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FUTEBOL
Luz no fim do túnel
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Agora que tudo parece já ter
sido dito e redito a respeito
do caso Desábato/Grafite (apesar
da confusão que ainda cerca as
circunstâncias reais do incidente), é hora de olhar para a frente,
em vez de ficar remoendo velhos
ressentimentos.
Entre as dezenas de mensagens
que recebi sobre o assunto, quase
todas sensatas e pertinentes, uma
me tocou em particular, por seu
espírito aberto e positivo. Foi enviada pelo leitor Carlos "Alemão"
Moura, a quem não conheço pessoalmente. Transcrevo-a quase
na íntegra:
"Não é fácil reviver velhos tabus, cutucar antigas feridas. Passada quase uma semana, tudo isso ainda me incomoda. Talvez
porque Desábato não seja o melhor exemplo do argentino racista, pois é um garoto de origem
simples que corre atrás da bola
como quem está atrás de um prato de comida, como tantos outros.
Ou porque Grafite, como tantos
outros, seja um cara do bem e tudo o mais, mas não espelhe a
grandeza de um Reinaldo, aquele
do Galo, por exemplo.
Mas e daí? Os protagonistas podem não ser perfeitos, mas o fato
foi decisivo. (...) Daqui pra frente,
algo tem que mudar nessa história. Não podemos mais aceitar ser
chamados de "macaquitos" por
parte da imprensa argentina. (...)
Que o mercado argentino se
abra definitivamente para os negros -aliás, isso só fará bem ao
futebol dos "hermanos". Que o
brasileiro aprenda que há craques negros em todas as áreas,
não só no esporte.
Sugiro ainda que as pessoas de
bem, que vivem diretamente o futebol, aproveitem a oportunidade
para reforçar esse exemplo: que
tal um Argentina x Brasil com os
jogadores entrando lado a lado,
com uma faixa contra o racismo
no futebol, com uniformes criados
especialmente para a ocasião
(talvez uma manga azul e branca
na camisa canarinho e uma amarela na argentina)?"
Não consigo imaginar uma resposta mais fecunda à situação, ao
menos a curto prazo. O contrário
disso é o acirramento do racismo
e da xenofobia. Da barbárie, enfim.
O Brasileirão-2005 começa com
pelo menos um grande clássico:
Fluminense x São Paulo. O confronto entre tricolores vai opor o
campeão do Estadual do Rio e o
campeão paulista deste ano.
Será, além disso, o jogo em que
Rogério Ceni fará sua 597ª partida com a camisa do São Paulo,
igualando o recorde pertencente
a Waldir Peres, outro goleiro memorável. Tomara que o Maracanã esteja lotado e que as torcidas
só façam guerra de pó-de-arroz.
A estréia do Corinthians, contra
o Juventude, também tem um peso simbólico considerável. Se não
perder em Caxias, o alvinegro
completará 11 jogos sem derrota,
superando a série invicta conquistada pelo clube sob o comando de Parreira, em 2002.
Começar com o pé direito é tudo
o que querem os corintianos supersticiosos (ou seja, todos).
Consolo gremista
"Futebol arte, todo mundo sabe, é coisa de veado." Com essa
frase bombástica e politicamente incorretíssima o jornalista e escritor Eduardo Bueno,
o Peninha, começa o seu livro
"Grêmio - Nada Pode Ser
Maior", da coleção sobre grandes clubes publicada pela
Ediouro. Neste ano em que o
tricolor gaúcho paga seus pecados na Série B, o livro de Peninha, recheado de glórias e de
casos engraçados, serve de consolo aos torcedores gremistas.
Feiúra compulsória
Bonamigo assume o Palmeiras
avisando que o time "vai jogar
feio". Tudo bem que a prioridade sejam os resultados, mas parece até que a feiúra virou um
valor em si mesmo. Será que ele
vai punir o futebol bonito de
Pedrinho, Juninho e cia.?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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