São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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AUTOMOBILISMO
FIA julga hoje, em Paris, o apelo da Ferrari contra a decisão dos fiscais do GP da Malásia
Julgamento da F-1 vira espetáculo

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Sepang

A FIA, entidade máxima do automobilismo, transformou em "espetáculo" o julgamento do apelo da Ferrari, hoje, em Paris.
A equipe italiana protesta contra a desclassificação de seus dois pilotos do GP da Malásia, 15ª e penúltima etapa do Mundial de F-1, no último domingo, em Sepang.
A sessão, que definirá os rumos do campeonato, acontecerá na Corte de Apelações da entidade a partir das 5h30 (de Brasília).
O resultado, no entanto, só será divulgado amanhã -e em um ambiente totalmente cerimonial. Cena inédita, a decisão dos juízes será lida no auditório da FIA pelo próprio Max Mosley, advogado inglês que preside a entidade.
A Ferrari perdeu todos os pontos que ganhou no GP da Malásia depois que uma vistoria encontrou uma irregularidade de 1 cm nos defletores, apêndices aerodinâmicos dos carros, próximos às tomadas de ar para o radiador.
Na pista, a Ferrari havia conseguido dobradinha, com vitória de Eddie Irvine, seguido por Michael Schumacher. Mika Hakkinen, da McLaren, foi o terceiro colocado.
Esse resultado levava a decisão do Mundial para a última etapa, no Japão, dia 31, com Irvine estabelecendo uma vantagem de quatro pontos sobre o finlandês.
Porém, com a desclassificação da Ferrari, Hakkinen herdou a vitória e conquistou antecipadamente, em Sepang, o bicampeonato do Mundial de Pilotos.
A Ferrari protestou, pagou US$ 5 mil (cerca de R$ 10 mil) e entrou com um recurso na Corte de Apelações, a última instância no automobilismo mundial.
A escuderia reconhece a irregularidade, mas alega que ela foi involuntária e que não trazia vantagem nenhuma para os carros.
Há três desfechos possíveis para o caso Ferrari x FIA.
O primeiro -e mais provável- é a manutenção da pena e a consequente confirmação do bicampeonato de Hakkinen.
O segundo -e mais diplomático- é a devolução dos pontos apenas para Irvine e Schumacher, punindo a equipe na disputa do Mundial de Construtores.
O terceiro -e mais improvável- é a absolvição total da Ferrari. A FIA faria vistas grossas a uma quebra do regulamento.
Ontem, em Paris, o porta-voz da FIA, Francesco Longanesi, explicou a dinâmica do julgamento.
"O apelo será ouvido por cinco juízes (e não três, como divulgado antes). Suas identidades serão mantidas em sigilo até o início da audiência", declarou o italiano.
Na tentativa de valorizar seu "horário nobre" nas TVs do mundo todo, a FIA quer manter uma imagem de independência. E divulgou que os juízes não serão influenciados pelo festival de opiniões dadas durante a semana.
"Os cinco juízes não estão relacionados com nenhuma pessoa envolvida no automobilismo, apesar de terem bom conhecimento do assunto", dizia um comunicado da entidade distribuído ontem. "São advogados experientes em seus países. A FIA gostaria de expressar que eles não serão influenciados", afirma a nota.
Do ex-piloto sul-africano Jody Scheckter, último campeão mundial pela Ferrari, há 20 anos, a Max Mosley, muitos deram palpites sobre o que deve acontecer.
O mais realista talvez tenha sido o inglês Johhny Herbert, da Stewart. Há três anos, quando estava na Sauber, foi eliminado do GP da França por uma falha idêntica.
"Nem apelamos porque achamos que não tínhamos chances. Não interessa se conseguíamos ou não alguma vantagem com aquilo. O problema é que estávamos quebrando as regras", disse.


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