São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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ATENAS 2004

Em acordo não-oficial, Grécia, que gastou US$ 1,2 bi em segurança, burla lei e libera proteção americana

EUA levam agente armado e FBI aos Jogos

DA REPORTAGEM LOCAL

Agentes armados dos EUA irão zelar pelos atletas do país na Olimpíada. Após intensa negociação, autoridades gregas permitiram que 400 norte-americanos com armas sejam enviados para Atenas. O privilégio poderá ser estendido também aos britânicos.
A Grécia não deve reconhecer oficialmente o acordo, que fere a lei do país -é vetado que estrangeiros entrem armados em seu território. Teme também incitar o sentimento anti-EUA e receber a pressão de outros países que possam reivindicar o privilégio.
Até hoje, o único país que pode usar agentes armados nos Jogos é Israel. A medida foi tomada após os Jogos de Munique. Em 1972, a delegação israelense foi alvo de atentado que chocou o mundo. Um grupo terrorista palestino entrou na Vila Olímpica, matou dois atletas e fez outros de reféns. Fracassada tentativa de resgate resultou na morte de mais nove.
"Estou certo de que poderemos usar nossas armas", disse um oficial dos EUA ao diário "The New York Times". Segundo ele, os gregos fizeram concessões que não serão divulgadas. "Nós vamos tentar fazer isso da melhor forma, para não ferir o orgulho deles."
Além das forças especiais, cerca de cem agentes serão guarda-costas de atletas e autoridades. A equipe inclui o FBI, a polícia federal americana. Em Sydney-00, o país levou 601 competidores.
Os EUA estão no grupo de sete países, em parceria com a Otan, que tentam fazer da Olimpíada de agosto a mais segura da história.
A principal preocupação são os ataques terroristas, intensificada após os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York, e de 11 de março deste ano, em Madri.
Atenção semelhante com a segurança só havia sido vista em Atlanta-96. Nos EUA, atentado a bomba matou duas pessoas.
O investimento no setor será de US$ 1,2 bilhão (cerca de quatro vezes o valor despendido em Sydney-00), com cerca de 70 mil agentes trabalhando.
O governo da Grécia negou que tenha liberado os agentes dos EUA a andarem armados e disse que a segurança dos atletas será feita só pelos gregos. Autoridades estrangeiras, no entanto, poderão contar com seu próprio esquema.
"A visita de líderes de vários países é feita sob um protocolo especial de segurança", afirmou o ministro da Ordem Pública, Giorgos Voulgarakis, sem deixar claro, no entanto, se o uso de armas próprias faz parte desse protocolo.
O governo grego teme que a presença de guardas estrangeiros armados possa minar a autoridade de seus agentes. Também está preocupado com as reações deles diante de protestos de rua, manobras de motos para fugir do trânsito ou até pequenas bombas plantadas por grupos anarquistas.
Em maio, a capital grega foi atingida por dois atentados a bomba sem vítimas.


Com agências internacionais


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