São Paulo, sábado, 23 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Brasileiro, em sua 13ª temporada, diz que pretende ficar mais "4 ou 5 anos" antes de ir para a Stock Car

Pela 1ª vez, Barrichello fala em deixar F-1

Stefano Rellandini/Reuters
Rubens Barrichello, que falou ontem em se aposentar da F-1, arruma balaclava no intervalo dos treinos livres do GP de San Marino


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA

Juntem-se 199 GPs na F-1, a iminência dos 33 anos e a contratação de um piloto de sua geração para ser diretor de uma equipe. A ficha caiu. E ontem, em Imola, Rubens Barrichello falou pela primeira vez em aposentadoria.
Em sua 13º temporada, disse que espera ficar mais "quatro ou cinco". Depois, vai descansar por um ano antes de retornar às pistas, mas no Brasil, na Stock Car.
"Não penso em assumir um cargo como o dele", declarou, referindo-se a Gil de Ferran, que neste final de semana estréia como diretor esportivo da BAR.
"Uma coisa é você saber acertar o carro para seu jeito de guiar. Outra, é entender o que um piloto quer e tentar ajudá-lo. Desejo toda a sorte do mundo para o Gil, mas já disse a ele que a tarefa será difícil. Sinceramente, eu não sei se teria coragem de me meter numa situação dessa", completou.
Embora seja quatro anos mais novo, Barrichello sempre esteve um passo à frente de Gil nos tempos de categorias de base. O ferrarista foi campeão da F-3 inglesa em 91, correu na F-3000 no ano seguinte e chegou à F-1 em 93.
O recém-empossado dirigente venceu a F-3 em 92 e disputou a F-3000 em 93 e 94. Sem conseguir vaga na F-1, seguiu para os EUA em 95 para correr na Indy. No final de 2003, aos 36, parou.
"O corpo humano tem suas limitações. Ainda tenho vontade de correr, mas com o tempo você vai sentindo mais dores nas costas, dores de cabeça... Acho que tenho mais uns quatro ou cinco anos por aqui e depois vou passar um ano na Disneylândia com a família antes de correr na Stock Car. Esta é a idéia agora", disse.
Caso o plano dê certo, Barrichello provavelmente baterá um recorde da F-1: se tornará o piloto que mais disputou GPs na categoria. Desde 93, a marca pertence a Riccardo Patrese, que participou de 256 corridas em 17 anos.
Com mais três temporadas, o ferrarista superará o italiano. E com mais seis corridas, se tornará o brasileiro que mais correu na F-1, ultrapassando Nelson Piquet.
Schumacher, que corre amanhã sua 216ª prova, também poderia alcançar Patrese, mas deve parar ao fim de seu contrato, em dezembro de 2006. O heptacampeão tem 36 anos e correu 15 Mundiais.
Apesar de já planejar a vida pós-F-1, Barrichello declarou que ainda não atingiu sua melhor forma. "Ainda sinto que estou aprendendo com o passar do tempo. Ainda estou evoluindo a cada dia. Não cheguei ao auge."
O objetivo do brasileiro em seus últimos anos de categoria é claro: renovar o contrato, que também termina em 2006, assumir o posto de primeiro piloto da Ferrari e lutar, finalmente, por um título.
A sucessão na escuderia já é responsável por uma torrente de boatos na F-1. Rumores que, muitas vezes, são alimentados pela própria equipe. Nesta semana, por exemplo, Jean Todt disse que "um jovem finlandês que corre numa equipe inglesa" tem o perfil ideal para substituir Schumacher, referência clara a Kimi Raikkonen, hoje na McLaren.
Já o alemão citou Fernando Alonso e Felipe Massa como possíveis substitutos na escuderia.
Barrichello, porém, não se abala. E investe na possível permanência na F-1: após anos viajando em aviões de carreira, acabou de comprar um jato Legacy, com valor de mercado de R$ 20 milhões.


Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto: Luz no fim do túnel
Próximo Texto: Nos primeiros treinos, BAR supera F-2005
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.