São Paulo, Quinta-feira, 23 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Presidente do clube e diretor ligado ao HMTF divergiram sobre tentativa de colocar Luizão na final
Manobra gerou atrito no Corinthians

FERNANDO MELLO
MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local

A manobra frustrada para tentar garantir a escalação do atacante Luizão na final de ontem, contra o Atlético- MG, gerou atrito entre a direção do Corinthians e o fundo norte-americano HMTF, que injetou R$ 50 milhões só em contratações para o time paulista.
O principal homem do HMTF no Corinthians, o diretor José Roberto Guimarães, era contrário à tentativa de conseguir uma liminar no Tribunal de Justiça Desportiva para assegurar a presença do artilheiro do time na final.
Alberto Dualib, presidente do Corinthians, manifestou a intenção de apelar ao ""tapetão" minutos após o jogo de domingo, quando Luizão agrediu Mancine para forçar a expulsão.
Se não tivesse levado o cartão vermelho, o atacante estaria automaticamente fora do jogo de ontem, porque havia acumulado cinco cartões amarelos.
E foi Dualib quem ganhou a queda-de-braço. Orientado por ele, os advogados do clube paulista entregaram o pedido de medida cautelar ontem à tarde.
Por analogia ao caso do vascaíno Edmundo, que em 97 conseguiu ser absolvido pelo TJD no intervalo das duas partidas entre o clube carioca e o Palmeiras, Dualib acreditava que Luizão teria condições de jogo.
"Vou fazer o que puder para colocar o Luizão em campo", afirmou Dualib no domingo.
Carlos Nujud, diretor do clube e homem de confiança do presidente, também manifestou durante a semana a intenção de ter o atacante "a qualquer custo" na final. "Vamos tentar tomar as medidas para que o Luizão tenha condições de jogo", afirmou, anteontem, no Parque São Jorge.
Guimarães, por seu lado, mostrou-se totalmente contrário à manobra. "O Corinthians é muito maior do que tudo isso. Temos time para vencer o Atlético sem o Luizão no Morumbi ou em qualquer lugar. Pessoalmente, eu era contra entrar no TJD", declarou o dirigente, após o anúncio do indeferimento do pedido por parte do presidente do tribunal, Sérgio Zveiter, às 20h.
"Existe uma portaria do MEC (Ministério da Educação e Cultura) que impede que eu aceite esse tipo de pedido em caso de jogador expulso. Por isso, indeferi o pedido. Não levo em conta a torcida, só a lei. Apenas agi de acordo com ela", declarou Zveiter em entrevista a uma emissora de rádio.
A decisão só comprova a tese de que o clube paulista não tem a mesma força política que outras equipes no TJD.
Ainda na primeira fase, Vasco e Corinthians sofreram punições semelhantes, mas que foram cumpridas de modo diferente. Enquanto o Vasco perdeu o mando de partidas e jogou no Rio, o clube paulista teve que se deslocar cerca de 450 km para jogar. O Corinthians cumpriu a punição no Maracanã, em confrontos com o Atlético-MG e com o Inter.
Logo após o anúncio de que Luizão estava fora, o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, tentou mostrar que o clube não precisava de apoio no tapetão.
"O Corinthians deu um exemplo ao futebol brasileiro", afirmou, também em entrevista a emissoras de rádio.
Com a impossibilidade de contar com Luizão, o técnico Oswaldo Oliveira surpreendeu ao escalar um time mais defensivo.
Oliveira reforçou a marcação no meio-campo ao colocar o volante Gilmar no lugar de Luizão, deixando o atacante Fernando no banco de reservas.


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