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AUTOMOBILISMO
FIA julga hoje, em Paris, o apelo da Ferrari contra a decisão dos fiscais do GP da Malásia
Julgamento da F-1 vira espetáculo
FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Sepang
A FIA, entidade máxima do automobilismo, transformou em
"espetáculo" o julgamento do
apelo da Ferrari, hoje, em Paris.
A equipe italiana protesta contra a desclassificação de seus dois
pilotos do GP da Malásia, 15ª e penúltima etapa do Mundial de F-1,
no último domingo, em Sepang.
A sessão, que definirá os rumos
do campeonato, acontecerá na
Corte de Apelações da entidade a
partir das 5h30 (de Brasília).
O resultado, no entanto, só será
divulgado amanhã -e em um
ambiente totalmente cerimonial.
Cena inédita, a decisão dos juízes
será lida no auditório da FIA pelo
próprio Max Mosley, advogado
inglês que preside a entidade.
A Ferrari perdeu todos os pontos que ganhou no GP da Malásia
depois que uma vistoria encontrou uma irregularidade de 1 cm
nos defletores, apêndices aerodinâmicos dos carros, próximos às
tomadas de ar para o radiador.
Na pista, a Ferrari havia conseguido dobradinha, com vitória de
Eddie Irvine, seguido por Michael
Schumacher. Mika Hakkinen, da
McLaren, foi o terceiro colocado.
Esse resultado levava a decisão
do Mundial para a última etapa,
no Japão, dia 31, com Irvine estabelecendo uma vantagem de quatro pontos sobre o finlandês.
Porém, com a desclassificação
da Ferrari, Hakkinen herdou a vitória e conquistou antecipadamente, em Sepang, o bicampeonato do Mundial de Pilotos.
A Ferrari protestou, pagou US$
5 mil (cerca de R$ 10 mil) e entrou
com um recurso na Corte de Apelações, a última instância no automobilismo mundial.
A escuderia reconhece a irregularidade, mas alega que ela foi involuntária e que não trazia vantagem nenhuma para os carros.
Há três desfechos possíveis para
o caso Ferrari x FIA.
O primeiro -e mais provável- é a manutenção da pena e a
consequente confirmação do bicampeonato de Hakkinen.
O segundo -e mais diplomático- é a devolução dos pontos
apenas para Irvine e Schumacher,
punindo a equipe na disputa do
Mundial de Construtores.
O terceiro -e mais improvável- é a absolvição total da Ferrari. A FIA faria vistas grossas a
uma quebra do regulamento.
Ontem, em Paris, o porta-voz
da FIA, Francesco Longanesi, explicou a dinâmica do julgamento.
"O apelo será ouvido por cinco
juízes (e não três, como divulgado
antes). Suas identidades serão
mantidas em sigilo até o início da
audiência", declarou o italiano.
Na tentativa de valorizar seu
"horário nobre" nas TVs do mundo todo, a FIA quer manter uma
imagem de independência. E divulgou que os juízes não serão influenciados pelo festival de opiniões dadas durante a semana.
"Os cinco juízes não estão relacionados com nenhuma pessoa
envolvida no automobilismo,
apesar de terem bom conhecimento do assunto", dizia um comunicado da entidade distribuído ontem. "São advogados experientes em seus países. A FIA gostaria de expressar que eles não serão influenciados", afirma a nota.
Do ex-piloto sul-africano Jody
Scheckter, último campeão mundial pela Ferrari, há 20 anos, a
Max Mosley, muitos deram palpites sobre o que deve acontecer.
O mais realista talvez tenha sido
o inglês Johhny Herbert, da Stewart. Há três anos, quando estava
na Sauber, foi eliminado do GP da
França por uma falha idêntica.
"Nem apelamos porque achamos que não tínhamos chances.
Não interessa se conseguíamos ou
não alguma vantagem com aquilo. O problema é que estávamos
quebrando as regras", disse.
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