TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Nos últimos três anos, o Santos foi campeão brasileiro duas vezes e obteve um vice. Neste ano, o time trocou de técnico, perdeu vários jogadores, mas contratou outros do mesmo nível e manteve a eficiência de 2003, quando perdeu para o Cruzeiro.
Elano mudou de posição e substituiu bem Diego. Renato saiu e entrou o talentoso Ricardinho. No campeonato anterior, o Santos não tinha um bom centroavante nem um razoável lateral-direito. Agora tem os excelentes Deivid e Paulo Cesar.
Assim como Robinho, Léo continua brilhante. Com Luxemburgo, Léo melhorou na marcação e aprendeu a atacar na hora certa. Parreira não tem mais o argumento de que ele avança demais e marca pouco para não convocá-lo. Não há também outro excelente reserva para o Roberto Carlos.
No torneio por pontos corridos, todas as partidas são importantes, mas algumas podem ser decisivas, como a do Santos contra o São Caetano e a do Atlético-PR diante do Vasco. Luxemburgo sabia que elas decidiriam o título.
Por isso, o Santos buscou a vitória desde o início enquanto o Atlético-PR se preocupou demais com o resultado do Santos e demorou para pressionar o Vasco, que jogava recuado.
Levir Culpi é um bom e sério treinador, fez um excelente trabalho no Atlético-PR, mas os seus vices não são por acaso.

Alívio no final
Após as declarações sinceras do Junior, não há dúvidas sobre as ridículas brigas internas no Flamengo. Por isso e pela ineficiência dos jogadores e das comissões técnicas, o Flamengo só se livrou do rebaixamento na última rodada. Andrade foi o melhor dos treinadores do Flamengo no torneio.
Flamengo e Atlético-MG fizeram na última rodada o que não mostraram durante o campeonato. O verdadeiro futebol das duas equipes não é o do jogo final.
Alguns atletas medianos se sentiram heróis após a vitória, como Alessandro, do Atlético-MG. O lateral disse que vai estudar todas as propostas para decidir se troca ou não de clube. Parei!
Por outro lado, alguns jogadores poderiam fazer no campeonato melhor do que fizeram. O jovem Renato, do Atlético-MG, escalado pelo Procópio na posição correta, de meia mais avançado pela direita, confirmou que é uma boa promessa.
Atlético-MG e Botafogo fizeram péssimas campanhas, porém são clubes que estão saneando suas finanças, montando boas estruturas profissionais e gastando o que podem para terem, no futuro, equipes melhores e duradouras.
Esse é o caminho.
Independentemente de suas administrações financeiras, os departamentos de futebol de Botafogo, Flamengo e Atlético-MG cometeram muitos erros.
Nessa época de pouco dinheiro, é preciso contratar bons profissionais para as comissões técnicas, dar tempo para os técnicos trabalharem e descobrir atletas pouco valorizados, que possam evoluir. Isso não é fácil. Faltam pessoas competentes para dirigir o futebol dos clubes.

Grande personagem
Tevez me lembra o Edmundo. Dentro e fora de campo. Tevez é um atacante habilidoso, veloz, agressivo, que se mexe por todos os lados, faz gols e dá bons passes. Ele não é um artilheiro que atua centralizado, como Romário, nem um meia ofensivo, como Alex, Kaká, Petkovic e Jadson.
Fora de campo, pelas informações que podem não ser as mais corretas, Tevez não se preocupa também em ser politicamente correto. Disseram que ele foi de chinelo na festa de sua apresentação no Corinthians. Tevez disse ainda que Maradona foi melhor do que Pelé. O jogador parece também ser impulsivo e franco como Edmundo. Tevez será um ótimo jogador e um grande personagem para o futebol brasileiro.
Tevez é jovem, excelente, mas ainda não é um craque (não sei se será) como Ronaldinho, Ronaldo, Adriano nem como Edmundo nos seus melhores dias. Tevez vai precisar de apoio. As pessoas não deveriam ter preconceitos nem má vontade com o jogador.

Poeta da bola
Ronaldinho é mais do que o melhor jogador do esporte mais popular do mundo. Além de ser eficiente -criar jogadas para os companheiros é tão decisivo quanto marcar gols-, Ronaldinho é um artista, um poeta da bola. São os artistas que recriam, reinventam, deformam o mundo e tornam a vida mais prazerosa.

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