São Paulo, domingo, 23 de janeiro de 2011

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contrapartida

Laboratório credenciado para fazer antidoping passa por auditoria que definirá se pode subsidiar testes para confederações olímpicas

DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Único laboratório brasileiro credenciado na Wada (Agência Mundial Antidoping), o Ladetec está passando por uma auditoria a pedido do Ministério do Esporte.
Técnicos da Coppead, o instituto de pesquisa de administração da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), analisam as contas do centro de análises desde setembro do ano passado.
Está sendo avaliado se há condições de os exames antidoping terem seus preços reduzidos ou serem até mesmo gratuitos para as confederações de esportes olímpicos. A previsão é que o resultado da auditoria saia em março.
Apenas 8 das 30 entidades filiadas ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) submetem seus atletas a testes antidopagem nas competições nacionais de adultos.
Uma análise pode custar de R$ 530 a R$ 1.000.
Desde 2005, o Ladetec consegue manter sua aparelhagem atualizada e dentro dos padrões exigidos pela Wada por meio de injeções financeiras do ministério.
Por se beneficiar de verba pública, a contrapartida do laboratório seria subsidiar exames às confederações.
No final de 2010, por exemplo, o centro de pesquisas recebeu um equipamento alemão que pode detectar hormônios de crescimento nas amostras dos atletas.
Sem essa máquina, o Ladetec poderia perder o credenciamento da Wada.
Ela custou R$ 550 mil e foi adquirida pelo Ministério do Esporte. Tal qual os dez equipamentos que chegaram há seis anos e foram utilizados no Pan do Rio, em 2007.
O laboratório recebeu um aporte financeiro de aproximadamente R$ 5 milhões da pasta. São esses mesmos equipamentos os utilizados atualmente para fazer os cerca de 4.500 exames anuais.
"O governo vem com esse discurso: "Eu dei de graça, por que você não me dá um desconto?". Mas dar desconto por quê? Porque aí é presente de grego", diz Francisco Radler, chefe do Ladetec.
Ele diz que o faturamento do laboratório é suficiente só para mantê-lo funcionando.
Além dos exames de dopagem, o Ladetec faz controle de carnes bovinas para o Ministério da Agricultura e análises para a Petrobras.
Segundo Radler, o centro arrecada R$ 4 milhões anuais, distribuídos de forma "quase" igualitária entre as três atividades.
"Mas 18% do meu faturamento eu pago em taxas à universidade. Minha folha salarial custa R$ 120 mil mensais, porque os técnicos são todos contratados, além dos custos operacionais, que são altíssimos", cita Radler.
"Minha lucratividade é muito pequena", completa.
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério do Esporte evitou comentar sobre o que será feito ao final da análise da Coppead.
"O governo brasileiro tem a necessidade de saber o tipo de administração e as fontes dos recursos dos laboratórios", declara, por e-mail.
"[Precisamos] aferir os itens que compõem os preços do Ladetec e a compatibilidade com o mercado mundial, para o laboratório passar a ter parâmetros comparativos", finaliza a nota.


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