São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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TÊNIS

A popularização chegou

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Nunca se viu tanto patriotismo e tanta união. Hotel Pathernon de Florianópolis ou quadras da Universidade Federal de Santa Catarina, Gustavo Kuerten, Fernando Meligeni e Jaime Oncins, com o capitão Ricardo Acioly, exalavam confiança e satisfação.
A presença próxima de Nelson Nastás, presidente da CBT, não incomodava os atletas. Pelo contrário: foi com satisfação que o dirigente anunciou que os tenistas receberiam US$ 120 mil só pelo confronto contra os franceses naquela primeira rodada de Copa Davis em 2000.
A vitória antecipada fez a equipe começar as comemorações imediatamente, em uma piscina da universidade no sábado, com Larri Passos jogado na piscina. A festa só terminou na noite no domingo, com o reggae de uma banda formada pelos próprios jogadores e outros ex-tenistas -Kuerten era o "vocalista".
Com a turma unida, vieram os desabafos.
"Todo mundo critica meu saque; teve até um jornal que escreveu que o público morre de medo quando vou sacar, mas por que não elogiam minha devolução?", soltou Oncins, sem citar o jornal.
Acioly, por sua vez, sugeriu a torcida toda no domingo com a camiseta da seleção de futebol. Um ano antes, os franceses haviam derrotado os brasileiros lá e provocado com a camiseta da seleção de seu país, vitoriosa na decisão na Copa-1998.
"Tomara que seja sempre assim", soltou Kuerten naquele fim de semana. Bons tempos, aqueles. Nastás anunciava a criação de um circuito infanto-juvenil em parceria com uma empresa de saúde. Teria oito etapas pelo Nordeste, pelo Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste. Descobriria talentos. E ninguém dizia que não.
O dirigente falava também da formação de uma equipe médica para orientar tenistas, principalmente mais jovens. E ninguém reclamava, ninguém duvidava, ninguém ousava se opor a figura tão simpática.
Naquele tempo, tudo corria às mil maravilhas. Tanto que, antes da Copa Davis do ano seguinte, Nastás recebia na sede da CBT, na movimentada avenida Paulista, em São Paulo, a visita cordial do já presidente da Federação Catarinense de Tênis, Jorge Lacerda Rosa.
Ao que consta, foi um papo muito tranqüilo, amigável, com quatro testemunhas, em que ficou quase definido que o confronto seguinte, entre Brasil e Austrália, seria na capital catarinense.
Sorriso para todos os lados. "A reunião serviu para a apresentação do projeto para o confronto contra a Austrália. Por ser um local novo, na avenida Beira-Mar Norte, a CBT vai vistoriar o local", disse Nastás, pouco antes de se despedir de Rosa com um aperto de mão e dias antes de anunciar Florianópolis como sede.
Agora, muitos perguntam por que um dirigente não gosta do outro, por que este tenista ataca aquele, como um ex-tenista joga contra outro, por que este critica aquele, um bate no outro, por que tanta briga, tanta baixaria.
Deve ser porque só desse jeito conseguiram popularizar o tênis.

Dúvida cruel
Por que os candidatos à CBT não se apresentam e mostram propostas, em vez de ficar no escuro, falando mal um do outro ao telefone?

Pra inglês ver
Na sexta, Tim Henman e Andy Roddick fizeram um ótimo jogo. No sábado, Roger Federer e Andre Agassi fizeram uma partida memorável. Nessa bagunça, alguém viu?

Eles vêem aí
A russa Alisa Kleybanova, 14, foi campeã da categoria 18 anos do Banana Bowl. O brasileiro André Stábile ganhou a 14 anos. A Argentina levou o feminino, com Carla Beltrami, a 16 anos, com Emiliano Massa e Florencia Agustina, e a 18 masculino, com Eduardo Schwank.

E-mail randaku@uol.com.br


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