São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pontos corridos começam após mata-mata no banco

Na média, treinadores da elite do Nacional, que abre hoje a sua terceira versão consecutiva no formato sem finais, estão no cargo há só 84 dias

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dez em cada dez técnicos dizem que, para vencer um campeonato de pontos corridos, é preciso planejamento. E, para o Brasileiro deste ano, parece que foi mesmo tudo planejado. Ao contrário.
Só seis treinadores que iniciam a disputa estão há mais de cem dias no cargo. Nove não completaram nem um mês no comando de suas equipes. Na média, os técnicos do Nacional deste ano estão empregados há apenas 84 dias.
O terceiro Brasileiro por pontos corridos da história começa hoje tendo como ótimos exemplos para a falta de planejamento seus três maiores vencedores: Flamengo, Palmeiras e Vasco. Os tetracampeões do país definiram seus treinadores agorinha há pouco.
Dário Lourenço verá a estréia de seu Vasco amanhã contra o Brasiliense três dias após assumir. Hoje, o Palmeiras começa contra o São Caetano a era Paulo Bonamigo, que chega ao seu segundo dia. O Flamengo, por sua vez, pega o Cruzeiro vinte e poucas horas depois de Celso Roth dar início ao seu "reinado" na Gávea.
Mudando o foco para os rivais dos tetracampeões nacionais neste fim de semana, vê-se uma estabilidade muito maior, mas igualmente ridícula para os padrões europeus. Estevam Soares e Valdyr Espinosa estão há um mês e uma semana dirigindo São Caetano e Brasiliense, respectivamente. Levir Culpi, com o cargo a perigo após perder final do Mineiro para o Ipatinga, completa incríveis quatro meses no tão organizado Cruzeiro.
A tradicional "dança dos técnicos" que assola os campeonatos no país roubou a cena desta vez às vésperas da mais esperada disputa. O São Paulo, um dos favoritos, larga com um treinador interino.
Sem os principais técnicos do país, agora produtos de exportação também, apenas um campeão do Brasileiro como treinador é comandante na elite nesta temporada. Antônio Lopes, que venceu o Nacional em 1997 pelo Vasco, segue firme e forte no Coritiba.
O recordista de longevidade no cargo dentre os treinadores da primeira divisão assumiu o clube paranaense no dia 5 de janeiro do ano passado. Ele é a versão brasileira de Sir Alex Ferguson, técnico inglês que assumiu oficialmente o Manchester United no dia 7 de novembro de 1986.
Ivo Wortmann é outro treinador que faz uma história de mais de um ano em clube do país. No último dia 30, completou 12 meses de Juventude. Parece uma eternidade, mas ele tem cinco vezes menos tempo de casa que Toninho Cerezo no Kashima Antlers -no dia 20 de fevereiro, ele completou cinco anos consecutivos trabalhando no clube japonês.
Só dois treinadores resistiram em seus postos durante as 46 rodadas do Brasileiro passado. Desta vez, são 42 rodadas e dificilmente será alcançada a marca de 71 trocas de treinadores do ano passado. Além de o torneio ser menor, 16 clubes já trocaram sua comissão técnica no ano, alguns mais de uma vez -o Palmeiras, por exemplo, já teve Estevam Soares e Candinho na gestão do novo presidente, Afonso della Monica.
O argentino Daniel Passarella, que pode ser o primeiro treinador estrangeiro a ser campeão do Nacional, já festejou seus quase dois meses à frente do Corinthians.
"Já bati meu recorde do Parma, que foi ficar 42 dias empregado. Mas o comum, para mim, é ficar dois anos em um clube", disse.
Passarella, curiosamente, já é o técnico de time grande paulista há mais tempo no cargo. Há 51 dias como comandante da equipe de Kia Joorabchian e com um time embalado, já está anos-luz na frente dos maiores concorrentes.
Se as criticadas trocas constantes de treinadores ao menos motivam os times, como se diz, quase todos os clubes entram superanimados logo de cara no Brasileiro.


Colaboraram Eduardo Arruda e Toni Assis, da Reportagem Local

Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Saiba mais: Prancheta da elite fica sem status da seleção pela 1ª vez
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.