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Daiane arrisca seu melhor salto e sai do tablado certa da derrota
Campeã mundial e favorita ao ouro, maior ginasta da história do país diz que série da primeira fase lhe daria medalha e que ansiedade causou erro crucial
DOS ENVIADOS A ATENAS
Três passinhos a mais, uma saída do tablado. O sonho do ouro
acabou no início da série de Daiane, e ela não teve dúvida sobre isso. "Sabia que eu não ia ganhar de
jeito nenhum. Ginasta tem noção.
Vi que a série não foi boa."
Daiane errou após dar o salto
duplo twist esticado, que ela introduziu na ginástica. É o salto
mais complexo de seu repertório.
Não o havia utilizado na eliminatória sob o argumento de que carregava risco desnecessário.
Mas, pelo ouro, resolveu tentá-lo na final. "Minha outra série,
com que ganhei o Mundial, era
muito mais simples e segura do
que essa. Podia ter ganho [a Olimpíada com ela]", disse. A apresentação de ontem foi escolha dela e
de Ostapenko, e Daiane diz que
não há arrependimento.
O erro e a saída do tablado foram no começo. "Perdi 0,30", disse ela. "Estava tão ansiosa para fazer que acabei passando."
A apresentação de Daiane durou um minuto e 27 segundos. A
espera pela nota, um minuto e 33
segundos. Quando a decisão dos
jurados veio a público, ficou nítida a derrota: 9,375 (o 0,30 a mais
do erro a teria levado à prata). A
torcida, que vaiaria as notas de
duas ginastas que se apresentaram depois, não vaiou a nota de
Daiane. Boa parte da torcida era
brasileira. "Acho que a nota foi
justa", afirmou a ginasta.
Quando desceu do tablado, ouviu de Ostapenko: "Boa menina,
muito bom. Só que você precisa
treinar mais agora". Depois,
Daiane sentou-se para acompanhar o restante da prova. Ostapenko ficou à esquerda e seguiu
conversando com ela e gesticulando. À direita, o médico que a
operou, Mario Namba, de quem
ganhou um abraço no final.
Daiane entrou no tablado às
21h59 (15h59 de Brasília). Séria,
olhava para baixo enquanto as ginastas eram apresentadas ao público. Na arquibancada, o velejador Robert Scheidt, que ganhara
um ouro na véspera. Vicélia Florenzano, presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, vestia roupa branca, como Daiane.
A brasileira foi a primeira a se
apresentar. "A ordem não influenciou não [no resultado]."
Depois dela subiram ao tablado
a espanhola Patricia Moreno, que
a superou ao tirar 9,487. A seguir
foi a vez da chinesa Fei Cheng,
que fez 9,412. Depois, a romena
Catalina Ponor marcou 9,750 e
acabou com a chance de pódio da
brasileira, que a definiu da seguinte forma: "Ela é uma menina
exata, não erra". Ponor é bolsista
do programa Solidariedade Olímpica, assim como Daiane.
A brasileira não viu as apresentações que vieram logo a seguir da
sua por estar irritada. Ao final, nas
entrevistas, foi interrompida por
Vicélia e pelo presidente do COB,
Carlos Arthur Nuzman, que a
abraçaram. "Muito bem", afirmou Vicélia. "Obrigado, tá? Queremos te agradecer", disse Nuzman.
(ROBERTO DIAS, EDGARD ALVES E GUILHERME ROSEGUINI)
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