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Greene conquista o ouro e a glória que faltavam
DO ENVIADO A SYDNEY
Maurice Greene conseguiu ontem a medalha que lhe faltava.
Bicampeão e recordista mundial, o norte-americano venceu a
final dos 100 m rasos no estádio
Olímpico de Sydney e levou ouro
logo na primeira participação sua
em uma Olimpíada.
Excluído de Atlanta-1996 por
causa de uma lesão, quando assistiu das arquibancadas, chorando,
à vitória do canadense Donovan
Bailey, Greene cravou ontem o
tempo de 9s87.
No percurso, piscou os olhos
três vezes. E fechou-os de vez,
após cruzar a linha de chegada,
para não chorar. "Estava tentando não chorar. Em 96, chorei de
tristeza. Desta vez era uma sensação diferente, de alegria."
Em segundo, a apenas 0s12, chegou Ato Boldon, de Trinidad e
Tobago, seguido por Obadele
Thompson, atleta de Barbados.
Apontado como favorito absoluto à vitória, Greene aproveitou
para elogiar seus adversários.
"Todo mundo achava que era só
eu chegar à Austrália e vir receber
a medalha. Não foi assim. Foi
muito duro. Estive muito nervoso
durante a semana", afirmou.
A apreensão era perceptível no
rosto de Greene enquanto ele alinhava para a largada, composta
só por atletas negros, mantendo
uma escrita que vem desde Los
Angeles-1984. Andando para
frente e para trás, num vaivém, o
recordista mundial olhava para
cima e passava a língua nos lábios.
"É estranho. Faço isso quando fico nervoso", explicou mais tarde.
A tensão aumentou ainda mais
quando Aziz Zakari, de Gana,
queimou a primeira tentativa de
largada. Todos se alinharam novamente, aguardaram novo sinal
de partida e dispararam.
Diferentemente do que fez Marion Jones na prova feminina, minutos antes, Greene demorou a se
destacar. Manteve-se no bolo nos
primeiros metros, só atingindo a
liderança no final da prova.
Ao cruzar a linha, abraçou Boldon, seu amigo e companheiro de
treino em um clube de Los Angeles. Thompson se juntou à dupla e
os três ajoelharam na pista.
"Basicamente foi uma reza.
Aproveitei para agradecer a
Deus", disse o norte-americano.
Greene então tirou as sapatilhas
e as jogou para o público. Enrolado à bandeira do seu país, seguiu
o protocolo dos grandes vencedores: percorreu a volta olímpica.
Excluído dos 200 m por ter sentido uma lesão nas eliminatórias
norte-americanas, ele negou que
isso o tenha deixado mais concentrado para a prova de ontem.
"Acho que uma coisa não interferiu na outra. Sempre procuro
me concentrar em uma prova por
vez", declarou. "Mesmo se eu estivesse nos 200 m, hoje (ontem) estaria concentrado apenas nos 100
m. Nada me afetaria."
Bem-humorado, respondeu
com sinceridade à pergunta que
lhe foi feita sobre o desafio de Marion (cinco ouros). "Desejo toda a
sorte pra ela. Até porque nunca
tentaria nada parecido", afirmou.
Dos quatro atletas que chegaram a Sydney para fazer história
-Marion, Michael Johnson e
Cathy Freeman completam a lista-, Greene é o primeiro a ir para
casa satisfeito.
(FSx)
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