|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Time de Ilha do Governador sofre com torcida e rival
DA SUCURSAL DO RIO
Uma das frases mais famosas
do racismo no futebol é do ex-atacante Robson, que jogou no
Fluminense nos anos 50: "Eu já
fui preto e sei o que é isso".
Os atletas da Portuguesa, um
dos destaques da segunda divisão do Estadual do Rio, também sabem o significado da cor da pele no futebol. Para eles, o
racismo faz parte do cotidiano.
"Convivo com o racismo em
todos os jogos. Quando a bola
rola, os rivais só me chamam
de crioulo safado ou macaco.
Eles tentam me descontrolar. É
muito chato, mas aprendi a
conviver com isso. Tento não
ligar", diz o volante Otaviano
Castro, 20, que é reserva.
Castro recebe R$ 240 mensais
e vive em São Gonçalo, cidade
na região metropolitana do
Rio. Ele mora com a mãe, que
ganha mais: R$ 250 em uma fábrica. "Conto com a ajuda de
um amigo do bairro. Se tivesse
que contar com o dinheiro da
família, eu já teria desistido."
O elenco da Portuguesa, da
Ilha do Governador (zona norte do Rio), é formado na maioria por negros e pardos. Eles
ganham, em média, pouco
mais de um salário mínimo nacional -R$ 200. Dos 11 titulares, apenas dois são brancos. O
treinador também é branco.
O volante João Carlos, 22,
acha que o racismo é maior entre a torcida: "Se erro, não perdoa. Ela começa a gritar para o
técnico tirar o macaco".
O atacante Nilton Santos diz
ser exceção. "Sou poupado. O
goleiro negro sofre mais. Se toma gol, dizem que é por causa
da cor da pele. Já ouvi gente dizer que goleiro negro tem osso
pesado e não consegue alcançar a bola", diz o atleta, que é
artilheiro da segunda divisão,
com 12 gols.
(FE E SR)
Texto Anterior: Futebol: Bola discrimina negros, afirma estudo Próximo Texto: México define treinador, e destino de Scolari continua sem definição Índice
|