São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2000

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ATLETISMO
Sem quebrar recordes, a atleta norte-americana parte agora para o desafio dos (mais) quatro ouros; seu compatriota, Maurice Greene, fatura no masculino em sua estréia olímpica
Marion Jones vence os 100 m e ganha o primeiro dos cinco ouros prometidos

FÁBIO SEIXAS

ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY


Ela ganhou seu primeiro ouro.
Marion Jones, 24, venceu ontem a final dos 100 m rasos no estádio Olímpico e conquistou a primeira das cinco medalhas que veio buscar nos Jogos de Sydney.
Sem piscar os olhos durante os 10s75 que levou para completar a prova, a norte-americana cruzou a linha de chegada com 0s37 de vantagem sobre a segunda colocada, a grega Ekaterini Thanou, uma azarão. Tanya Lawrence, da Jamaica, completou o pódio.
"Sou jovem, mas sonhei 19 anos com isso. Foi uma experiência incrível. Tudo o que sonhei e um pouco mais", afirmou Marion.
O que seria a realização para qualquer atleta, porém, é apenas um quinto do que a norte-americana quer fazer nos Jogos. Nos próximos dias, Marion quer ganhar mais quatro ouros e deixar Sydney como a atleta mais premiada da história da Olimpíada.
"Não vejo essa primeira medalha como algo que vai tirar a pressão que existe sobre mim. Não vejo como um alívio. Mas é bom saber que já consegui a primeira. Tem mais quatro, espero", disse.
Candidata a maior estrela da Olimpíada, Marion entrou na pista do estádio Olímpico sorrindo. Na apresentação, mandou um beijo para as arquibancadas e, então, mudou a fisionomia.
Pouco antes de alinhar, repetiu para si mesma, quatro vezes: "Vamos!" No estádio, lotado por 104.228 torcedores, silêncio.
De repente, um sonoro "Oh!". Debbie Fergunson, das Bahamas, na raia oito, queimou a largada.
Novo alinhamento. Ouve-se apenas o ruído de um helicóptero sobrevoando o estádio. "Oh!". Agora, é Thanou, na raia dois, que larga antes do tempo.
Terceira tentativa de largada. E tudo corre como todos esperavam. Marion, na raia um, se destaca logo nos primeiros metros e vence a prova mais nobre do atletismo com relativa facilidade.
Sua primeira reação foi saltar e dar um soco no ar. Depois, chorou. Caminhou até as arquibancadas, cumprimentou a mãe e os irmãos e deu uma volta no estádio levando consigo duas bandeiras: a dos EUA e a de Belize.
"Minha mãe é de Belize, meus irmãos também nasceram lá. Eu sou norte-americana, mas acho que posso dizer que sou meio de Belize também. Tinha que agradecer", explicou, após a vitória.
Os próximos desafios de Marion serão os 200 m rasos e o salto em distância. As eliminatórias para as duas provas começam na noite de terça (horário do Brasil).
Nos planos de Marion, estão ainda os ouros nos dois revezamentos, 4 x 100 m e 4 x 400 m.
Confiante, mandou um recado à imprensa dos EUA, cética em relação às suas chances no revezamento depois que as outras atletas falharam nas provas individuais -Marion era a única atleta de seu país entre as oito finalistas.
"Não tem problema. Se precisarem de mim, serei a mais rápida. Estou preparada." Na contagem de Marion, faltam quatro ouros.



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