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Pontos corridos começam após mata-mata no banco
Na média, treinadores da elite do Nacional, que abre hoje a sua terceira versão consecutiva no formato sem finais, estão no cargo há só 84 dias
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez em cada dez técnicos dizem
que, para vencer um campeonato
de pontos corridos, é preciso planejamento. E, para o Brasileiro
deste ano, parece que foi mesmo
tudo planejado. Ao contrário.
Só seis treinadores que iniciam
a disputa estão há mais de cem
dias no cargo. Nove não completaram nem um mês no comando
de suas equipes. Na média, os técnicos do Nacional deste ano estão
empregados há apenas 84 dias.
O terceiro Brasileiro por pontos
corridos da história começa hoje
tendo como ótimos exemplos para a falta de planejamento seus
três maiores vencedores: Flamengo, Palmeiras e Vasco. Os tetracampeões do país definiram seus
treinadores agorinha há pouco.
Dário Lourenço verá a estréia de
seu Vasco amanhã contra o Brasiliense três dias após assumir. Hoje, o Palmeiras começa contra o
São Caetano a era Paulo Bonamigo, que chega ao seu segundo dia.
O Flamengo, por sua vez, pega o
Cruzeiro vinte e poucas horas depois de Celso Roth dar início ao
seu "reinado" na Gávea.
Mudando o foco para os rivais
dos tetracampeões nacionais neste fim de semana, vê-se uma estabilidade muito maior, mas igualmente ridícula para os padrões
europeus. Estevam Soares e
Valdyr Espinosa estão há um mês
e uma semana dirigindo São Caetano e Brasiliense, respectivamente. Levir Culpi, com o cargo a perigo após perder final do Mineiro
para o Ipatinga, completa incríveis quatro meses no tão organizado Cruzeiro.
A tradicional "dança dos técnicos" que assola os campeonatos
no país roubou a cena desta vez às
vésperas da mais esperada disputa. O São Paulo, um dos favoritos,
larga com um treinador interino.
Sem os principais técnicos do
país, agora produtos de exportação também, apenas um campeão
do Brasileiro como treinador é
comandante na elite nesta temporada. Antônio Lopes, que venceu
o Nacional em 1997 pelo Vasco,
segue firme e forte no Coritiba.
O recordista de longevidade no
cargo dentre os treinadores da
primeira divisão assumiu o clube
paranaense no dia 5 de janeiro do
ano passado. Ele é a versão brasileira de Sir Alex Ferguson, técnico
inglês que assumiu oficialmente o
Manchester United no dia 7 de
novembro de 1986.
Ivo Wortmann é outro treinador que faz uma história de mais
de um ano em clube do país. No
último dia 30, completou 12 meses de Juventude. Parece uma
eternidade, mas ele tem cinco vezes menos tempo de casa que Toninho Cerezo no Kashima Antlers
-no dia 20 de fevereiro, ele completou cinco anos consecutivos
trabalhando no clube japonês.
Só dois treinadores resistiram
em seus postos durante as 46 rodadas do Brasileiro passado. Desta vez, são 42 rodadas e dificilmente será alcançada a marca de
71 trocas de treinadores do ano
passado. Além de o torneio ser
menor, 16 clubes já trocaram sua
comissão técnica no ano, alguns
mais de uma vez -o Palmeiras,
por exemplo, já teve Estevam Soares e Candinho na gestão do novo
presidente, Afonso della Monica.
O argentino Daniel Passarella,
que pode ser o primeiro treinador
estrangeiro a ser campeão do Nacional, já festejou seus quase dois
meses à frente do Corinthians.
"Já bati meu recorde do Parma,
que foi ficar 42 dias empregado.
Mas o comum, para mim, é ficar
dois anos em um clube", disse.
Passarella, curiosamente, já é o
técnico de time grande paulista há
mais tempo no cargo. Há 51 dias
como comandante da equipe de
Kia Joorabchian e com um time
embalado, já está anos-luz na
frente dos maiores concorrentes.
Se as criticadas trocas constantes de treinadores ao menos motivam os times, como se diz, quase
todos os clubes entram superanimados logo de cara no Brasileiro.
Colaboraram Eduardo Arruda e Toni
Assis, da Reportagem Local
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