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São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Anatomia de uma queda

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Nem os cruzeirenses esperavam uma vitória tão elástica sobre o Santos. Antes do jogo, focalizados pelas câmeras na arquibancada, os torcedores mais otimistas faziam sinal de "dois a zero" para o time azul.
Quer dizer, então, que os dois times não são tão equilibrados como se dizia?
Devagar com o andor. Cruzeiro e Santos são, sim, times de mesmo nível, quando estão em suas condições ideais. A queda santista no Mineirão tem explicações muito concretas. Vamos a elas.
1. A ausência de Diego. Talvez o Santos não dependa tanto dele quanto o Cruzeiro de Alex, mas o jovem meia é quem costuma organizar o jogo e iniciar suas principais ações ofensivas.
2. Os erros de escalação de Leão. Sem poder contar com Diego e Reginaldo Araújo, o técnico podia ter-se limitado a escalar Jerri e Neném em seus lugares, sem mexer na boa estrutura do time.
Ao tirar o atacante William e escalar mais um volante (Alexandre), deslocando Elano para a frente, Leão resolveu experimentar na hora errada, justo contra seu oponente mais forte.
3. A expulsão de Fabiano. Até então, a partida estava equilibrada, e o Santos, mesmo com os problemas citados, tinha chances reais de empatar.
Mas a bobagem cometida pelo meia santista desorganizou uma equipe que já não estava com sua melhor formação. Além disso, abalou os nervos dos jogadores e deu um ânimo extra ao Cruzeiro.
A partir daí, Alex e seus companheiros deitaram, rolaram e poderiam ter saído com uma goleada ainda mais sonora.
Houve também, é claro, falhas pontuais, como o pênalti que André Luiz cometeu por pura afoiteza -aliás um problema um tanto frequente da zaga santista, como já ficara claro nos jogos contra o Boca na Libertadores.
Alguns dirão que só falei do Santos. É que o Peixe foi o time que teve problemas, que errou, que poderia ter agido de outra maneira. O Cruzeiro fez tudo certo. Limitou-se a jogar seu esplêndido futebol.
Falou-se muito, durante a semana, sobre uma eventual superioridade do "conjunto" santista sobre o cruzeirense.
Mas o entrosamento do time azul é admirável. Tanto que o time não cai de produção quando troca um jogador por outro (como Márcio por Alex Alves no jogo de sábado).
Quando um cruzeirense retoma a bola para a sua equipe, vários companheiros imediatamente se deslocam para facilitar-lhe a troca de passes. O jogo flui com rapidez e eficiência.
No sábado, Alex foi menos ofensivo, talvez tenha brilhado menos que de costume, mas ajudou seu time a ganhar o meio-campo e sair rápido para o contra-ataque. Foi um maestro. Outros que jogaram muito foram Leandro, Aristizábal e, quem diria, Cris.
Um lance para lembrar: Alex tocou de calcanhar para Leandro, que cruzou na medida para Aristizábal cabecear no travessão. Não foi gol, mas o sábado ficou mais bonito.

Apatia tricolor
O São Paulo perdeu a terceira colocação para o Coritiba porque entrou numa pasmaceira depois de virar em três minutos o jogo contra o Atlético-MG. Aproveitando a apatia e a falta de inspiração tricolor, o Galo colocou sangue novo em campo. Tanto bateu até que furou a atrapalhada defesa são-paulina e empatou a partida.

Declínio alvinegro
Criciúma 1 x 0 Corinthians foi um jogo "de dar calo na vista" (como diria Dadá Maravilha) de tão feio. O desmanche promovido pela diretoria corintiana, aliado às contusões de atletas importantes, deixaram o alvinegro com um elenco medíocre e sem padrão de jogo. O Corinthians até tem tempo para se recuperar na tabela. O que não tem é time.


E-mail jgcouto@uol.com.br


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