
muito forte, mas não foram um
retrato fiel do jogo todo.
Adriano se esforçou uma barbaridade; Gustavo Nery alternou
bons e maus momentos, mas não
ajudou a desequilibrar a nosso favor. Maicon também não. Alex é
lúcido e útil; Edu teve calma e categoria e quase resolveu no primeiro tempo. Kleberson também
teve jogadas isoladas muito boas,
mas sumiu um pouco no conjunto. Renato cometeu dois ou três
erros perigosos, mas, em geral, teve bom volume de jogo. Desarmou, saiu jogando tranqüilamente em momentos de sufoco e
mais ajudou que atrapalhou. A
zaga também foi irregular.
Apesar de tantos senões e problemas, ainda acho que o Brasil
fez um bom jogo. Teve dificuldades e as superou, mesmo sem se
garantir no tempo normal. O time foi melhorando durante o jogo, e já estava começando a se
acertar antes do intervalo. Parreira parece ter consertado pequenos defeitos no vestiário, embora
tenha feito uma substituição discutível (não acho que Diego deva
entrar no lugar do Kleberson).
Se o Brasil perder a final contra
a Argentina, é possível que tenhamos reações furiosas, condenações à fogueira e protestos contra
a comissão técnica e os titulares
dispensados. Mas acho que o saldo da Copa América foi positivo.
Pedimos duas coisas para a seleção: tempo para treinar e entrosar a equipe (o que não seria possível com jogadores exaustos e desinteressados) ou chance para testar alguns jogadores -e isso,
Parreira fez. Poderia ter dado
mais chances a Felipe e a Vágner
Love, mas as coisas nunca serão
exatamente como a gente quer.
Ilusão
Muitos insistem em subir o
preço do ingresso para acabar
com os problemas. Mas o torcedor "abonado" (lembra disso?) vai enfrentar o frio, a distância, o desconforto e o horário inconveniente para ir à arquibancada? E se o acesso for
um gargalo mal organizado, vai
haver tumulto; se os seguranças
forem despreparados, vai haver
terror, seja qual for o poder
aquisitivo dos freqüentadores.
O jeito
Rogério pode ter motivos justos para querer deixar o Corinthians -uma boa proposta,
um dívida mal resolvida-,
mas não acho que tenha agido
do modo mais adequado. Ele
tem o direito de escolher seu caminho, mas a despedida poderia ser mais franca.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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