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BASQUETE
Jovem guarda
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O Mundial juvenil disparou
alertas ao descarrilado basquete feminino brasileiro.
A sétima colocação obtida pela
seleção em si não assusta.
É verdade que ela teve condições ímpares de preparação. Reunida durante quase um semestre,
adquiriu ritmo de jogo em pleno
Nacional adulto -em uma decisão arrojada, foi inscrita como representante do Maranhão.
Ainda assim, a distância do pódio deve ser encarada com naturalidade, dada a estrutura precária em que o esporte de base opera
há quase uma década no país.
Seria injusto cobrar do grupo e
do técnico Paulo Bassul mais do
que quatro vitórias e três derrotas. Vale lembrar que a seleção
olímpica levou uma medalha, em
Sydney, com uma campanha pior
(4v e 4d) -e foi aquela festa.
Feitas essas devidas ressalvas,
não se pode ignorar que:
1) das quatro vitórias, uma veio
contra um time de araque e duas
foram apertadíssimas -Mali (98
x 34), China (60 x 57) e Lituânia
(79 x 74), todas elas na fase de
classificação. O Brasil só convenceu na sua despedida, de novo
contra as lituanas, na partida que
definiu a sétima posição (78 x 54);
2) os tropeços diante de Rússia,
prata, e EUA, bronze no Mundial,
foram normais. Mas a derrota de
virada para Cuba (62 x 64), um
adversário sucateado neste ano,
teve sabor de vexame;
3) as perspectivas não são boas
para a próxima edição. Ex-potência do esporte, a China já anunciou que vai reinvestir no basquete feminino, um dos primeiros
efeitos da escolha de Pequim como sede da Olimpíada de 2008. E
a Lituânia contará com uma geração de adolescentes do pós-crise
econômica. A tendência é que o
Brasil, quarto lugar no Mundial
de 97, caia ainda mais;
4) a seleção perdeu uma de suas
principais características, a qualidade do arremesso. Nos tiros de
três pontos -diferencial na era
moderna, e ultradefensivista, do
basquete-, o desempenho das
meninas foi pífio: 29,9%. A República Tcheca levou o ouro com
aproveitamento de 45,6%.
De todo modo, uma ótima, e
inesperada, notícia pode compensar esse panorama pessimista.
A pivô Erika, 19, destoou, jogou
um Mundial maravilhoso. Foi a
principal reboteira (10,8 por partida), a segunda melhor em tocos
(2,3), a oitava cestinha (16,1) e a
décima melhor pontaria nos chutes de dois pontos (53,3%).
A juvenil brasileira só não foi
eleita para a seleção do campeonato por causa da surpreendente
campanha das tchecas.
As anfitriãs superaram as favoritas norte-americanas, na semifinal. E, contra as russas, na final,
fizeram um jogo espetacular de
reação -tiraram uma desvantagem de seis pontos no último minuto antes de anotar, a dois segundos do fim, a cesta que garantiu a vitória (82 x 80) e o título.
Boquiabertos, os organizadores
acharam conveniente incluir
uma segunda tcheca no quinteto
premiado. Erika foi a preterida.
O curioso é que ela foi a última
a se integrar à seleção de Bassul,
já que o Vasco não a liberou para
a experiência maranhense.
No Nacional, a pivô cuidou da
retaguarda das titulares Kelly e
Kátia. Mas os traços de talento ficaram claros assim mesmo. Sua
produção por minuto só foi inferior, no time carioca, à de Janeth.
Revelada no belo projeto da
Mangueira, Erika, 1,95 m, agora
carrega um morro bem maior nos
ombros. Força para ela.
Renovação 1
No final das contas, a seleção masculina viajou mesmo oxigenada
ao Chile, com seis estreantes em competições internacionais e 23,8
anos de idade média. Mas, passadas três rodadas do Sul-Americano, constata-se que o veterano "bandejeiro" Vanderlei, 29, é a referência ofensiva da equipe. Que dureza.
Renovação 2
Marcelinho, melhor jogador do Brasil há dois anos, ainda não é titular absoluto da seleção de Hélio Rubens. O ala-armador, aliás,
trocou o Botafogo pelo Fluminense.
Renovação 3
Talvez tenha me precipitado na coluna retrasada, quando reportei
que o Paulista-01 feminino teria pelo menos nove equipes. O Araçatuba, celeiro das irmãs Luz (Helen, Silvinha e Cíntia), põe em dúvida sua participação. Ainda não tem patrocínio nem jogadoras.
E-mail melk@uol.com.br
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