São Paulo, segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

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FUTEBOL

Todas as equipes grandes têm jogadores de pouca projeção ou em má fase vestindo a camisa que simboliza técnica

Crise dos 10 conspira contra o Paulista

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O nível técnico do Paulista-04 vai mal, e muito disso é culpa daqueles que vestem a camisa que virou símbolo de técnica no país.
Os quatro grandes do Estado têm hoje vestindo suas camisas número 10 jogadores de pouca projeção ou em má forma.
Tanto assim que nenhum dos quatro aparece com destaque na artilharia ou nos fundamentos contabilizados pelo Datafolha.
O corintiano Gil, 23, e o santista Diego, 18, ainda não balançaram as redes no campeonato. O são-paulino Marquinhos, 22, e o palmeirense Diego Souza, 19, já marcaram, mas estão bem longe de brilhar e empolgar os torcedores.
Atletas que já serviram a seleção brasileira, Gil e Diego não são no Estadual nem sombra do que já foram em outras competições.
Gil, por exemplo, representa bem a queda de rendimento dos dribladores. No ano passado, ele foi o terceiro colocado desse ranking do Datafolha, com média de 4,5 tentativas por partida.
Hoje, não aparece nem entre os 20 melhores e não executa a metade das fintas que costumava aplicar em 2003. Sua média atual é de dois dribles. O jogador culpa a inflamação no púbis que o tirou dos últimos jogos do Corinthians pela queda. "É a pior contusão que já tive. No começo, joguei com dores, achava que a região estava dolorida por causa dos treinos da pré-temporada", afirmou Gil.
O fracasso no Pré-Olímpico do Chile e a falta de férias parecem ter afetado Diego. Um dos jogadores mais badalados do país, ele não aparece entre os dez melhores em nenhum dos rankings elaborados pelo Datafolha.
Assim, vem sendo substituído com freqüência pelo técnico Emerson Leão, que deu um recado ao meia após ver seu pupilo reclamar ao ser sacado no jogo contra o Jorge Wilstermann pela Libertadores. "Quem não se encaixar não joga", afirmou Leão.
Companheiros de Santos que também naufragaram no Chile e estão sem férias, especialmente Robinho, continuam em alta. O atacante já fez seis gols, é o vice-artilheiro do Paulista e está entre os quatro maiores dribladores.

Sem crédito
Se Gil e Diego ainda têm crédito para queimar, o são-paulino Marquinhos e o palmeirense Diego Souza tentam, principalmente o primeiro, acabar com a desconfiança das arquibancadas.
Indicado pelo técnico Cuca, com quem trabalhou no Paraná, Marquinhos foi escolhido pelo São Paulo para vestir a camisa 10 por toda a temporada -o clube adotou uma numeração fixa.
Dentro de campo, não justificou a honraria. Ele não consegue em nenhum fundamento lugar entre os 20 melhores do campeonato.
Anteontem, contra o Sorocaba, marcou seu primeiro gol no Paulista, mas antes, no intervalo, foi advertido por Cuca. O treinador disse a ele que, caso não quisesse jogar, era só pedir para sair.
Marquinhos tem como sombra o meia Souza, nome que a torcida são-paulina pede com certa freqüência nos jogos no Morumbi.
No Palmeiras, Diego Souza não repete em 2004 o bom desempenho do ano passado, quando era um dos destaques do meio-campo da equipe na campanha vitoriosa na Série B.
Contra o São Caetano, sábado, o jovem meia ainda foi protagonista de um lance violento. Ele deu uma entrada desleal no zagueiro Gustavo. Jogando assim, Diego Souza já acumulou três cartões amarelos e vai desfalcar o Palmeiras na próxima rodada.


Colaborou Ricardo Perrone, da Reportagem Local

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