São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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Jade, 13, pula o duplo twist e fala em pular mais alto

Jorge Araújo/Folha Imagem
Jade Fernandes Barbosa, 13, ginasta mais jovem do mundo a fazer um duplo twist carpado, participa de treinamento em Barretos


Adolescente carioca, que diz ter aprendido em apenas dois dias o movimento que consagrou Daiane e é considerada o maior talento da ginástica nacional, prepara salto com seu nome

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
ENVIADO ESPECIAL A BARRETOS

O duplo twist carpado chegou ao Brasil em 2003, mas não foi Daiane dos Santos quem o apresentou pela primeira vez no país. A façanha pertence a uma menina de 13 anos, que hoje atua em Barretos (SP) em busca de vaga no Pan-Americano juvenil e é a mais jovem no mundo a fazer o movimento batizado de "Dos Santos".
"Quando a Daiane ganhou o ouro no Mundial [em agosto de 2003], observamos os movimentos e passamos a treiná-lo", diz Jade Fernandes Barbosa, que exibiu o duplo twist carpado em novembro do ano passado, em Londrina, no Brasileiro juvenil.
Segundo a atleta do Flamengo, que cursa a sexta série do ensino fundamental, não foi tão difícil assimilar o movimento. "Foram dois dias. Foi quando parei de fazer só o básico e comecei a treinar elementos mais complexos."
Sem patrocínio e salário, Jade já é comparada à campeã mundial de solo e a Daniele Hypólito, de quem é fã. "Ela é forte pra burro, com uma musculatura que impressiona, parece de fisioculturista", diz Ana Paula Luck, coordenadora de ginástica no Flamengo.
"A melhor definição é que a Jade é especial, uma mistura da Daiane, pela força, com a Daniele, porque é competitiva nos quatro aparelhos", emenda a técnica da atleta, Viviane Cardoso.
O fato de Jade ser vista como "grande promessa" por dirigentes, técnicos e confederação brasileira tem respaldo no currículo da atleta, atual campeã brasileira e pan-americana no infantil e dona do título nacional no juvenil.
Às 15h, contra oito rivais, ela lançará mão do "Dos Santos" para tentar chegar ao Pan da modalidade, que será em El Salvador, em outubro. E diz que irá além.
Fazer o duplo twist esticado? "Não. Quero que seja um Super E [alto grau de dificuldade] e que no futuro tenha o meu nome, um movimento chamado Barbosa", diz Jade, que foi batizada com base em "Amor sem Fim", filme estrelado por Brooke Shields.
"Meus pais gostaram do filme e colaram um papel com o nome na parede. Se fosse menina, seria Jade. E nasceu menina", diz ela, que tem um irmão, Pedro, 7, e hoje vê seu seu pai, o arquiteto César, gastar mais de R$ 1.000 para dar-lhe o direito ao treinamento, à alimentação e ao estudo.
O desejo da atleta de ter seu nome eternizado no esporte é possível, diz sua técnica, que prepara um duplo mortal esticado com dupla pirueta. "Ninguém o exibiu, valerá Super E ela tem facilidade para assimilar movimentos", diz Viviane. "Ela é versátil e pode fazer o que quiser, desde que treine", confirma Georgette Vidor, ex-treinadora do Flamengo.
A atleta revela um ponto fraco: as barras paralelas. Quanto ao futuro, ressalta o extracampo. "Dizem que sou esperança para o Pan-07, mas tenho que estudar, pois farei faculdade. Sou cdf."


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